13. And Go Put On Your Cleats

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⚠️ AVISO: O conteúdo a seguir contém destruição ao patrimônio privado. ⚠️

Revisado por: Aya_timm

☽⛧☾

- Vocês se reconciliaram? - Rosie perguntava animada no elevador, indo para a reunião dos Overlords.

- Afirmo-lhe com todas as letras, minha cara: eu e Lúcifer nos reconciliamos! - Alastor responde, dando o braço para Rosie segurar.

- Bem que suspeitei que sua pele estava mais bela hoje! - Ela aceita o braço do amigo.

- Safadinha!

Ambos riem, saindo juntos do elevador e andando pelos corredores.

- Mas me diga, Al, está tudo bem esse envolvimento entre vocês? Quero dizer, ele é casado.

- Que diferença isso faz?

- A diferença é que vocês não vão poder se casar até que ele e a "você-sabe-quem" se divorciem. Ou então se ela morrer. E mais: ela pode armar um circo com toda essa história de traição.

- Mandei ela para outro plano, minha amiga. O amante dela está lá. Não acho que ela voltará tão cedo.

- Eu não teria tanta segurança, meu bem. É bom garantir seu homem.

- Vou pensar em suas palavras com carinho.

Ao chegar na sala de reuniões, os dois sentam-se um ao lado do outro. O representante dos V's hoje era o próprio Vox. Alastor estava tão feliz e tão bem que nem se importou com a presença da tela plana de "não-sei-quantas" polegadas. Carmilla entra na sala junto de suas filhas, se pondo na ponta da mesa.

Pauta vai, pauta vem, debates acontecem. Contudo, Alastor saiu do seu mundo de Lírios vermelhos e Margaridas quando Carmilla menciona o nome de Lilith.

- Lilith foi vista ontem em frente a mansão Morningstar. - Carmilla apresenta a foto que faz o coração de Alastor parar. - A princípio, ela não entrou na mansão. Apenas sabemos que ela sumiu novamente e... Bem... Hoje a mansão Morningstar foi incendiada.

Alastor encarava as fotos, tentando se controlar. O preto já preenchia seus olhos e seu pescoço já tombava para o lado, dando a impressão de que sua cervical havia se quebrado. Seu sorriso se tornava de alguma forma mais pontiagudo e demoníaco. Seus dedos apertavam ao redor do bastão de seu microfone.

- Alastor... - Rosie sussurra, mas o radialista apenas se levanta, batendo na mesa.

- Peço licença a todos. - Sua voz lutava para não se distorcer. - Terei de me retirar mais cedo para matar uma certa ratazana que apareceu. Agradeço a companhia de todos. Foi uma reunião deveras produtiva.

Com todos o observando, Alastor sai a passos pesados. Ele não pensava em mais nada além dos bens de Lúcifer. Todas suas criações, todas suas lembranças da infância da filha, todo seu material. Não é possível que tudo tenha queimado. Deve ter restado ao menos algo. Ao menos uma coisa.

Alastor chega em frente a mansão e vê as paredes queimadas e vidros estourados. Naquele momento, ele suspira e, ao invés de raiva, tudo que ele sente é tristeza. Ao entrar, ele pode ver o estrago feito pelo fogo.

- Vamos lá... Tenho muito trabalho pela frente... - Ele diz para si mesmo enquanto integrava seu microfone às sombras.

Ele começa a vasculhar todos os lugares. Haviam documentos intactos que Alastor fez questão de salvar, alguns livros ainda inteiros ou pouco tomados pelo fogo, alguns itens de cozinha que não sabia se seu amado tinha tanto apreço... Mas quando chega ao corredor, ele vê a pintura de Lúcifer, Charlie e Lilith. Contudo, o rosto de Lúcifer estava queimado. A indecisão de levar ou não a pintura era grande, mas no fim, ele acaba levando.

Ele partiu para a adega. Algumas garrafas estavam estouradas, alguns barris queimados, e o vinho no chão parecia um assassinato. Alastor pega o que está intacto e parte para outro cômodo.

Aquele provavelmente foi o quarto de Charlie. Haviam brinquedos carbonizados, pelúcias, roupas infantis... Não havia nada para salvar. Não teria como. Nem os móveis.

Alastor vai para mais um cômodo, abrindo a porta e vendo uma vasta coleção de patos de borracha organizados muito bem em montanhas. O escritório de Lúcifer.

Antes de qualquer coisa, o radialista dá uma breve risada.

- Apenas você para amar tanto patos de borracha... - Ele se lembra do amado.

Alastor começa a examinar cuidadosamente pato por pato, salvando os que continuavam inteiros ou que tinham recuperação.

Ele pega alguns quadros que eram ao menos visíveis.

Quando ele chega na mesa de Lúcifer, ele vê uma caixa intocada pelo fogo. A curiosidade fala mais alto e ele logo abre para analisar o conteúdo.

Eram fotos de Alastor ainda em vida. Em meio a tudo, Lírios vermelhos cuidadosamente ressecados. Aquilo mexeu com o coração de Alastor. Ele não fazia ideia de que seu amor se importava tanto assim, mesmo quando estavam brigados.

Alastor deixou que as lágrimas escorressem pelo seu rosto. Ele já havia se esquecido de como era seu corpo antes da morte. Encarando as fotos devidamente guardadas, ele fecha a caixa novamente e a mantém salva.

Ignorando as lágrimas, ele volta a arrumar as coisas do seu amado, integrando tudo às sombras para que pudesse levar para Lúcifer mais tarde.

Quando acaba, Alastor limpa seu rosto e roupas, optando por caminhar para o hotel. Seria um caminho mais longo, mas ele queria pensar carinhosamente nas palavras de Rosie quanto ao casamento de Lúcifer.

Lilith poderia sim fazer dessa situação um circo e tentar manipular a todos com sua história. Ele precisava de documentos. Ele precisava de provas. Ele precisava de testemunhas. Ele precisava humilhar a vadia que destruiu a vida do seu amado. Ele elevaria tudo a outro nível.

Assim que chegou no hotel, ele abriu a porta, vendo Charlie consolar o pai. Na TV, passava as notícias do incêndio na mansão. Lúcifer parecia sem chão.

- Lúcifer? - Alastor se aproxima, vendo o olhar preocupado da filha.

- Eu perdi tudo... - O rei responde, desolado enquanto chorava sem se importar.

- Pai... - Charlie abraça-o firmemente tentando acalmá-lo.

Vendo a cena, Alastor se ajoelha em frente ao soberano. Ele estende a mão espalmada, fazendo um pequeno pato de borracha emergir das sombras.

- Esse é?... - Lúcifer encara o pato, surpreso.

- Sim. Um dos seus patinhos de borracha. - Ele completa.

- E você está cheirando a brasas...

- Estou.

O rei não demora a entender que o radialista esteva no local do incêndio e puxa-o para um abraço com a filha. Apenas os três, como uma família.

Charlie e Alastor se encararam por trás da cabeça de Lúcifer. Os lábios da princesa se moveram, formando a frase "mandou bem, pai". O sorriso de Alastor apenas se torna terno, acomodando seu amado e sua filha no abraço.

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