11 - Quando você sabe, você sabe

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SOPHIE

Não há um único dia que eu não acorde pensando: que merda estou fazendo da minha vida?, e nessa manhã de segunda-feira não foi diferente.

Acordei mais cedo do que o habitual, bem mais do que gostaria, logo no momento em que estava tendo um sonho um tanto selvagem com a mulher que me visita neles há anos. Em outras palavras, eu estava sonhando com Catherine. E estava gostando pra caralho. Foi a segunda noite seguida e a primeira vez que isso acontece com essa frequência. Antes costumava existir um intervalo de meses entre um e outro e eu tinha algum tempo para me recuperar até que a visse de novo. Agora, a parte do cérebro responsável por isso, seja qual for, parecia fazer propositalmente para me atormentar.

Também é a primeira vez que tenho sonhos tão intensos com ela, e com intensos quero dizer eróticos. De sábado para domingo, na madrugada da festa de aniversário de Cece, tive um sonho normal. Mas hoje, na madrugada do domingo para a segunda, eu consegui me superar. E que baita superação, porque meu corpo suou da cabeça aos pés. Mesmo assim, eu não me sentia cansada. A menor quantidade de horas dormidas não parecia ser um problema durante o dia e que bom por isso. A semana deveria seguir normalmente com ou sem a minha disposição. Apesar do diferencial de ter beijado minha chefe e sonhado com ela me fodendo a noite toda, eu ainda precisava trabalhar normalmente.

Felizmente concordamos que não há necessidade de fingir que nada aconteceu porque realmente não iríamos conseguir. Foi apenas um beijo, mas não significa que não existam consequências. Acho, inclusive, que já estou começando a ser castigada por elas. Nós só precisamos ser fortes. Juro que estou tentando. Cruzar as pernas toda vez que as memórias do sonho voltam a me desconcentrar deve ser uma ótima tentativa, mas confesso que está sendo difícil. Eu ainda sentia perfeitamente as mãos de Catherine me tocando, aqueles dedos grandes apertando minha pele e gosto de seus lábios na ponta da minha lingua.

Droga.

Precisava ter sido tão real?

— Sophie, estou falando com você — Lily estalou os dedos em frente aos meus olhos.

— O que foi?

— Enquanto você fica aí toda distraída, aquelas duas aproveitam para falar bobagens de novo. Não está ouvindo?

— Não e também não dou a mínima pra elas.

— É sobre a festa da Cece — Camila sussurrou. — Está todo mundo comentando sobre isso. Dizem que foi uma festona e, bom... Você estava lá.

— Deixa eu adivinhar. A Thing 1 e a Thing 2 estavam insinuando que eu dormi com alguém para conseguir um convite? — eles não responderam — Então que bom que eu não ouvi.

— Por falar nisso, quando ficou tão próxima da Cece? — Lucas quis saber.

— Não fiquei. Um dia estava caminhando com uma amiga pelo Central Park e encontramos ela e a Catherine se exercitando. Cece gostou da Holly e acabou nos convidando para seu aniversário. Eu só entrei no pacote — dei de ombros.

Tudo bem, é mentira, mas não totalmente, e ainda é por uma boa causa.

Eu, de fato, tentei me afastar da Catherine para evitar especulações sem fundamento porque a última coisa que alguém que está tentando crescer profissionalmente precisa é de inimigos, mas ultimamente venho percebendo que não adianta e nem vale o esforço. Ainda assim, prefiro não dar munição para que piore, e falar que me aproximei da melhor amiga da minha chefe é como atirar no próprio pé. Sei que foi um passo gigantesco para conhecer sua vida pessoal e sei também que nenhum outro funcionário tem tanto acesso assim a ela, e é melhor evitar a verdade do que lidar com as consequências, pelo menos por enquanto. A realidade é que, não importa o que eu faça ou deixe de fazer, esses inimigos sempre existirão.

Rêverie | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora