A Sereia ─ cap. 10 ୭ ˚.

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🐚 ── Annabeth's POV:

  Eu estava vegetando na cama ─ pra variar. ─, quando ouvi o chamado da Água.
─ "Preciso de vocês." ─ Ela disse. E eu sabia bem o que isso significava. Era dia de canto. O dia em que ela nos usa para atrair seres humanos para suas mortes. Que incrível.

  Todas fomos para o mar, nos transformamos, eu e Clarisse estávamos indo na frente, enquanto Thalia e Silena preparavam Hazel mentalmente para aquilo. Desejei do fundo do meu coração que elas me preparassem também.

  ─ "Fique calma." ─ Água sussurrou para mim. ─ Estou tentando. ─ Respondi. Você deve estar curioso para saber o que acontece com as sereias que se recusam a cantar. Bem, isso aconteceu uma vez. A Água a puxou para baixo tão rápido que foi como se a Sereia nunca estivesse estado lá. Foi um aviso para todas nós. Tínhamos que cantar e tínhamos que manter nosso segredo.

  Era um dia lindo e ensolarado, até começar a chover. A música que nós iríamos cantar era linda. Linda e letal.

  De repente, o mar já estava incontrolável, a chuva caia forte, e então, a Água disse
─ "Cantem." ─ Respirei fundo. "Vamos, Annabeth. Você consegue." pensei para mim mesma. E então começamos a canção:

"Venha jogar seu coração nas ondas
Sua alma está perdida e ainda salva
Beba-me e desfaça-se
Troque mil vidas por uma
Venha embora, beba
Beba e afunde e deixe acabar
Beba e afunde e deixe acabar
Você não é mais, você não é menos
Pois todos devem morrer, todos devem descansar
Traga seu corpo para mim
Deixe seu cemitério ser o mar
Venha embora e beba
Beba e afunde e deixe acabar
Beba e afunde e deixe acabar"

  O navio deu a volta. Seguindo a direção da canção. E então começou. Milhares de pessoas começaram a cair. A se jogar. Senti um peso no coração. Eu continuei cantando, mesmo contra a minha vontade... Até que eu vi uma pessoa diferente. Era uma mulher, com um vestido branco. Então percebi que a festa era um casamento. Um dos dias mais importantes da vida dela estava sendo arruinado. Ela se jogou. E para meu azar, caiu bem próxima a mim.
  Ela olhou para mim com os olhos verdes mais fortes que já vi na vida ─ ainda mais que os de Rachel ─ e eu entendi o que aqueles olhos diziam.
"Socorro". Era isso que diziam.

  Parei de cantar. Abri e fechei a boca umas 3 vezes, até perceber que o encanto estava perdendo o efeito nela, e ela recobrou a consciência. Subiu até a superfície, e começou a gritar por socorro.
  ─ Annabeth, o que você tá fazendo!? ─ Gritou Clarisse.
  ─ Nós podemos salvá-la! Podemos transformar ela também! Eu gritei.
  ─ "Conhece as regras, nada de noivas ou mães! Agora, volte a cantar Annabeth!" ─ Água gritou furiosa. Olhei novamente para a noiva que se debatia e pedia por socorro, e gritava por um tal de 'Akinli'. Não consegui conter minha raiva.
  ─ Calypso era mãe, e você nunca descobriu! E ela nunca te atrapalhou em nada! ─ Thalia, Silene e Hazel, que ainda cantavam, fecharam a boca em uníssono. Então o que restavam era apenas gritos.
  ─ "Calypso era oque...? Annabeth... O que.. Quem é... Percy..." ─ No momento que gritei em alto e bom som que Calypso fora mãe, também veio a tona meus pensamentos sobre Percy. Obviamente a Água percebeu.
  ─ Por favor! Socorro! Me ajudem! ─ A noiva gritou novamente. Eu nadei em sua direção, a fim de salvá-la, mas Clarisse, junto com a força da Água, me puxaram para baixo, enquanto Silena abraçava Hazel, e Thalia recomeçava a canção.
  ─ "Cantem! Agora! Ou eu mato todas vocês!" ─ Clarisse, pela primeira vez em muito tempo ─ ou pela primeira vez ─ me abraçou. Me abraçou bem forte, e tampou meus ouvidos, pude ouvi-lá sussurrando "Cante, por favor, Annie."...

  Então eu cantei. Cantei aquela maldita canção. Cantamos até todos os gritos acabarem, e só restar nossa linda voz. Nossa linda e fatal voz.

  Assim que acabou, Clarisse me soltou e destampou meus ouvidos, assim que olhei para frente, vi uma Hazel aterrorizada, e uma Silena tentando acalmá-la.

  ─ Qual o seu problema!? ─ Gritou Thalia.
  ─ Thalia, aqui não é hora e nem lugar para-
  ─ Foda-se, Silena! Annabeth estava escondendo coisas de nós a meses, ela e Calypso estavam de segredinhos. Veja só a merda que ela acabou de falar!
  ─ Porra, Thalia! Pare de gritar. Só está assustando ainda mais a Hazel! ─ Fora a vez de Clarisse soltar sua raiva.
  ─  A culpa não é minha que vocês são um bando de sem coração fofoqueiras completamente submissas a Água! ─ Eu gritei de volta.
  ─ Nós? Nós somos as submissas a Água aqui, Annabeth? ─ Silena se soltou de Hazel e veio em minha direção ─ Literalmente você que é a mais submissa a Água aqui! E é tão submissa, que virou até a favorita. Será que você não enxerga!?
  ─ "Chega!" ─ A corrente de ar nos separou em uma distância não muito grande.
  ─ "Todas vocês, saiam imediatamente daqui. Annabeth, você fica!"
  ─ Não! Não vou ficar. Eu odeio esse lugar. Eu odeio elas. Eu te odeio, Água! ─ Eu gritei de um jeito doloroso. E então eu comecei a nadar o mais rápido que pude. Nunca nadei naquela velocidade antes. Eu teria de ser rápida, ou então, a Água iria me pegar. Subi na primeira praia que pude. E nem olhei para trás. Sentei me na areia, segura, sabendo que a Água não conseguiria me afogar ali.

  Pelo menos, era isso que eu pensava.

🐚 ─ The Siren from 1989 ୭ ˚.  (Percabeth) ᵎᵎOnde histórias criam vida. Descubra agora