A Sereia ─ cap. 9 ୭ ˚.

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🐚 ── Annabeth's POV:

  Havia se passado um mês. Um mês que Hazel estava com a gente... E seria o mês que Calypso iria embora. Naquela noite, quando todas nos juntamos, ela nos contou que havia juntado dinheiro suficiente para pagar a mensalidade da faculdade de arquitetura que ela gostaria de fazer, e que a faculdade ficava em Oxford. Eu estava impressionada com a genialidade de Calypso. Ela realmente havia pensado em tudo. Ela estava passando a última semana com a gente em nossa pequena casinha nas praias do Rio. A última coisa que ela me pediu, foi para irmos até o cemitério aonde estava enterrada sua filha, Kahlen. Eu a acompanhei até o local. Estava frio e era um dia chuvoso na Inglaterra. enquanto caminhávamos em direção ao cemitério, ela me contara que um dos motivos para querer estudar naquela faculdade, era porque sua filha, foi professora de lá no tempo que estava viva. Eu sorri, mas ao mesmo tempo me senti mal por Calypso, ela tentava, de todas as maneiras, ficar mais próxima da filha. Realmente como uma verdadeira mãe faria.

  Quando chegamos no cemitério, tinha somente algumas pessoas por lá. Eu olhava tudo em volta, e olhava Calypso de longe. Assim que todos saíram do local, ela olha em todas as direções, e em seguida, solta o grito mais agudo que eu já ouvi em todos esses 68 anos ─ contando a minha idade com meu tempo sendo Sereia, pra variar. ─, então, ela saiu correndo até a lápide da filha, e se acabou de chorar. Corri até ela, para abraçá-la e tentar confortá-la. Observei, que na lápide ao lado, estava escrito "Isabel Calypso Windsor  1924 - 1947". Me perguntei mentalmente o que será que tinham enterrado no lugar do corpo de Calypso.

  Ficamos ali por cerca de meia hora. Quando Calypso se acalmou, nos levantamos, e ela se despediu da filha pela última vez. Marquei aquele lugar no meu mapa mental. Eu sabia que iria voltar ali alguma vez.

  Quando entramos na Água novamente, Calypso inventou uma desculpa que tinha que dar uma última olhada naquela cidade, para ter certeza de que queria ficar ali, pra ser sincera nem eu entendi, mas que foi tão convincente que até eu acreditei.

  Chegamos de volta ao Rio, as malas já estavam todas prontas. Entramos na Água novamente, e então partimos de volta aquela cidade. Nos últimos momentos de Calypso, o que conseguíamos ver era a Água removendo seu poder de dentro da garota, ou seja, extraindo todo o líquido azul escuro para fora. Calypso fechou os olhos e começou a se debater. "Levem ela para superfície enquanto eu faço isso. Rápido!", disse a Água. Obedecemos. Lembro de que a última coisa que Calypso dissera para mim foi: ─ "Lute com isso ou aceite isso. Tenha medo ou controle isso. Acredito em você.". Também acredito em você, Calypso.

  Deixamos Calypso com um bilhete na frente da porta da universidade. Uma mulher a examinou e parecia ter um olhar preocupado assim que leu o bilhete. Tínhamos explicado no bilhete que Calypso agora precisava seguir seu próprio caminho, e deixamos um recado para ela: "Por favor, siga em frente na vida sabendo que você é amada mais que qualquer coisa que as almas conheceram. Nós te desejamos toda a felicidade do mundo, e esperamos que você vá caminhar com toda a alegria do mundo." A levaram para dentro. Senti meu coração pesar. Foi um adeus. Um adeus definitivo. Adeus, Calypso.

  Mais alguns meses se passaram. Nos mudamos para o Brooklyn, a pedido de Hazel, que nunca tinha saído de Nova Orleans. Meus pesadelos pioravam. Eu evitava entrar na Água pois não tinha certeza se conseguiria jogar os pensamentos sobre Percy no fundo da mente. Ah... Percy. Eu sentia saudades do cheiro de praia dele. Agora, nem pra' praia eu saia mais. Mal dormia, mal comia, só ficava deitada na cama, as vezes lendo, as vezes fazendo algum projeto sobre arquitetura no qual eu nunca terminaria. As vezes eu me pegava desenhando Percy. Calypso partiu em junho, em julho foi meu aniversário, ─ que, ninguém fez questão de comprar nada para mim, nem sequer um cupcake. ─ e em agosto foi aniversário de Percy, agora, ele tinha 18 anos. Toda vez que eu cochilava, eu tinha mais pesadelos. Eles ficavam piores, cada vez mais vivos. Eu não estava bem. Pra' ser sincera, desde que virei Sereia e tive meu primeiro canto, nunca mais estive bem.

🐚 ─ The Siren from 1989 ୭ ˚.  (Percabeth) ᵎᵎOnde histórias criam vida. Descubra agora