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Stênio

Tenho vários arrependimentos na minha vida, mas se me perguntassem o maior deles responderia que foi em me relacionar por muito tempo com a mulher que ajudou a acabar com o meu casamento.

E, não!

Eu não traí a Heloísa, pelo menos não considero como uma traição.

Conheci a Thaís no escritório que eu estagiei ainda no primeiro casamento com a Helô e durante a maior parte do tempo fui designado pelo meu chefe a acompanhá-la nos tribunais, nessas idas que comecei a admirar seu amor pela advocacia, por ser cinco anos mais velha e já com uma boa reputação no ramo não quis abdicar do que poderia aprender com aquela profissional.

Porém, aí que começou o perigo.

Na época, a Thaís era a advogada mais requisitada do escritório e por isso precisei me ausentar diversas vezes dos momentos em família. No começo a Heloísa até levava numa boa porque ela sabia muito bem que no início de qualquer carreira é necessário provar a todo momento que somos merecedores daquilo.

Mas com o passar do tempo meu casamento entrou em precipício sem eu perceber.

De repente, não conseguimos mais nos entender dentro de casa, era um dia de briga e outro sem nos falar.

Sendo dois jovens com uma filha pequena, não tivemos maturidade para sentar e conversar sobre o que vinha dando errado no nosso relacionamento. Ao invés disso, me atolei no escritório e ela nos estudos se preparando para o concurso de investigador da polícia civil daquele ano.

Dia após dia na companhia da Thaís me vi encantado por aquela mulher mais experiente do que eu, tanto da vida profissional quanto pessoal. Até que em uma noite de comemoração na firma começamos a flertar de forma natural através de olhares e sorrisos, mas com o passar dos meses os flertes se transformaram também em frases de duplo sentido.

Aos poucos me perdi do Stênio que era casado com uma mulher maravilhosa e que me deu o meu maior presente, a nossa filha. Só fui perceber meu erro em uma noite que quase beijei a Thaís no escritório, apenas não aconteceu porque recebi uma ligação da Helô que foi providencial.

Naquele momento que atendi o celular percebi a voz da minha mulher trêmula e chorosa, meu mundo parou por alguns minutos quando me falou que estava com a nossa filha no hospital por conta de uma crise alérgica grave. Alí me senti o pior dos homens, enquanto minha família estava naquele lugar eu estava quase destruindo o que tinha de mais precioso.

Tenho certeza que se eu ultrapassasse aquele limite, não teria coragem de lutar depois pelo nosso relacionamento.

Não seria merecedor da Heloísa, na verdade até hoje não sei se sou.

Porém, mesmo a partir daquele dia ao decidir me desligar do escritório e por consequência me afastando completamente da Thaís não conseguimos reconstruir a grande crise que o nosso casamento atravessou. Passei um ano tentando convencer a Helô a desistir do divórcio até que finalmente aceitei a derrota e seguimos cada um o seu caminho.

O problema dessa história é que quatro anos depois me reencontrei com a Thaís no II Congresso Brasileiro de Direito Penal que ocorreu em São Paulo, sendo ela uma das palestrantes do evento. Quando chegou o último dia do congresso fomos ao bar do hotel em que estava hospedada e depois de vários drinks compartilhados subimos ao seu quarto onde passamos a noite fazendo sexo. Não vou ser hipócrita e dizer que não gostei, porque sim, se eu tivesse uma lista das melhores transas ela com certeza estaria no top três.

Solteiro e sem perspectiva de retornar com a Helô, confesso que vivi na libertinagem, apenas parava nas semanas que a Drika passava na minha casa.

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