8 🍓

302 20 8
                                    

Stênio não poderia adivinhar que pela primeira vez em anos Helô deixou o trabalho em segundo plano. Sendo esses episódios um dos motivos de intensas brigas no segundo casamento. Porém o principal, foi o ciúmes que sentia pelo colega de trabalho dela. Mesmo ciente que esse sentimento poderia iniciar um desgaste no casamento, não conseguia controlar. Ainda mais por ter quase certeza que Marcelo nutria um afeto que cruzava o carinho de um amigo. E não era loucura da sua cabeça como dizia Helô. Em um encontro ao acaso o desgraçado teve a coragem de falar na cara dele que amava sua mulher e que iria atrás da reciprocidade depois que soube do divórcio. Pelo visto conseguiu.

- Helô meu amor. Tá aí?

Escutaram mais uma vez Marcelo chamando do outro lado da porta.

- Pelo visto não tem vergonha de ser corno. — olhou pra ela com raiva, não fazendo questão de diminuir o tom da voz.

- Não é nada disso que você tá pensando. — aflingiu-se.

- Nos poupe de mentiras Heloísa. — se desprendeu do seu abraço. — Não me coloque como louco igual anos atrás. Não vou mais fazer papel de idiota.

- Tá insinuando o quê? Que eu te traía?— começou a se magoar. — Não venha jogar a culpa das suas desconfianças descabidas em mim. — apontou o dedo em sua direção.

- Pelo que tô vendo não foram descabidas. Aposto que depois de assinar o divórcio você foi direto comemorar na cama dele. — falou recolhendo as roupas jogadas no chão.

- Eu não acredito que tô escutando isso. — riu triste. — Vou fingir que você não proferiu essa frase.

- Se quiser repito. — afirmou. — Sempre só eu fui colocado como o errado nesse casamento. — continuou. — Às vezes preferia não ter te conhecido. — arrependeu-se na mesma hora que aquelas palavras saíram de sua boca.

- PORRA! Tem ideia do que acabou de falar? — gritou. — É isso que você acha? — perguntou com os olhos lacrimejando, não fez questão de esconder o quanto aquilo a feriu. — Se já esqueceu vou fazer questão de lembrar que a nossa filha e os nossos netos estão aqui com a gente hoje por conta do dia que você preferia não ter me conhecido. — finalizou também pegando o macacão jogado perto da porta.

Já vestido ficou parado refletindo sobre a merda que passou pela cabeça e externou no momento da raiva. Ela era a que tinha menos culpa do casamento deles não ter dado certo por duas vezes. Tinha ciência disso.

- Eu não quis falar isso.

- Mas falou. E eu não lamento nenhum pouco aquele dia há 30 anos atrás. — olhou-o séria. — Porém, me arrependo amargamente de continuar insistindo nessa relação. Acho melhor a gente entender o quanto antes que isso nunca vai dar certo.

- Agora é você que tá falando besteira. — retrucou carrancudo.

Avistou o momento que Helô se preparou pra ir embora. Não queria deixar aquela conversa finalizar daquela forma.

- Cadê a chave Stênio? — a delegada estava de volta percebeu triste.

- No meu bolso, já vou abrir. — tentaria acalma-la. — Primeiro queria pedir desculpas, confesso que fui infeliz falando aquilo. — se aproximou dela. — O nosso amor e os frutos dele nunca serão o motivo do meu arrependimento. Tenho certeza que não encontraria a felicidade em outro lugar. — a abraçou pela cintura beijando o canto de sua testa.

- Nunca mais fala isso. Não quero nem pensar a minha vida sem ter conhecido vocês. — disse beijando o peito coberto.

- Nunca mais. — garantiu se afastando para abrir a porta.

Redenção Onde histórias criam vida. Descubra agora