Meu segundo dia em Paris... a trabalho.
Já estamos na rua fazem cinco horas, passando de obra em obra, reuniões e reuniões. Anoto tudo, até a coisa menos importante.
— Olá, bela moça. É a americana que está com o Liam Moss, certo? — um homem que aparenta ter a idade do Liam, pergunta.
— Isso. — sorrio.
Me viro ficando frente a frente com o homem. Ele veste um terno azul escuro, cabelos penteados para o lado direito, barba bem feita. Seu cheiro é forte de um jeito que me incomoda.
— Você gostaria de sair para jantar? Posso te mostrar uns lugares em Paris. — ele fala com sotaque, então presumo que seja daqui.
Abro a boca para responder, mas escuto a voz do Liam, atrás de mim.
— Sinto muito, Pierre. Minha funcionária está ocupada, e não está aqui para passeio. — seu rosto está sério.
— Claro. — responde o homem e se afasta.
Observo o tal do Pierre se afastar. Desvio o olhar para Liam, parado ao meu lado.
— Você não me deixou responder. — digo lhe encarando.
Ele me olha em silêncio por alguns segundos e diz:
— Ele não é um boa pessoa. Aliás, ia te levar para jantar, passamos o dia na rua. — sorrio.
— Tudo bem. Para onde vamos? — pergunto indo na direção da saída do prédio.
(...)
O lugar que o Liam me trouxe é perfeito, tudo muito chique, assim como o outro que me levou. Diferente da primeira vez, me sinto mais confortável, mas, presumo ser por conta do meu chefe. Estamos indo bem nesse lance de amizade desde a noite passada.
Ele continua com as mudanças de humor, porém, tenta não me afetar com isso. É muito gentil da parte dele.
Ainda não descobrir por que não gosta de ser tocado, percebi que não é só comigo. Enquanto come lhe observo tentando desvendar esse mistério...
— O que foi? — sua pergunta me faz sair do meu devaneio.
— Posso fazer uma pergunta? — dou um sorrisinho.
Ele olha para minha boca e então diz.
— Diga. — volta a me olhar nos olhos.
— É... por que não gosta que te toquem? — sou direta.
Ele fica em silêncio por alguns segundos até que diz:
— Não vou responder à sua pergunta. Pergunte outra coisa. — bebe o vinho.
Reviro os olhos, mas, penso em outra pergunta.
— Qual seu passatempo? — lhe olho.
— Participo de corridas. — diz rapidamente.
— Você não parece ser esse tipo de cara que corre por aí, com óculos escuros de manhã cedo. — faço uma careta.
Ele dá uma risada, e voluntariamente sorrio também.
— Não esse tipo de corrida. Corrida com carros, tipo fórmula 1. — ah... tá explicado o carrinho em miniatura.
— E como você foi parar na arquitetura, se gosta de correr? — espero pela sua resposta, que demora um pouco.
— Pensando bem, não sei... acho que para ter um emprego reserva, caso a corrida não dê certo. — explica.
— E está dando certo? — pergunto.
— Até o momento sim, mas, não o suficiente. — da um gole no vinho.
— Você não tem medo de se acidentar? Já assisti esse tipo de corrida na televisão, é bem perigoso. — ele concorda com a cabeça.
— E é, porém... não me importo. Não tenho com quem me importar, caso algo aconteça. — diz.
Sua voz soa fria, mas sua expressão parece triste.
— E seus pais? — pergunto sem me importar que ele é meu chefe.
Ele demora a responder.
— Meu pai morreu quando eu ainda não tinha nascido, e minha mãe... é complicada. — respira fundo.
Analiso sua resposta. Esse assunto parece lhe incomodar, então, mudo para outro.
— Já viajou para quantos lugares? — faço uma pergunta aleatória.
E funciona, ele está se abrindo. Não totalmente, mas, já é o suficiente. Ele me conta que já viajou para dezessete países, e o escuto atentamente falar sobre todos.
(...)
Estamos de volta ao seu apartamento, não fomos dormir, apesar de já ser tarde. Estamos na cozinha bebendo vinho e conversando sobre o meu ex chefe.
— Ele era um chato, ignorante e grosso — digo.
— Você vai falar assim de mim quando eu for embora? — ele me olha sério.
Penso muito antes de dizer, mas, opto pela verdade. Acho que já estou bêbada.
— Sim. Vou guardar nossa amizade em segredo, então falarei mal de você por aí. — dou um sorrisinho.
— Você já está bêbada? — levanta uma sobrancelha.
— Não. — bebo mais um gole. — Então, esse seu lance de corrida, é sério? — apoio os braços na bancada da cozinha.
— Estou tentando fazer com que seja. Por enquanto foco na arquitetura, não quero deixar ela totalmente de lado caso eu consiga correr profissionalmente. — concordo com a cabeça.
— Eu gosto desse Liam. Ele não me deixa confusa. — bocejo.
Ele me encara e depois diz:
— Acho melhor você ir dormir. — sorri e se levanta.
— Eu vou, mas, só porque eu quero. — me levanto da cadeira.
Sem me despedir, ando até a escada.
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O Que Está Acontecendo Comigo? - Livro único
Romance(+17) Hanna Tompson já passou de tudo durante a infância e adolescência, mas, independente do que aconteceu, aquela história ficou para trás. Uma mulher feliz e alegre, até que sua vida muda de cabeça para baixo após conhecer Liam, seu chefe, um car...