Capítulo 2

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Haveria comida e bebida à noite. E ele estaria lá. Com certeza cercado por muitos admiradores, e eu seria um deles.

Aquiles tinha 21 anos; idade que eu teria dali a três anos, e ele já era o maior homem de sua geração. Eu gostaria de estar perto de ser metade do que ele era quando atingisse aquela idade. É claro, ele era filho de uma divindade, e os deuses maiores pareciam ter planos para ele, coisas que eu teria que nascer de novo para conseguir.

Mas... Havia alguma coisa nele que eu aposto que não vinha dos deuses, era... Dele mesmo, e observá-lo de perto como eu fazia agora só me fazia ter mais certeza.

Primeiro, a maioria daqueles homens, muitos mais velhos realmente o admiravam, não o invejavam. Nem as histórias engraçadas sobre o que aconteceu quando sua mãe o escondeu em Esquiro, sobre ele ter se disfarçado como uma das concubinas do rei, fizeram Aquiles perder moral. Na verdade, deram a ele uma áurea mais humana e acessível.

O rei Peleu, nosso rei, mantinha escolas de soldados em lugares distintos de Fítia, e agora Aquiles era oficialmente sub-chefe do exército do pai, recrutando os jovens mais promissores.

Ele era meio calado e muito sério. Não bebia muito, e à luz das velas ficava tão bonito quanto à luz do Sol.

Os homens ao redor se embebedavam, comiam da carne que assavam e riam alto das histórias que contavam. Quando cansei de me espremer entre a roda que rodeava Aquiles, eu fui atrás de algo para comer.

Talvez eu tenha ficado tempo demais beliscando tudo quando percebi uma movimentação perto das mesas. Aquiles tinha ido pegar algumas frutas, e os jovens ao redor lutavam contra o impulso de ir até ele.

Eu paralisei a observá-lo até que nossos olhos se encontraram de novo. Ele se deteve como se tivesse me reconhecido. Eu queria sorrir mas só consegui sentir de novo aquela sensação de fraqueza. Ele então virou-se para a cesta de frutas, a pegou e se foi.

****

Eu não gostava de beber muito, mas bebi um pouco mais do que gostaria depois daquilo. Ficou na minha cabeça. Muitas pessoas deviam passar pela mesma experiência se tratando de Aquiles. Achei melhor nem voltar para a roda que o cercava, me sentia meio tonto. Mas ouvia as risadas.

Mais tarde, depois de ter ido mijar, alguém me abraçou por trás e beijou meu pescoço enquanto eu voltava para a área mais movimentada.

Após do susto, percebi que era Uájiner, um dos novos superiores, que havia vindo do centro do reino há pouco tempo para o nosso acampamento.

_ Você vem comigo hoje?

Nós já havíamos nos beijado às escondidas algumas vezes, e eu pensei que ele fosse desistir de mim depois de minhas relutâncias, como todos os outros. Ele era bonito e forte, e me atraía, e talvez fosse a hora de me permitir algo a mais com ele.

Mas antes que eu pudesse responder, uma presença incontestável se materializou a nossa frente. Uma voz meio doce meio rouca, e muito bonita disse:

_ Superior, eu convidei esse jovem para a minha tenda esta noite.

Era impossível, mas era Aquiles.

_ Oh! Desculpe, meu príncipe, eu não sabia _Uájiner se afastou, retirando suas mãos que ainda estavam em minha cintura.

_ Não é necessário. Você não tinha como saber.

_ Com licença.

Ele se foi, e eu só conseguia olhar com olhos muito arregalados para Aquiles, tentando entender por que ele dissera aquilo, o que significava, e se ele me explicaria a partir de então, mas sua expressão era muito indecifrável.

Até que ele me deu as costas, e se foi.

A PROFECIA (Aquiles & Pátrocolo FANFIC)Onde histórias criam vida. Descubra agora