Capítulo 8 - Hanna Tompson

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Não dormir direito, quando levanto o senhor Moss ainda não levantou. Decido me vestir e preparar algo para comer.

Desço e mexo nos armários. Ele disse que não vem muito aqui, então presumo que tenha pedido para alguém comprar suprimentos.

Opto por fazer panquecas. Coloco os fones de ouvido e cozinho. Me seguro para não dançar e passar vergonha outra vez.

Não sei quanto tempo passei cozinhando, mas quando me viro para colocar as panquecas no prato, vejo o senhor Moss sentado no banco apoiado na bancada.

Ele está me olhando sério, será que ficou desconfortável por eu estar mexendo nas suas coisas? Droga, nem imaginei isso. Tiro os fones e coloco as panquecas nos pratos.

— Desculpa mexer nas suas coisas, acordei cedo e decidi fazer algo... — me interrompe.

— Já disse, não me peça desculpas. Não me importo que mexa. — lhe entrego um prato.

— Sim, senhor. — sorrio.

Me sento ao seu lado.

— Quando não estivermos trabalhando me chame de Liam. Com "senhor" me sinto velho. — bebe o suco.

Lhe olho surpresa. Uau, ele está diferente.

— Entendido. Me chame de Hanna também. — começo a comer.

Após um tempo em silêncio ele diz:

— Você está sempre escutando música. — não é uma pergunta.

Ele anda reparando.

— Sim, aprendi a amar escutar música, e claro dançar também. — falo me lembrando do episódio em que me pegou dançado na sua sala. — Meus pais me ensinaram. — digo.

Ele me olha enquanto come.

Estou surpresa por ele estar puxando conversa.

(...)

O dia foi cheio, tive que acompanhar o senhor... o Liam em reuniões e vistorias em alguns apartamentos. Como pediu, lhe chamei de senhor Moss durante todo trabalho.

— Está com fome? — pergunta assim que sentamos no carro.

Quem dirige é o mesmo homem que nos trouxe do aeroporto.

— Morrendo. — digo sorrindo.

Ele dá um pequeno sorriso, se vira para frente e fala com o motorista:

— Roger, dirija até o La Sauce. — o homem que agora sei que se chama Roger liga o carro e sai.

Ficamos em silêncio durante o percurso. O Liam é... estranho. Uma hora ele fala, sorri, puxa assunto... E na outra fica sério e não expressa nenhuma emoção. É difícil acompanhar essa sua personalidade.

Ele está mexendo no celular, então decido escutar música.

Aprendi a amar escutar música por causa dos meus pais sim, mas também pelo fato de que, quando escuto música, tudo na minha cabeça silencia. Eu penso demais, vinte e quatro horas por dia, então, quando coloco os fones de ouvido, tudo fica em completo silêncio.

Um tempo depois, o carro para em frente a um restaurante chique. Tiro os fones e desço do carro atrás do meu chefe... do Liam. Mentalmente não preciso chamar ele de "senhor Moss" ou "chefe".

Ele coloca a mão nas minhas costas e me guia para dentro do restaurante. É enorme aqui dentro, tudo na cor bege. Muitas pessoas com cara de ricas... me sinto desconfortável, não me encaixo aqui.

Ao ver minha relutância, Liam me da um empurrãozinho de leve para que eu continue a andar.

Uma mulher vem na nossa direção comendo o Liam com os olhos. Ridícula! Se eu fosse a namorada ou esposa dele seria uma falta de respeito, estou aqui do seu lado.

Eles falam em francês e nos leva até uma mesa longe de algumas pessoas. Liam puxa uma cadeira para eu sentar. Murmuro um "obrigado" e me sento, ele dá a volta e senta na minha frente.

Pega o cardápio e faço o mesmo, não entendo nada, e tudo parece tão caro...

— O que você vai querer? — pergunta me olhando.

Olho para ele e depois para o cardápio.

— Não entendo nada. — lhe olho.

Ele dá um sorrisinho abaixando o seu cardápio e diz:

— O que você não gosta, ou tem alergia? — largo o cardápio.

— Não tenho alergia a nada, e sobre o que não gosto... — penso. — ... frutos do mar. — digo.

Ele concorda com a cabeça. Abre o cardápio e começa a traduzir tudo que não seja frutos do mar. Escolho por fim e ele também escolhe o dele. Chama o garçon que anota nossos pedidos. O homem se vai, nos deixando a sós.

— Senh... Liam, obrigada por me trazer aqui, mas não quero lhe causar prejuízo, sabe? Nos poderíamos ter ido em um lugar menos... — olho em volta. — ... caro.

— Você não causa prejuízo e... não vai me fazer falta. — fala olhando nos meus olhos.

— Eu sei... você é rico. É só que não me sinto bem com toda essas regalias e pessoas chiques em volta, é estranho para mim, nunca tive nada disso. — bebo a água.

Ele me olha em silêncio por alguns segundos até que diz:

— Não se sinta estranha, você é magnífica, se encaixa em tudo. E sim eu sou rico, mas... as vezes também é estranho para mim. — pisca um olho.

"Você é magnífica", uau.

A comida chega, e está uma delícia. Após comermos o jantar, ele pede para que eu escolha uma sobremesa, e óbvio que escolho uma de morango.

Notando minha empolgação diz:

— Você gosta tanto de morangos assim? — dá um sorrisinho.

— Muito. Tive um aniversário com tema de morangos quando era adolescente. — sorrio ao me lembrar daquele dia.

— Impressionante. — diz.

Comemos a sobremesa, que também estava uma maravilha e voltamos para o seu apartamento.

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