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Helô

Saí do transe ao escutar o barulho alto da porta da sala. Por ter ficado em completo estado de choque com esse mal-entendido, não tive como impedir Stênio de sair com raiva da minha casa. Não sei como chegou a essas conclusões sobre os meus sentimentos em relação a ele. Será que nos nossos casamentos sempre fui tão fria assim? Agora isso me faz refletir se ele realmente é o maior culpado de não darmos certo.

Durante o nosso primeiro casamento desconfiei por meses que estava me traindo, minhas suspeitas aumentavam principalmente nos dias que chegava tarde do escritório de advocacia em que trabalhava, além dos finais de semana que saía de casa por conta de algum cliente.

O que sempre negou.

Mesmo assim não acreditei e enfrentamos muita turbulência naquela época, raramente tínhamos uma semana sem discussões por diferentes motivos. Sabia que era um ambiente desfavorável para criação da nossa filha, então decidi pedir o divórcio.

Quase parti pro litigioso quando Stênio não quis assinar o papel, só depois de um ano o homem se deu por vencido, e a partir daí nossa ligação foi exclusivamente por causa da Drika ao optamos pela guarda compartilhada.

Considero ter sido o melhor pra nós três.

Lembro dela ter passado por uma adaptação muito dolorosa, sempre foi muito apegada ao pai e era ele que lia as estorinhas antes de dormir. Ela dizia que comigo não era a mesma coisa, eu não dava as vozes engraçadas para os diferentes personagens segundo ela.

Muito exigente para quem tinha apenas seis anos.

Nisso resolvi fazer algo diferente. Comecei a cantar músicas pra ela dormir e nesse momento construímos nossa maior conexão entre mãe e filha naquela idade.

Assim atravessamos a sua infância.

Na casa do pai tinham suas tradições e na minha outras mais. Tentamos deixar ela fora das nossas confusões e conseguimos com maestria, pelo menos, até ela perceber na adolescência como os adultos são complicados, principalmente os próprios pais.

Nessa fase de rebeldia de adolescente da Drika que eu e Stênio começamos a ter nossas recaídas.

Não esqueço da primeira vez, quando me chamaram na diretoria da escola porque ela bateu em uma colega de classe. Não recordo o motivo que a levou a chegar nesse ponto, porém fiquei puta com Stênio por ter incentivado a filha a revidar fisicamente as provocações sofridas. Quando soube pela boca da própria que o pai a apoiou com antecedência, a deixei em casa com a Creusa e disparei para o seu escritório no intuito de tirar satisfações sobre a educação que estava dando a ela.

E foi no meio da nossa discussão que o meu fogo por ele reacendeu.

Na tentativa de me calar, o homem me roubou um beijo de tirar o fôlego durante nossas trocas de acusações, o que pra minha surpresa correspondi sem lutar. Antes desse momento não tinha ideia da saudade que eu tava do toque das suas mãos na minha cintura, da sua boca na minha, e o principal, do nosso amor.

Ficou praticamente impossível não ceder quando começaram as suas investidas para reatar nosso casamento, mas no primeiro momento minha tática foi desdenhar dizendo que eram apenas resvalos e que estava fora de mim por permitir que aquilo ocorresse. No entanto, anos depois finalmente dei mais uma chance pra gente. Com nossa filha já na fase adulta. Talvez essa foi minha maior preocupação, não quis deixá-la novamente exposta se não déssemos certo outra vez.

Nos casamos pela segunda vez apenas quando a Drika se uniu com Pepeu, mesmo sendo contra naquele tempo porque o achava muito desajuizado para um compromisso tão sério. Entretanto ela já era adulta e podia decidir traçar o próprio caminho, já estava construindo sua própria família, sendo assim eu não precisava mais cuidar dela diariamente.

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