Capítulo 10

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Haveria uma festa no palácio comemorando a colheita de figos, e Aquiles não sabia se conseguiria participar porque pretendia estar com a mãe e o filho no final de semana.

Na noite seguinte ao meu pesadelo, Aquiles veio se deitar comigo antes de qualquer coisa, afirmando que era para espantar os maus sonhos. Confesso que me aproveitei um pouco da desculpa, abraçando-o quando mais tarde despertei rapidamente e percebi que estávamos bem pertinho. Acho que não muito depois disso, aquela sensação da outra noite se repetiu, o vento úmido e o forte cheiro de mar me fizeram acordar. Tétis não apareceu, mas eu sabia que ela estivera lá.

No outro dia, fomos banhar em um riacho perto, e enquanto Aquiles ficou nadando como se pudesse fazer aquilo sem parar, eu saí um pouco da água e fiquei o observando.

Será que eu tinha coragem de falar dos meus sentimentos por ele? Até quando estaria tudo bem continuar apenas como seu amigo para mim?

Num treinamento entre os soldados na manhã seguinte, estive em luta corporal com um dos mais velhos, e ao final do combate, percebi que ele estava excitado e me lançava olhares provocativos. Dei-me conta de que sentia falta daquilo também, e de que uma hora a necessidade seria mais difícil de ignorar.

No outro dia, eu estava conversando com soldados que eram meus colegas quando eles revelaram que algumas das criadas da colheita de figos sempre se banhavam ao meio-dia no rio que rodeava os pomares. Eu sabia que aquela parte do rio não era tão margeada por árvores, então perguntei se elas não sabiam que eles as espiavam.

_ Acho que sabem, sim, e que gostam.

Eles me convidaram para ir com eles daquela vez, e acabei indo, pela diversão. Realmente não havia onde se esconder bem, apenas umas rochas baixas perto do rio. Como prometido, as moças apareceram e logo nossos olhos tinham belas coisas para olhar.

Há muito tempo eu havia me deitado com uma prima, e não foi ruim nem tão bom quanto eu descobri que podia ser. Eu realmente me interessei em estar mais com homens desde então, mas não deixava de admirar a beleza das mulheres.

Os meus colegas falavam baixinho coisas engraçadas sobre como conquistariam as moças, e teve uma hora que eu acabei não me segurando e ri mais alto, denunciando nosso esconderijo. Saímos correndo como loucos, fugindo, porém ainda pudemos ouvir risadas das moças também.

Já era tarde quando percebi que tinha me atrasado para a aula de música com Aquiles; ele próprio estava me ensinando a tocar harpa.

Ele ficou me analisando todo quando cheguei todo esbaforido.

_ Onde estava?

_ Espiando criadas da colheita de figos tomando banho no rio _ falei, rindo, ainda cheio da adrenalina da aventura de há pouco.

Aquiles fez uma careta.

_ Isso é errado _ disse ele.

Balancei a cabeça, ignorando.

_ Brincadeira de garotos.

_ Não deixa de ser errado.

Olhei para ele e suspirei.

_ Nem todo mundo tem uma índole perfeita como você, Aquiles.

Ele fez outra careta.

_ Qual o problema comigo?

_ Nenhum. _Suspirei de novo._ Esse é o problema. Você não falha nunca, algumas coisas você não vai entender.

_ Tipo a graça de espiar moças nuas?

Revirei os olhos.

_ Eu não devia ter te contado.

Ele se aproximou um pouco.

A PROFECIA (Aquiles & Pátrocolo FANFIC)Onde histórias criam vida. Descubra agora