13 🍓

318 20 8
                                    

Helô

Saí do quarto para acompanhar minha filha na lanchonete do hospital. Encarar a da minha investigada com a saúde comprometida não me fez ficar confortável naquele cômodo, mesmo fazendo apenas meu trabalho, como mãe me senti culpada.

Sentada de frente pra Drika mas com a vista a sua esquerda, fico atenta pelo olhar periférico ela me encarando sem parar, poderia até prever a pergunta que sairia a qualquer momento. Desde que nos afastamos do quarto a senti inquieta abrindo várias vezes a boca pra falar algo, porém não continuava.

Conhecendo a filha que tenho não vai demorar muito pra sair as palavras que estão engasgadas na garganta. É curiosa que nem o pai. Só ainda não entendi o seu receio em fazer logo a pergunta.

O que será que mudou?

Porque com ela nunca houve rodeios quando o quesito é o embate.

- Mãe? — finalmente resolveu acabar com aquela agonia.

- Oi? Quer que eu peça mais alguma coisa?

- Não, já tô satisfeita obrigada. — sorriu fraco. — Eu só queria saber o que tá acontecendo com a senhora e meu pai.

- Não tá acontecendo nada que vá pra frente, se essa é a sua preocupação.

- Olha aí. — apontou com o queixo em minha direção com o olhar convencido. — Essa é a minha preocupação. Quando vocês estão separados vivem nesse gato e rato. Vou logo avisando que não quero confusão na cabeça das crianças, já basta na minha. — cruzou os braços.

Compreendo seu ponto. E com certeza não é a única preocupada aqui. Porém não discutirei esse assunto já que não tenho uma justificativa plausível para o nosso comportamento.

- Pode ficar tranquila que não pretendo meter as crianças nisso.

- Se vocês brigarem é claro que vão perceber que alguma coisa tá errada, porque mudam completamente quando acontece e falo isso por experiência própria. — veio pra frente segurando minha mão posta sobre a mesa. — Só quero a felicidade dos dois.

- Eu sei. — falo beijando sua mão. — Agora vamos parar por aqui, foi só um resvalo.

- Sei, lembro muito bem que esses resvalos acontecem com muita frequência.

- Engraçadinha, não esquece que ainda sou sua mãe. — interrompi sua risada tentando fazer cara de brava. — Tô atrasada pra delegacia, você pode avisar ao seu pai que precisei ir?

Não queria voltar para o quarto. Com o questionamento da Drika finalmente saí da bolha que entro toda vez que Stênio tá por perto. Preciso refletir a distância sobre as consequências dessa nossa reaproximação. O Filipe, principalmente, deve ter lembranças de quando éramos casados e agora se acostumou com os avós divorciados, não quero nenhuma confusão na cabecinha dele. Mas ainda bem que fomos sensatos suficientes em não demonstrar nossas desavenças perto dele naquela época conturbada, para ele e a irmã somos bons amigos agora.

- Nem pensar mãezinha, não sou garota de recado. — disse negando com a cabeça. — A senhora não é mais nenhuma adolescente pra ficar fugindo do meu pai.

- Drika, Drika, vamos subir logo então garota. — falei levantando.

Ao chegarmos em frente ao quarto pedi pra ela chamá-lo. Não quis correr o risco de acabar ficando, ele sabia ser bem persistência quando queria.

Encostada na parede ao lado da porta só virei o rosto em direção ao quarto quando escutei o barulho do trinco. Ao me ver deu um pequeno sorriso que não chegou aos olhos.

Redenção Onde histórias criam vida. Descubra agora