Capítulo 4

22 1 2
                                    

Perdi meu combate, mas não fui tão mal. No entanto, dois dias depois, eu não esperava a notícia de ter sido um dos selecionados para fazer parte do exército de Fítia. Enquanto os outros escolhidos comemoravam, eu esperei para falar com Jadon a respeito. Depois que Aquiles se afastou.

_ Eu passei... Eu não entendo...

_ Eu queria mesmo falar com você, Pátrocolo, filho de Menécio. Talvez eu tenha a ver com isso. Falei de suas habilidades em tratar feridos aqui na escola para o príncipe, e ele se interessou em ter mais um soldado-médico no exército.

Arregalei os olhos para o chefe.

_ Mas eu não sou um soldado-médico... Quer dizer, eu não tenho vocação e não sei curar ferimento nenhum, o máximo que eu consigo é não vomitar... _ fui falando rapidamente, em desespero, até Jadon me interromper:

_ Pátrocolo, ninguém nasce pronto. O que você aprendeu com seu tio Lucasa vai se aperfeiçoar com as aulas dos sábios curandeiros e médicos do reino.

Jadon estava falando do meu tio Lucasa. Ele sim fora médico. O que eu fazia ali na escola era apenas ignorar os gritos dos fraturados quando ajudava o médico de verdade a colocar os ossos deles no lugar, ou a costurar pontos em um corte, limpar um ferimento. Meu pai passava muito tempo fora, e eu buscava a companhia do meu tio em seu consultório desde criança. Ele me deixava vê-lo tratá-lo de homens quase à beira da morte, fazer partos difíceis. Eu meio que aprendi principalmente a ter estômago forte e a ser firme diante do desespero de moribundos.

_ Soldados-médicos são muito importantes e raros. Nos dê essa chance! _Jadon colocou a mão em meu ombro.

Ele era um homem muito bom, e me colocava como uma promessa quando eu nem fizera o mínimo de vencer meu combate de apresentação.

À noite, todos se reuniram para comemorar comendo e bebendo. Eu fui ainda me sentindo meio deslocado.

Aquiles estava rodeado por jovens e superiores como da outra vez, e eu não fiquei por perto. Alguns vieram me cumprimentar e acabavam concordando que eu podia ser de serventia para o exército. O espaço começava a esvaziar quando Buosi, sub-chefe da escola veio falar comigo. Ele praticamente repetia as palavras de Jadon quando vi Aquiles se aproximando, fixando os olhos nos meus, e parece que meus ouvidos foram perdendo a audição.

_ Com licença, chefe. Posso falar um pouco com nosso mais novo soldado do exército?

Ouvir aquilo de sua própria boca fez como se um fio gelado se formasse da minha garganta até meu estômago.

_ É claro, meu príncipe. Ele é todo seu.

Buosi nos deixou e Aquiles perguntou-me:

_ Pode vir comigo?

Fiz que sim.

Claro, claro, como Buosi tinha dito, eu era dele agora.

Nós apenas nos afastamos um pouco da multidão, mas não o suficiente dos olhares. Os outros apenas vigiavam Aquiles sem conseguir evitar, ele era nosso bem mais precioso.

_ Acho que você ainda se pergunta por que eu interrompi sua conversa com Uájiner há algumas noites...

Sim. Ele realmente estava falando disso. Nada sobre combates, sobre o exército, sobre minha questionável ou não admissão nele. Ele estava retomando aquele assunto.

Pestanejei, confuso.

_ E-e-e-eu não me importo...

_ Uájiner possui uma noiva no centro do reino. Mas confesso que eu tenha me adiantado. Supus que você se importaria...

Tentando não ficar de boca escancarada com a revelação, respondi após um momento:

_ S-s-sim, eu me importo...

Senti que ele conteve um riso. Porque eu devia estar parecendo um idiota. Então fiz o necessário:

_ Obrigado.

Eu não estava chocado por descobrir que Uájiner tinha uma noiva, mas por Aquiles ter tido tal cuidado. Era algo que ele costumava fazer?

_ Sempre poderá contar comigo, Pátrocolo. Eu o vejo no centro do reino daqui a uma semana? _Aquiles me estendeu a mão.

Toquei a palma da sua mão, que claro, era impossivelmente macia, e apertei.

_ Até lá.

A PROFECIA (Aquiles & Pátrocolo FANFIC)Onde histórias criam vida. Descubra agora