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Helô

Passados dois meses infiltrados no Lux, finalmente consideramos a investigação como avançada. Já tínhamos provas de transações para paraísos fiscais envolvendo os donos do clube em nomes laranja, mas com tecnologias avançadas pudemos desvendar a origem do dinheiro. É um grande esquema onde as mulheres são escolhidas por meio de competições envolvendo dominadores e submissas que recebem convites exclusivos da organização do evento. Empresários poderosos como donos de hoteis, hospitais, além de alguns políticos participam como “jurados”. Sendo uma oportunidade perfeita na predileção das vítimas, onde posteriormente são tiradas fotos que são jogadas na dark web. É nesse submundo da internet que será decidido o destino desconhecido dessas mulheres, onde os compradores são anônimos. Será um escândalo midiático quando for revelado, por isso tenho maior preocupação em manter em sigilo essas informações. Nada poderá atrapalhar a operação, tudo nesse caso está sendo desenrolado com cautela.

-Temos provas suficientes, só chamarmos para depor os irmãos Bittencourt. Não podemos esperar algum vazamento de informação. Eles precisam ser pegos de surpresa — alerto preocupada. Estamos mexendo com muitas pessoas influentes.

- Você tem razão, por isso o Peixoto vai fazer essa reunião com o alto escalão hoje.

- E o que mais ele falou?

- Só que vai me dar a resposta assim que acabar. Amanhã mesmo poderão ser intimados.

- Que ótima notícia Marcelo. Não vejo a hora de colocar a mão nesses caras.

Não lembrava a última vez que consegui passar um fim de semana em casa desde o início dessa investigação conjunta. Sentia-me esgotada em relação ao trabalho e do outro lado Drika cobrando mais presença nos passeios em família. Confesso que morria de saudade dos meus netos, porém não curtiria a companhia deles da forma que mereciam. Acabaria estragando esses momentos. Além disso, não dormiria em paz sabendo que estava me divertindo enquanto outras famílias perdiam suas mães, irmãs ou esposas.

Tudo corria conforme imaginamos. O juiz emitiu as intimações para condução dos irmãos à delegacia e estamos nesse instante aguardando o nascer do sol para entrarmos em suas residências. Nessas horas que fico em alerta, todas as possibilidades rondam minha cabeça tanto em possíveis fugas quanto em olhar a reação dos suspeitos ao serem descobertos.

Quando chega a hora saímos das viaturas. Estava encarregada de levar a sócia Paula Bittencourt à delegacia, enquanto Marcelo buscaria Mauro Bittencourt em outro condomínio. Subimos em direção ao apartamento localizado no terceiro andar, era um prédio bem localizado em frente a praia que deveria custar uma fortuna. Ao visualizar o número correto do apartamento apertei três vezes a campainha. Enquanto espero a abertura da porta encaro fixamente o olho mágico até ouvir o barulho do trinco girando. Mas ao invés da investigada, eu que fico surpresa ao olhar a pessoa que abriu.

- Helô? O que faz aqui? — perguntou assustado com o semblante de quem acordou a pouco tempo ou quem sabe nem dormiu.

Imaginei vários cenários ao bater naquela porta, porém a realidade que me aguardava não estava nem em meus sonhos mais irreais. A capacidade que as pessoas em minha volta mentiam era impressionante, poderia dizer que estava acostumada por conta do trabalho, já que enfrentava isso todos os dias interrogando os bandidos na delegacia. Mas era tolice, essa sensação de desapontamento só mudaria quando não me importasse mais. E infelizmente ainda importava. Sabia muito bem que a investigação apontava a suposta amiga de Stênio como cúmplice, só não imaginava encontrar com ele antes da hora.

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