Capítulo 6

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Sangue na minha camisa, uma rosa na minha mãoVocê está me olhando como se não soubesse quem eu souSangue na minha camisa, o coração na minha mão

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Sangue na minha camisa, uma rosa na minha mão
Você está me olhando como se não soubesse quem eu sou
Sangue na minha camisa, o coração na minha mão

Teeth





Pierre curvou-se no meio da rua, vomitando todo o jantar. A lataria da moto fora manchada com o tom escarlate, tornando-a um exemplo do tipo de destruição que Charles buscava no mundo. O forte odor o deixava doente, intoxicado com a sensação de perda que tentava esquecer. Ainda conseguia ouvir e sentir o crânio ceder diante da velocidade imposta, completamente vulnerável a um assassinato.

Não soube por quanto tempo esteve ajoelhado no chão. O som das ondas não chegava até seus ouvidos, sendo abafadas pelo que a mente preferia lembrar.

Ele odiava a morte.

Todo seu corpo sentia grande repulsa com a verdade que o esperava logo à frente.

A morte levou seu melhor amigo. Sua alma gêmea. A pessoa mais importante na vida de Pierre. Em noites confusas, ele andava sozinho por Monte Carlo, procurando o rosto do melhor amigo, para que a mentira aplacasse sua profunda tristeza.

Charles nunca aceitou. Fingia ter digerido o que fizeram com ambos, porém bastava relembra-lo o que significava sentir dor.

A dor da perda era sombria. Torturante. Ás vezes nada era capaz de amenizar a fúria que assolava a alma. A negação se tornava um remédio viciante sem promessa de cura.

Como se não bastasse os traumas adquiridos com pouca idade, Charles o colocava entre a forca e a espada.

Claro que seria ele.

Não podia ser outra pessoa.

Pierre limpou o vômito no queixo com a manga do casaco. Sua dignidade fora jogada no lixo.

Ele matou um homem.

Um estuprador.

Precisava pensar naquilo. Focar no crime cometido, não na culpa que o perturbava.

O som da Ferrari não foi o suficiente para que Pierre levantasse do chão, mantendo-se com os ombros caídos e cabeça baixa.

— O que deu em você? – fora tudo que Charles disse.

Não havia remorso, tristeza ou culpa. Não existia nada dentro de Charles fazia anos. Pierre ainda se lembrava com clareza dos dias específicos que eram o suficiente para prostrar um homem que se intitulava incapaz de sentir. Eram momentos nublados e frios, propício a lágrimas sem fim e desespero. Não havia sono ou paz.

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