CATHERINE
Les Nouvelles
"Crise entre as famílias mais influentes da França ou um recomeço?
Fontes afirmam que Catherine Beaufay finalizou sua mudança para Nova Iorque durante o final de semana e se prepara para assumir a liderança do atelier norte-americano da Beaufay nesta segunda-feira, mas o que antes parecia ser nada além de um novo caminho profissional a ser seguido pela herdeira de uma fortuna bilionária, tem dividido opiniões dos cidadãos franceses, que questionam o motivo disso tudo.
Um casamento em ruínas? Separação? Marido e esposa tentando salvar uma relação desgastada com a distância? Durante a campanha de Antoine Gauthier para a presidência, não seria lógico que sua primeira dama estivesse sempre presente?
Uma coisa é certa: Antoine não parece ser grande coisa sem a tão amada Catherine. Dizem por aí que é dela que o povo francês gosta."
A notícia me fez rir, mas torci para que a segurança do jornal fosse boa o suficiente para proteger o anonimato do redator, porque Antoine com certeza não terá tanto humor. Felizmente, suas dores de cabeça não são problema meu.
Cada um lida com o que pode.
Guardei o celular na bolsa, chequei mais uma vez a maquiagem no espelho do carro e abri a porta disposta a encarar esse novo desafio de cabeça erguida. Já estava há pelo menos vinte minutos parada no estacionamento do atelier da Beaufay porque havia chegado mais cedo do que deveria, o que é um feito a ser aplaudido considerando o trânsito caótico de Nova Iorque. Mas, para ser justa, meu apartamento no Upper East Side não fica muito longe daqui. Lembro que quando o comprei, escolhi a localização estrategicamente por causa disso, embora ainda não estivesse muito familiarizada com a região. Só preciso de mais um tempo para me acostumar com as distâncias e calcular melhor os horários.
Respirei fundo, apertei o botão do elevador e torci para que, seja lá o que estiver reservado para mim nesta cidade, por favor, não seja algo que eu não consiga lidar. Não tenho medo de comandar, ainda mais conhecendo os profissionais competentes que já temos na equipe, mas tudo em um novo lugar é mais difícil e assustador. Não sou ingênua para achar que não. E não importa quantas vezes eu tenha visitado Nova Iorque antes de vir para morar, porque essa é, sem sombra de dúvidas, uma experiência totalmente nova se comparada a tudo que eu já estava acostumada. Mas então, quando as portas se abriram, eu me senti estranhamente pertencente ali, como se estivesse em casa.
— Bom dia, Sra. Beaufay. Há quanto tempo — Rose, a recepcionista, me cumprimentou.
— Bom dia, Rose. Acho que tem pelo menos três meses que não venho aqui, não é? Mas agora você vai ser obrigada a me ver todos os dias, eu lamento — ela riu.
— Vai ser uma tarefa fácil, não se preocupe.
Dessa vez, aproveitei o enorme espelho da recepção para também checar minha roupa. Usava saltos pretos nos pés, uma calça de alfaiataria cinza e uma camisa social branca por baixo de um colete de lã preto. Por cima de tudo, vestia um casaco Mabel Check AllSaints preto e branco que ia até um pouco abaixo do meu joelho, e que com certeza tirarei em alguns minutos por causa do calor.
O clima de Nova Iorque em maio é ameno, uma das melhores épocas do ano na cidade. Não é nem muito quente, nem muito frio. Não exige casacos muito pesados, mas também não dá pra andar sem mangas por aí. É o ideal para mim.
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Rêverie | ⚢
Roman d'amourSophie Hayes tem três objetivos: construir seu império no mundo da moda, descobrir a identidade da mulher que há anos visita seus sonhos e ficar longe de romances. O último era o único que parecia alcançável e sob controle no momento, ou pelo menos...