Capítulo 12

27 1 8
                                    

Na manhã seguinte, ele brincou me agarrando e dizendo que não ia me deixar sair da cama, e nós realmente chegamos atrasados para os nossos deveres. Quando nos encontrávamos, lá estava ele com aquele novo olhar, cúmplice, acalorado, carinhoso, e sem explicação o frio em minha barriga agora também queimava.

Nós sempre jantávamos com Peleu, e daquela vez comemos apressados, pois assim que chegamos à mesa, Aquiles sussurrou em meu ouvido que não via a hora de ter-me de novo em seus braços. Seu pai acabou brigando conosco por não mastigar direito a comida quando eu me afoguei com uma farofa de damascos.

Enfim estávamos de volta ao quarto, e eu, aos beijos de Aquiles. Não fizemos tudo como na primeira vez, eu ainda estava me recuperando, porém havia a mesma ardência. Também não adormecemos assim que terminamos como na noite anterior, ficamos abraçados.

_ Eu jamais teria sonhado com isso... _confessei.

_ Eu sim. Sempre quis amar alguém assim.

Eu virei para olhá-lo.

_ Acho que sou apaixonado por você desde que te vi pela primeira vez, mas nunca imaginei que você pudesse me desejar.

_ Por que não?

Sorri e escondi o rosto no peito dele. Era incrível como ele cheirava bem. Até o suor dele!

_ Aquiles, você nunca vai entender o efeito que causa nas pessoas...

_ Porque sou filho de uma ninfa? Porque sou um príncipe?

Olhei bem em seus olhos azuis como uma daquelas piscinas que se formavam quando a maré secava.

_ Não... Você é muito mais do que isso.

Depois que adormecemos, mais uma vez despertei no meio da noite com o vento e o cheiro de mar, e vi Tétis ali, só que daquela vez eu tomei uma decisão rápida: não ia deixar que ela continuasse brincando comigo. Ela não me aceitava, mas eu não estava disposto a deixar o filho dela, agora que mal começara a ter a melhor parte dele, só porque eu a temia.

_ Aquiles, Aquiles! _Eu o sacudi, para que acordasse.

Ela foi pega de surpresa, não esperava; Aquiles acordou, e ela sumiu.

_ O que foi? _ele perguntou baixinho, piscando.

Pensei por um instante.

_ Vamos nos limpar! A gente dormiu sujos como ontem, não vou mais deixar isso acontecer, senão nossos lençóis não vão mais durar uma semana!

Ele fez uma cara de bravo.

_ E você decidiu isso no meio da madrugada, Pátrocolo?

Eu ri.

Nos próximos dias, Tétis não apareceu, e nossas noites foram mais... Eu ia dizer tranquilas, mas eram tranquilas só depois que dormíamos, porque antes havia bastante agitação. Aquiles e eu nos descobrimos juntos, embora inacreditavelmente eu já fosse um pouquinho mais experiente que ele.

Fora de seus aposentos, na minha cabeça, todo mundo já sabia que havíamos nos tornado amantes. Eu não temia fofocas dos outros soldados, que eles pensassem como Raimy: que eu me doava em troca de favorecimento. Na verdade, eu temia Peleu e sua opinião. Ele era rei e pai. E mostrava carinho e confiança em mim.

No final de semana, depois que foi visitar a mãe, Aquiles voltou com um ar sombrio. Eu tentara fingir, mas havia esperado algo parecido, ficando nervoso durante o tempo todo em que ele ficou fora do palácio.

Eu o esperava em seu quarto com o jantar; eu havia trazido sua parte com a ajuda dos criados como às vezes acontecia. Foi quando Aquiles apareceu na janela (ele tinha aquela mania de escalar até lá quando voltava da praia). Entrou e me cumprimentou evitando o meu olhar. Eu lhe dei um tempo enquanto ele comia alguma coisa, porém sem aparentar vontade nenhuma.

_ Aconteceu algo?

Ele suspirou profundamente, largando a comida.

_ Ela sabe de nós. Que... Não somos mais apenas amigos. E me lembrou da profecia. Ela acha que se eu continuar me permitindo estar tão próximo a você, coisas ruins podem acontecer.

Suspirei, porque também esperava aquilo. Eu fui até ele, acariciando seus ombros e cabelos. Como eu estava em pé e ele sentado, ele apoiou a cabeça em minha barriga.

_ Você lhe respondeu?

Ele colocou as mãos em minha cintura e ergueu os olhos para mim.

_ Eu disse que não havia nada que eu pudesse fazer. Que se essa profecia for verdade, ela simplesmente se cumprirá, independente de tudo.

Eu senti meus olhos ardendo.

_ Não independente de mim, Aquiles... Se eu te deixar, você não...

_ Não diga nada. _Rapidamente ele se pôs de pé, com os dedos sobre meus lábios, a testa junto da minha._ E jamais pense nisso de novo. Entendeu? _Como não respondi, apenas deixei as lágrimas caírem, ele repetiu:_ Entendeu?

Fiz que sim e ele me beijou.

Dormimos abraçados como se estivéssemos com medo de sermos separados.

Na manhã seguinte, quando fomos tomar café, Aquiles fez sua pergunta costumeira aos criados:

_ Meu pai já veio?

Às vezes nos encontrávamos e comíamos juntos, outras, Peleu já havia se dirigido para algum compromisso.

Daquela vez, a resposta não poderia ser mais inesperada:

_ Não. Ele está em reunião com a senhora mãe do príncipe desde muito cedo.

A PROFECIA (Aquiles & Pátrocolo FANFIC)Onde histórias criam vida. Descubra agora