18 - Comunicação

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CATHERINE

Eu geralmente não me estresso ou perco a paciência com muita facilidade e isso até poderia ser algo admirável se não fosse preocupante, porque tudo que eu não externalizo acaba se acumulando dentro de mim e crescendo de tal forma que uma hora ou outra eu serei obrigada a encarar. Por fora pareço sempre tranquila, fingindo ter tudo sob controle, mas muitas vezes a realidade é o oposto do que mostro. Até hoje me pergunto se minha habilidade de mascarar sentimentos é algo bom ou ruim, mas em todo caso, acho que estou no meu direito de estar uma pilha de nervos agora.

Duas semanas passaram em um piscar de olhos desde quando escolhemos os tecidos e iniciamos as confecções. Apesar de ser um processo exaustivo, é também o mais divertido para mim, e tem sido um pouco mais tranquilo do que de costume porque Sophie está tentando a todo custo me impedir de surtar. Ela monitora minha alimentação e minhas horas de descanso e nunca me deixa faltar o essencial. Em compensação, toda a situação com Antoine tem piorado consideravelmente nos últimos dias. Ele me perturba tanto que por um momento cheguei a pensar que havia descoberto algo que não deveria, mas foi apenas um alarme falso.

Aparentemente, só me resta aceitar que minha sanidade foi posta em uma balança até que tudo acabe, porque a minha vida é sempre como os dois lados de uma moeda. Oito ou oitenta. Nem muita paz, nem muito caos. Talvez seja por isso que eu prefiro o meio termo. Estou cansada de tantos altos e baixos.

De qualquer forma, nada importará por alguns dias. Minha mãe está aqui comigo, em carne e osso, e automaticamente não há mais problemas.

— Querida, você realmente fez um ótimo trabalho nessa equipe. Essas crianças sempre foram competentes, mas desde quando as assumiu e acrescentou novos integrantes, parece que a dinâmica melhorou ainda mais — ela falou em um tom de voz baixo, desfilando entre as várias máquinas de costura.

Cece nos acompanhava em silêncio, parecendo encantada com tudo que via como se fosse a primeira vez que presenciava a nossa produção.

— Acrescentei alguns, tirei outros... Fiz o que achei melhor — a mulher assentiu. Eu já havia lhe deixado ciente do que aconteceu com Raven e Joan, e claro que recebi sua permissão para fazer a coisa certa.

— Eu quero aquele ali — minha amiga apontou para uma máquina onde uma de nossas funcionárias costurava um colete sem mangas nas cores bege e rosa. — Depois do desfile, já deixem um reservado para mim.

— Eu achei ele a sua cara. Vou te dar de presente.

— Você não imagina como é bom te ter como amiga, Beaugay — minha mãe riu.

— Já percebeu que quando você chama ela de Beaugay, está chamando a mim também? Eu só me relacionei com uma única mulher em toda a minha vida e foi anos antes de casar.

— E o que está tentando provar com isso? O apelido te serve também, queria você ou não — Cece falou sério, como se fosse uma grande questão. — Aliás, onde estão o resto das peças? Ainda não vi nem metade das que vocês me mostraram em croqui. Não deveriam estar quase todas prontas?

— Grande parte está sendo produzida no atelier de Paris, onde realmente vai acontecer o desfile. Queremos viajar com o mínimo de peças possíveis — expliquei.

— Que chato. Por que eles têm mais privilégios? Eu queria ver todos os looks e votar nos meus favoritos antes de todo mundo.

— Você vai ver quando puder, tenha paciência. Até o desfile, essas roupas devem permanecer tão secretas quanto a fórmula da Coca-Cola.

— Eu sou da família, tia, e sempre dou apoio moral à Catherine. Também a incentivei a buscar inspiração em corpos femininos. Ou melhor, em um corpo feminino específico. Acho que podemos concordar que parte dessa coleção existe por minha causa.

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⏰ Última atualização: 6 days ago ⏰

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