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Hoje Helô não quis arriscar chegar atrasada na delegacia, saiu de casa uma hora antes do início do horário de seu plantão. Seria o dia que algum agente da Polícia Federal entraria em contato com ela para deixar informações sobre a operação conjunta.

- Delegada! Caiu da cama? — perguntou Yone entrando na sala compartilhada pelas duas.

- Bom dia Yone! — cumprimentou levantando os olhos do computador. — É que hoje vem alguém da Federal falar sobre uma operação, não quis vacilar e chegar depois da pessoa. — esclareceu.

- Nossa, não fiquei sabendo.

- Pois é mulher, o Delegado Geral veio ontem quando você já tinha saído. Mas não fala com ninguém sobre, preciso me inteirar primeiro. — pediu Helô.

- Pode deixar delegada.

As duas estavam concentradas em suas tarefas quando alguém golpeou levemente o batente da porta.

- Marcelo? — surpreendeu-se a delegada.

- Oi Helô. — falou sorrindo o homem fardado.

- Não sei como tô surpresa, era de imaginar que você estaria no meio dessa investigação. Entra! — levantou para cumprimentar o ex-colega de trabalho.

- Pois é, já tem uns dois meses de investigação. — respondeu cordial. — Mas surpreendido fiquei eu ao saber da sua saída da Federal, não fui agraciado nem com um tchau. — disse desapontado.

- Fui muito feliz por lá, porém quis voltar pra onde achei que seria mais útil. E desculpa, deveria ao menos ter ligado. — respondeu sensibilizada.

- Você é útil em qualquer lugar. Só por existir. — galanteou o homem.

- Mas me diz, qual é da investigação? — desconversou Helô, de qualquer forma estavam ali a trabalho.

Yone saiu fechando a porta, sabia que os dois precisavam de privacidade para conversar sobre o caso.

- Já ouviu falar sobre a prática BDSM? — perguntou entregando alguns documentos.

- Já sim, por quê? — questionou com estranheza.

- A nossa investigação envolve provavelmente um clube exclusivo para praticantes.

- Provavelmente?

- Sim, ainda é incerto. Mas resumindo, alguns dos nossos agentes estavam monitorando a dark web e descobriram a realização de leilões de algumas mulheres. — falou direto.

- Nossa! Não sei como ainda me choco com essas notícias. — disse alarmada.

- Realmente é difícil acreditar. Fizemos biometria facial com as fotos disponibilizadas e algumas bateram com casos de desaparecimento daqui do Rio de Janeiro.

- Certo, mas como chegaram a esse tal clube?

- É aí que chega na parte interessante. — enfatizou. — Todas as garotas frequentavam. Alguns conhecidos próximos revelaram no dia da denúncia de desaparecimento.

- Entendi! Tenho ótimos agentes aqui, vamos ajudar ao máximo nesse caso. — afirmou.

- Tenho certeza disso! Como você ajudou a desmantelar aquele caso de tráfico internacional de mulheres quando estava na Federal, achei importante essa força tarefa conjunta com a sua equipe, ainda mais que agora é delegada na crimes virtuais. — explicou Marcelo.

- Será um prazer destruir mais uma organização criminosa, obrigada pela confiança.

- Não precisa agradecer, o mérito é todo seu. — assegurou. — Preciso ir, fica com esses documentos pra ler com calma. Semana que vem a investigação vai tomar uma direção mais agressiva.

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