A Sereia ─ cap. 8 ୭ ˚.

17 1 0
                                    

🐚 ── Annabeth's POV:

  Eu consegui fazer aquilo que Calypso falou, sobre colocar os pensamentos no fundo da mente, realmente funcionava. Já fazia 1 semana que eu não respondia as mensagens de Percy. Você quer saber o motivo? Bem... Por mais que Calypso tenha dito que seria sim possível, se um dia a Água descobrisse eu ainda estaria frita, e cá entre nós, não acho que eu seja a melhor pessoa para Percy. Ele ainda tem a vida normal dele, em cerca de 2 meses ele faz 18, enquanto eu, continuarei com 17 por mais 41 anos. Não há como se livrar do peso dos 100 anos. O que Percy pensaria de mim, quando eu sumisse do nada dentro do mar, ou quando percebesse que eu não envelheço, ou quando quisesse conhecer minhas irmãs e eu não pudesse contar. Ah. Certo. Ainda tinha minhas irmãs. Clarisse sempre fora distante comigo, então não senti tanto na pele, o que me doeu foi Silena e, principalmente, Thalia. Ambas ficaram mais frias e rudes comigo. Não conversávamos mais dentro de casa, nem por mensagens, as três saiam juntas e não me convidavam. Senti-me totalmente perdida e excluída. Me senti ainda pior quando acordei de outro pesadelo.
"Droga, voltaram de novo. De novo não..." eu pensei e lágrimas encheram meu rosto.

  Foi aí que senti o chamado da Água.
"Venham receber a nova irmã de vocês. Depressa." ela disse. Nossa... uma nova Sereia. Fazia tempos que não chegava uma nova. Abri a sacada da varanda e entrei na Água.
  ─ "Annabeth!" ─ ela disse em minha mente.
  ─ Oi, Água. ─ Mergulhei e uma corrente de ar me puxou para mais fundo. Aquele era um dos jeitos da Água de nos abraçar. Ouvi algo parecido como "tchbum!", e então, Silena, Clarisse e Thalia estavam ao meu lado.
  ─ Aonde está Calypso? ─ Perguntou Silena.
  ─ Provavelmente isolada em qualquer lugar pela Inglaterra. ─ Clarisse disse, e, a Água rodou em volta dela, fazendo-a girar e ficar tonta.
  ─ "Não diga isso, Clarisse." ─ Ela disse e Clarisse murmurou um 'desculpa.' ─ "Calypso já está a caminho. Só faltam vocês."
  ─ E para onde vamos? ─ Pergunta Thalia.
  ─ "Nova Orleans. Depressa, depressa!" ─ A Água comandou e começamos a nadar de forma incrivelmente rápida, na qual um ser humano comum nunca conseguiria. Enquanto íamos, A Água fazia questão de nos deixar bem bonitas. Ela fazia um tipo de vestido mágico para nós, que era feito de espuma do mar, em nossos cabelos eram feitos penteados de luxo. Conchas, pérolas, algas, todo tipo de material subaquático era usado em nós como forma de acessórios. Isso era uma das coisas que eu mais gostava em ser Sereia, não que eu seja vaidosa, mas era realmente muito divertido.

  Assim que chegamos em Nova Orleans, Água nos levou até uma garotinha de pele escura, cabelos cacheados, e olhos cor de âmbar. Ela estava sentada no fundo, com peixes ao seu redor e curiosamente, catando conchas. Também notei que ela estava muito machucada.
Nos aproximamos dela, e Calypso ─ a mais velha ─ começou a conversar com ela. A garota não esboçava reação nenhuma. Tudo que falávamos, ela parecia indiferente. Ouço Clarisse murmurar um "Ela parece Miaka." Quem era Miaka? Não tinha a menor ideia. Provavelmente fora uma Sereia de aparência parecida a garota atual, ou talvez com uma reação parecida. Depois de cerca de 15 minutos de conversa, conseguimos descobrir que a garota tem 15 anos, e havia apanhado do pai, ele a bateu tão forte que ela chegou a perder a consciência, então ele a jogou na Água.

  ─ Está tudo bem agora, Hazel. ─ Calypso disse, a abraçando. A garotinha começou a chorar.
  ─ Então... Tudo que eu tenho que fazer é aceitar ser Sereia durante 100 anos? E cantar para ajudar a Água? ─ Todas concordamos, e A Água disse:
  ─ "Conosco estará segura, minha pequena."
  ─ Quem disse isso!? ─ Hazel disse assustada, mostrando um pouco de reação pela primeira vez. Acho que a ficha estava caindo para ela.
  ─ A Água. Você consegue ouvi-la um pouco, porque já tem um pouco dela dentro de você. Só resta você aceitar Ela completamente. ─ Hazel concordou, e então, A Água em tom azul escuro, quase preto, entrou pela boca de Hazel, a transformando. Houve um brilho de luz, e, como passe de mágica, ela já estava com seu vestido espuma do mar, conchas e pérolas, e um lindo penteado.

  Calypso voltou com a gente pra' casinha de praia no rio. Hazel brincava com suas roupas enquanto caminhava pela Água, junto a Silena e Thalia. Clarisse havia entrado dentro de casa e não tinha saído mais, "Estou um pouco cansada, bem vinda, Hazz." disse ela a Hazel, antes de entrar em casa. Eu estava sentada na varanda junto a Calypso.
  ─ Quando todas entrarmos, vou falar o que quero que façam comigo quando eu voltar a ser humana.
  ─ É bom que seja algo digno de Isabel Calypso Windsor. ─ Eu disse, sorrindo para ela.
  ─ Vou fazer algo digno de Annabeth Leah Chase.
  ─ Nossa... Eu não lembrava que tinha Leah no meu sobrenome.
  ─ Como você é boba, Annie. ─ Começamos a rir. E então eu fechei a cara novamente.
  ─ O que houve?
  ─ Os pesadelos voltaram.
  ─ Sinto muito, Annie... Queria conseguir te ajudar com isso, e com... Você sabe bem.. Mas infelizmente só tenho mais...
  ─ Um mês. ─ Eu disse, e meus olhos encheram de lágrimas. Abracei a Calypso com força. Daqui a um mês, ela iria voltar pra' vida de humana, iria esquecer que teve uma filha, iria esquecer da Água, das nossas irmãs... Iria esquecer de mim. Eu não sabia como reagir a isso.
  ─ Sabe... quando eu disse que queria algo digno de Annabeth Leah Chase, eu quis dizer que vou fazer faculdade de arquitetura. ─ Arregalei os olhos.
  ─ O que? Sério? Por que?
  ─ Lembro de uma vez que você me disse que a arquitetura era uma obra de arte. E eu amo arte, sabe? Estudei sobre arquitetura durante os últimos 3 anos e realmente me interessei. Vou fazer isso por você.
  ─ Você está me dizendo que esse tempo todo, poderíamos ter conversado muito mais e ter nos aproximado muito mais e você não disse nada? ─ Eu apoiei as mãos na cintura e fiz uma cara de brava. Calypso fechou os olhos e mordeu os lábios, em seguida fez um biquinho. Lembrei de Percy falando sobre o quanto eu ficava fofa quando fechava os olhos e mordia os lábios. Não era característica minha, peguei essa mania de Calypso. Assim como peguei a mania da 'cara confusa' de Thalia. E a mania de levantar as sobrancelhas de Clarisse... E a mania de andar sempre com um caderninho na bolsa de Silena. Eu era uma pequena junção de vários traços das personalidades das minhas irmãs.

  Será que esses traços vão permanecer em mim quando eu voltar a minha vida normal?

🐚 ─ The Siren from 1989 ୭ ˚.  (Percabeth) ᵎᵎOnde histórias criam vida. Descubra agora