"Você é o meu tesouro, tudo isso é porquê eu te amo, minha bonequinha"Fui criada para ser a filha perfeita, a que não tem sentimentos, a máquina perante à sociedade que foi treinada para eliminar qualquer um sem a menor sensibilidade, para exterminar a sangue-frio. Até que me dei conta do que acontecia ao meu redor, cada respiração enquanto eu dormia, a cada "boa noite, lembre-se que eu faço isso por amor a você" me machucava internamente. O amor dói, o amor me feria todas noites em que meu irmão não estava lá mais para me proteger.
"Enquanto eu estiver aqui, nada irá acontecer com você, Soso..." — Mas quando você não estivesse, quem iria proteger a sua Soso?
[...]
Vivendo uma vida "normal" me pego dentro de um mistério, a qual não sei o porquê fui inclusa nisso. Agora, com quase 24 anos, longe das amarras que minha infância me trouxe, me vejo ao ponto de reviver todas as dores que insisto esconder através de sorrisos falsos. Qual era o limite do amor? Eu não sabia dosar, enquanto eu me expus para o proteger, podendo trazer o meu passado para o meu presente, ele ignora todas as minhas tentativas de contato.
Deveria ficar feliz ao vê-lo bem? Sim, deveria. Mas a dor de vê-lo bem sem mim é maior, é sufocante. O amor me faz ser egoísta.
Depois de encontrar a Hannah e o Richy ser preso, todos os fizeram de prioridades, e não julgo, mas poxa, cada tentativa de contato eu só recebia respostas vagas, até da Jessy. Agora aqui estou eu, duas semanas após o ocorrido, acabo de chegar ao aeroporto de Duskwood, suspirando pesadamente a cada segundo, só querendo minha cama e minha casa.
O aeroporto está lotado, ajeito o capuz do meu moletom a fim de me esconder mais um pouco. Após o vídeo da Lilly meu rosto ficou um pouco conhecido e sinceramente, sozinha nessa cidade desconhecida a última coisa que eu quero é ser reconhecida.
Pego um táxi e ajudo o motorista a colocar minhas coisas dentro do porta-malas, quando que por um vacilo deixo meu capuz sair da minha cabeça, me fazendo ficar exposta. Em questão de segundos vejo um flash em minha direção, nem me dou o trabalho de olhar e ver quem tirou uma foto minha.
Cidade maldita...
Alan cretino, não poderia pegar essa droga de depoimento remotamente?
Vou o caminho inteiro xingando mentalmente as próximas gerações dessa cidade e do delegado. Chego no hotel e peço para o taxista me esperar, pois vou direto para a delegacia após guardar minhas coisas, quero acabar logo com isso e fingir que tudo foi apenas um surto.
Na porta da delegacia vejo tudo tranquilo, ao contrário de onde eu vim. Na cidade onde eu moro as delegacias são muito movimentadas, mas né, é o Brasil, meio que a criminalidade é um pouco alta, ao contrário daqui. Acho que se eu continuasse com a carreira da minha família, eu morreria de tédio aqui, cadê a emoção?
Já dentro da delegacia, vou em direção para a recepção, onde vejo uma senhora bem simpática assistindo à um programa culinário em uma pequena televisão.
— Boa noite — a cumprimento educadamente.
— Não se faz programas como antigamente, minha nossa senhora — diz olhando para a televisão. — Ah, Boa noite! — sorriu ao me ver.
— O senhor Bloomgate está me aguardando — digo e observo a mesma me olhar de cima a baixo.
— Nossa, o Alan se superou na nova namoradinha — sorriu maliciosamente. — Ops, peguete! É assim que vocês chamam hoje em dia?!
— Não! — rio. — Estou aqui para prestar um depoimento.
— Hum... — me encarou. — O que você aprontou? Enfim, seu nome por favor, senhorita?
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Me and you
FanficNa vida precisamos arcar com todas consequências das nossas ações, tudo que escondemos através de um rosto ou um sorriso voltará para ser cobrado. Mas o que fazemos quando eles veem à tona? Quando eu entrei nessa aventura, estava curiosa para saber...