CATHERINE
— Experimenta — levei o garfo com um pouco de boeuf bourguignon até a boca de Sophie, que estava sentada na banqueta alta atrás do balcão onde eu preparava a comida.
A garota arregalou os olhos enquanto mastigava, surpresa com o sabor. Bastou um sorriso para que eu soubesse que havia conseguido impressioná-la.
— Nossa... É muito bom! Eu já estava ciente de que você cozinha bem, mas dessa vez se superou.
— Eu cresci rodeada dos cozinheiros que trabalhavam na minha casa, mas sempre tive interesse pela culinária, então, ainda criança, pedia para que me ensinassem a preparar um prato e outro. O resultado é esse que você vê hoje.
— Algum dia eu ainda vou descobrir algo que você não saiba fazer — eu ri, tirando o avental que usava.
Escolhi preparar boeuf bourguignon, um bife a bolonhesa típico da França que consiste em carne de vaca guisada em vinho tinto acompanhada de alguns vegetais, porque queria que Sophie se familiarizasse ainda mais com as especialidades do meu país. Também fiz ratatouille porque sabia que ela havia gostado e queria agradá-la, e completei com uma salada de rúcula com tomate seco para dar um toque especial à refeição. E, claro, não poderia faltar o vinho que eu prometi abrir para a ocasião.
Nós comemos juntas em meio a conversas e risadas, sentadas na varanda da minha sala de estar sob a luz das estrelas e dos prédios do Upper East Side. O clima estava tão agradável que o vento não nos incomodava. Pelo contrário. Parecia fazer parte do momento como um bom amigo, ouvindo, junto a mim, a garota contar suas histórias. Empolgada, falava sobre o dia em que participou de um acampamento com os amigos da faculdade e acabou tendo que fugir de um enxame de abelhas. Algo perigoso, eu sei, mas já que acabou tudo bem, eu me senti livre para rir.
Nesse meio tempo, uma mensagem de Cece foi a única coisa que desviou minha atenção por alguns segundos.
Cece (19:48): A mídia também está te chamando de Beaugay, HAHAHA! Acha que eu deveria cobrar os direitos autorais pelo apelido?
Novamente, eu ri, mas Sophie não pareceu perceber. De qualquer forma, poderia responder a mensagem depois. Estava ocupada dedicando toda a minha atenção à mulher sentada ao meu lado com as pernas apoiadas sobre as minhas enquanto eu as acariciava.
Não há mais nada que eu prefira fazer agora.
— O que você achou de Paris? Ainda não tivemos muito tempo para conversar sobre a viagem e eu gostaria muito de saber — perguntei.
— Eu amei tudo que vi. Pena que passamos pouco tempo lá. Queria ter aproveitado mais.
— Haverão outras oportunidades. Eu ainda vou te levar a todos os melhores lugares da França e também a outros países da Europa — ela sorriu como se não acreditasse. — O que foi?
— Uma relação casual como a nossa não deveria incluir um pacote de viagem para a Europa.
— Não? E para a Ásia, inclui? — Sophie me encarou, mas não respondeu. — Pare com isso. Não é porque é uma relação casual que eu não posso te agradar.
— Não é essa a questão, afinal, eu também quero te agradar, mas não precisa de algo tão grandioso. Você não me deve nada.
— Entendo. Eu já deveria imaginar que você é do tipo idealista que sonha em dividir momentos especiais com o amor da sua vida — eu interpretei o silêncio como uma confirmação e assenti. — Tudo bem, é justo. Sua futura esposa pode te levar para uma viagem pelo mundo, mas pelo menos deixe a França comigo.
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Rêverie | ⚢
RomanceSophie Hayes tem três objetivos: construir seu império no mundo da moda, descobrir a identidade da mulher que há anos visita seus sonhos e ficar longe de romances. O último era o único que parecia alcançável e sob controle no momento, ou pelo menos...