13 - A cidade do amor

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SOPHIE

Meu rosto estava apoiado no travesseiro de viagem e virado para uma das janelas do jatinho particular de Catherine que nos levava ao nosso destino. A primeira visão que tive ao abrir meus olhos sonolentos naquela manhã foi a Torre Eiffel, grandiosa e imponente mesmo de longe, esbanjando toda a elegância de Paris. Lily, que preferiu a outra poltrona para evitar olhar as nuvens durante todo o trajeto, parecia cansada. À nossa frente, virados para nós e separados apenas por uma mesa, estavam Lucas e Camila, ambos empolgados observando a paisagem. Acho que nunca os vi tão animados.

Os demais estilistas do atelier de Nova Iorque ocupavam o resto dos lugares daquela aeronave de luxo extremamente confortável, enquanto Catherine, a responsável por toda a nossa comodidade e segurança, estava sentada ao lado de Danielle, conversando em um tom de voz baixo e carregando um sorriso largo no rosto. Nunca prestei muita atenção na relação das duas, mas parece algo além do profissional, como boas amigas que trabalham juntas. Isso me fez sorrir também. A ideia de Catherine ser bem cuidada por pessoas ao seu redor tranquiliza meu coração de uma forma estranhamente prazerosa. Mas eu sorri mais ainda porque, naquele momento, minha ficha finalmente caiu.

Eu estou na França!

É difícil acreditar que minha primeira viagem internacional é ainda mais significativa do que eu sempre sonhei. Não é apenas uma viagem fruto do meu esforço. Eu vim como convidada para um evento de comemoração de uma das marcas mais famosas, luxuosas e importantes do mundo, e vim como uma de suas estilistas. Honestamente, não parece nem um pouco real. Depois de mais de um mês com um contrato assinado com a Beaufay, eu ainda me surpreendo com cada mínimo detalhe, e acho que nunca vou conseguir de fato me acostumar com minha nova realidade. Tudo que vem acontecendo comigo, minha vida mudando tanto em tão pouco tempo - e para melhor -, é como um devaneio ou um sonho muito lúcido. Eu não queria acordar.

Sei que foi exatamente para isso que estudei, que tenho talento, por mais que às vezes ainda duvide, e que sempre tive objetivos grandiosos, mas não imaginei chegar tão longe em tão pouco tempo. E não estou falando apenas sobre minha vida profissional. Quando, em toda a minha existência, eu poderia prever que um dia conheceria Catherine Beaufay? Que descobriria que ela é literalmente a mulher dos meus sonhos e que a deixaria invadir tanto meus pensamentos? É estranho pensar sobre, mas é um estranho agradável, e tão diferente do usual que a realidade nem parece mais a minha. É como se a antiga Sophie estivesse vivendo no corpo de uma nova Sophie que havia evoluído vários anos em apenas um mês. Acho que preciso de mais tempo para me familiarizar com tudo isso.

O olhar de Catherine alcançou o meu e um de seus olhos piscaram discretamente para mim, me deixando tímida como sempre. Isso é algo que eu também já deveria ter me acostumado, mas que provavelmente não conseguiria. Ela tem um jeito único de mexer comigo como ninguém nunca mexeu. E talvez Paris seja realmente uma cidade especial, a "cidade do amor", porque, por um segundo, eu cogitei beijá-la ali mesmo, na frente de todo mundo, mas vou colocar a culpa no ar diferente e na atmosfera excitante. É doloroso, quase desesperador, mas eu preciso continuar me mantendo forte e escondendo toda e qualquer vontade dentro de mim. Posso me contentar apenas em sorrir ao vê-la sorrir. É mais seguro e responsável. Por outro lado, não posso negar que refletir sobre minhas decisões é algo muito engraçado.

Quando me despedi do meu pai e de Holly antes de entrar no carro do motorista particular de Catherine para ir até o hangar onde estava seu jatinho, eles me deram uma única recomendação: "se achar o amor verdadeiro em Paris, traga-o para casa com você", e eu fazia tudo ao contrário, embora achasse que havia perdido totalmente a capacidade de reconhecê-lo caso de fato o encontrasse.

Eu espero que a França, no mínimo, me ensine novamente o que um dia eu desaprendi.

- Meu Deus, nós estamos mesmo em Paris! Mal posso esperar para brilhar mais do que a Torre Eiffel. Franceses, preparem-se para conhecer o maravilhoso e único Lucas Garcia! - o garoto dava pulinhos sentado na poltrona enquanto observava o jatinho diminuir a altitude.

Rêverie | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora