Capítulo 18

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Havia tantos navios no porto de Esparta quanto era possível caber. Ouvi Ducano dizendo excitado que os reinos aliados começavam a chegar.

Havia uma história sobre uma brilhante ideia de Odisseu, cunhado distante de Menelau, que era casado com Penélope, prima de Helena. Ele também fora um dos vários pretendentes da bela rainha raptada. Na época que sua mão foi oferecida, seu pai teve medo de que houvesse revolta entre os não escolhidos, então Odisseu propôs que quem não fosse escolhido prometeria proteger Helena e o marido por toda a vida, só assim a escolha poderia ser feita em paz. A ideia foi tão bem aceita que Odisseu ganhou a mão de Penélope.

Aquiles revelou que quase foi um dos pretendentes, se Peleu não tivesse decidido que o filho ainda era muito jovem na época. Além disso, ele tinha sido pai de Pirro poucos anos antes.

Imagine se Aquiles tivesse casado com Helena: eu jamais teria chances com ele! E acho que nem ousaria pensar.

Esparta era impressionante, com certeza bem maior que Fítia. O palácio era de encher os olhos.

Fomos recebidos por Agamenon que era um homem grande com barbas e cabelos meio avermelhados. Ele parecia mais velho mesmo sendo mais novo que o irmão Menelau, que tinha os fios mais escuros. Menelau devia ter a idade de Peleu, só era mais encorpado e menos bonito. Ele devia ter outros atributos, e um deles era bem visível: toda aquela riqueza. Conhecemos também Odisseu que tinha os cabelos mais curtos.

Agamenon tinha um jeito bem parecido com o de Ducano. Menelau e Odisseu eram mais diplomáticos e não me olharam estranho quando Aquiles me apresentou. Talvez mudassem de ideia ao saber que eu e ele éramos mais do que companheiros de guerra.

O almoço foi grandioso. Conheci outros nobres naquele dia, alguns dos antigos pretendentes de Helena já estavam ali, e já começavam a debater estratégias.

Depois do almoço, eu e Aquiles fomos conduzidos a um aposento tão bonito quanto o dele em Fítia, talvez só um pouco mais extravagante e sem a janela com varanda. À tarde voltamos ao porto para conhecer os navios de cada reino; Agamenon sempre estava presente.

O jantar era mais íntimo, e Aquiles tinha lugar à mesa. Conheci Penélope, a bela esposa de Odisseu, e percebi que ele a tratava de um jeito muito meigo. Eles pareciam se amar, o que era raro em um mundo em que casamentos reais eram arranjados. Quando Menelau se fez presente, no entanto, eles se contiveram um pouco, talvez em solidariedade, pois o rei estava sem a esposa.

Dois dias depois, amanheci com o estômago um pouco ruim. Aquiles ficou preocupado, mas eu lhe prometi que pediria um chá e logo estaria ótimo e iria atrás dele. Pedi o chá a uma das criadas. Ela trouxe e disse que iria ensinar a receita para a mãe, que usava só uma das ervas da minha mistura. Nós conversamos um pouco até que, enquanto eu arrumava algumas coisas de Aquiles, ela falou:

_O senhor não vai ficar bravo se eu perguntar uma coisa mais íntima?

_Só se parar de me chamar de senhor _eu ri.

_Tá. É que é o costume. Então... Uma das meninas... disse que viu o príncipe Aquiles beijando o sen... Você. Vocês são tipo... Namorados?

Achei divertido.

_Somos tipo isso.

Ela abriu a boca.

_Nossa. Ele é tão lindo! E é filho de uma ninfa, né. Mas o sen... Você também é bonito. Quer dizer, me perdoe.

_Obrigado. Não precisa se desculpar.

Acabei fazendo amizade com ela, até descobrir algo que me chamou a atenção: o boato que rodava pelos cantos do palácio é que a rainha Helena não foi raptada, que ela quisera ir com o príncipe Páris. Ele era um jovem belo e sedutor, e eles se apaixonaram durante a viagem diplomática que ele tinha feito a Esparta.

A PROFECIA (Aquiles & Pátrocolo FANFIC)Onde histórias criam vida. Descubra agora