It's Christmas time

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Capítulo de Natal em pleno mês de Março? Sim. Favor ignorar hahahahaha

ta acabandoooo :((((
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A noite fria trazia o clima natalino que se aproximava, entre tantos acontecimentos a data quase passou despercebida por todos. A família Brunet costumava comemorar com grandes banquetes, convidando familiares e os amigos de Armando. Alane passava sozinha em seu apartamento, tendo sorte quando Anny não viajava para a casa dos pais. Nunca trabalhou neste dia, embora não fosse religiosa, aprendera com sua mãe, Aline, a guardar o natal para os que ama, então ela o guardava para os pais. Sentia saudade das festividades, da semana que antecede a comemoração, dos enfeites que os ajudava escolher e até das brigas corriqueiras sobre fazer peru ou não.

Theo estava habituado a passar com Antônio e Marcella, ao contrário da maioria, ele adorava o fato de seu aniversário ser na véspera. Faziam uma única festa e os presentes eram em dobro. Era, com toda certeza, sua época preferida do ano.

Yasmin ia para a casa dos pais com Evandro, chegavam tarde e saíam cedo, ambos não tinham paciência para estas comemorações e a loira não conseguia tolerar as conversas entediantes, tampouco as intromissões de Luiza. Admirava Antônio que havia partido e não voltava para estas datas, até mesmo invejou o irmão, por toda determinação em construir sua felicidade que estava longe de ser genérica.

Mas neste ano, tudo havia mudado. Pessoas partiram, outras chegaram, preceitos foram quebrados, limites testados, amores exacerbados. Calor. Talvez esta fosse a palavra para definir o ano que passou. Calor que adentrou a alma, reestruturou as vidas, fez reformas interiores e transbordou. Escapou pelos dedos em forma de luz e adornou o local, tirou de uma tragédia, algo bom. Transformou sentimentos e presenteou com tantos outros. Fora um ano de perdas dolorosas, mas de ganhos imensuráveis.

Yasmin que acabara de se despedir de Alane, fez realmente o que lhe dissera, fechou a porta e correu até a escada, saltando os degraus até estar no andar superior. Precisava ler o que a outra lhe deixara. Entrou em seu quarto num rompante e riu sozinha de seu desespero, não tinha consciência do momento em que tornara-se uma boba apaixonada, do local exato onde a linha tênue se rompeu, mas não se importava, queria apenas sentir. Sentir e sentir.

Sentou-se sobre a cama, pegando com delicadeza o papel em seu travesseiro, primeiro admirou as letras, depois respirou profundamente para dar início à leitura que com certeza queimaria seu coração de forma deliciosa.

Yasmin sentia tantas emoções desde que conhecera Alane, das extremas às calmas e mansas, mas absolutamente nada podia ser comparado ao que sentiu enquanto seus olhos ganhavam as linhas, desbravando os sentimentos da morena. Estavam ali, todas as palavras não ditas, entrelinhas ganhando forma e brotando diante de seus olhos.

Desejou, literalmente, comer o pedaço de papel, descobriu essa estranha vontade de devorar o que é belo e lhe toca, talvez isso explique o desejo por Alane Dias.

A fome de amar era enlouquecedora. Sentiu, imediatamente, saudade. Não fazia dez minutos que a namorada partira e sua mente trabalhava num reencontro. Namorada. Novamente pensou que títulos não são importantes, mas que aquele caía tão bem. Queria presenteá-la como havia sido agraciada pelo poema, entretanto, nunca fizera algo parecido e sequer pensara fazer.

Buscou pelos papéis e caneta em seu criado-mudo e arriscou. Rabiscou palavras confusas de sentimentalidade, esboçou o que Alane lhe fazia sentir. Em seguida, excluiu algumas linhas, adicionando outras e formou o corpo de sua primeira e talvez única poesia. Era um gesto romântico, vindo da alma e soava tão juvenil, deslumbrado, mas era exatamente isso que eram: jovens na arte de amar e não pulariam nenhuma fase.

Shades of Cool (Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora