Fuck It I love you

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Alane Dias

O arfar que escapou de meus lábios denunciou a ansiedade que assolava meu peito, as palmas suadas se apertavam num afago tranquilizador. Cruzei os dedos arredios à medida em que minha boca secou, implorando por alívio, um líquido qualquer que escorresse por minha garganta, amenizando o fogo que queimava cada partícula de meu ser. Era diferente, inusitado. A percepção de meu corpo aumentara em níveis que não podia mensurar, como se cada detalhe ao meu redor tivesse algum efeito sobre minha pele. Frissons. Um correu por minha espinha e fez-me torcer o pescoço adornado por uma coleira que me mantinha presa ao local, impossibilitada de agir. Os joelhos dobrados e doloridos sobre o chão frio, as mãos unidas em minhas costas, os lábios rasgados por uma mordaça apertada, os olhos vendados aguçando minha audição. Criei um monstro. Este era o pensamento que se esgueirava em minhas paredes psíquicas. Havia criado uma criatura sádica de olhos felinos e lábios cerejas.

Estivera nessa posição num passado tão distante, ainda assim, não a este ponto, neste nível, tampouco entregando além do meu corpo, mas cada fagulha de minha alma e pedaço do meu coração.

Apesar de trajar somente uma túnica curta de seda, o calor era latente e gotejante. Gotas de suor brotavam em minha testa, escorrendo sorrateiramente por minha bochecha enquanto Yasmin me prendia naquele jogo de tortura. A ausência de seu toque, seu corpo e a ansiedade pelo que viria, transformavam-se em gritos que provavelmente eu soltaria assim que fosse liberta. A ideia de permitir que ela me dominasse não soara tão assustadora até ter meus limites testados. A julgar por seu riso divertido e rouco que ecoou atrás de meu corpo, ela concluíra o mesmo. Não podia vê-la, mas era possível sentir cada centelha de poder escapando de seus poros. A dominação lhe caia bem. Ela se inclinou para afagar meus cabelos e como um animal carente me aninhei em seu toque, sentindo meu peito inflar tamanha necessidade.

— Oh, doce Alane... — seu tom era cortante e atravessa-me como um objeto pontiagudo. Um gemido abafado escapou de minha boca e pude ouvir o seu sorriso. Unhas perfeitas e levemente afiadas deslizaram por minha garganta, contornando o objeto que ela prendera.

Yasmin me vendara desde o instante em que deslizamos para fora do elevador. Despiu-me e vestiu como bem quis, posicionou meu corpo à sua maneira e sussurrou palavras mansas, de puro amor para acalmar minha natureza contrariada. Ela prendera a guia de minha coleira no alto, certamente em um das dezenas de ganchos que aquelas paredes enfeitadas por mim possuíam. Em meu próprio habitat, me encontrava indefesa e não desejava estar em outro lugar.

Suas carícias cessaram e imediatamente senti-me carente de seu calor. O sangue borbulhava em minhas veias e se fosse possível falar, imploraria. Por prazer ou dor, o que quer que ela desejasse me dar. Como se escutasse meus pensamentos, a ouvi arrastar uma cadeira, sentando-se à minha frente. O toque de seu salto em minhas coxas fez-me lembrar do momento em que a fodi com minhas botas e tal memória agravou meu estado, fazendo-me soltar uma lufada de ar entre os dentes, desejando me livrar daquela amarra. Yasmin apoiou um dos pés em minhas costas, empurrando-me para que estivesse mais inclinada, agravando o aperto em minha garganta. Ela permaneceu em silêncio, como se estivesse estudando com toda atenção cada linha daquilo que juntas escrevíamos. Tratava-se de um jogo de confiança e eu desejava depositar nela a mesma que me concedera.

Suas mãos delicadas alcançaram meu rosto, guiando-me para perto de seu corpo. O calor de sua pele acalentou a minha, a maciez de suas coxas nuas em contato com os meus braços. Seus dedos afundaram em meus cabelos, bagunçando os fios castanhos com avidez, arrastando as unhas pelo couro cabeludo enquanto ela tocava a ponta do nariz por minha bochecha, intercalando com beijos suaves que soavam como promessas. Pressionei as coxas na tentativa de me aliviar, sentindo uma roçar a outra com facilidade pela umidade que se acumulara devido ao desejo que me mortificava a cada segundo.

Shades of Cool (Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora