O Que Está Acontecendo Comigo? - Livro único

Capítulo 12 - Hanna Tompson

Atenção: Este capítulo pode conter gatilhos.

Não mexo nada além da boca, sei que se lhe tocar ele se afastaria, então mantenho as minhas mãos para baixo.

Sempre me imaginei beijando ele, e agora está acontecendo... Meu Deus, estou beijando meu chefe? Ah, que se foda.

Ele desce suas mãos para minha cintura, não me contenho e toco seu rosto. Liam não se afasta, então aproveito o momento.

Seu beijo tem gosto de whisky com menta. Sua pegada é firme, e ao mesmo tempo suave. A reação do beijo chega lá no meio das minhas pernas.

Me afasto apressadamente, não sei aonde ele pode querer ir com isso. Respiramos com dificuldade enquanto nos olhamos.

— Liam, não.

— O que eu posso fazer? — se afasta um pouco e se encosta em umas prateleiras.

— Nascer em outra vida, talvez? — dou uma risadinha falsa. — Você não vê? Somos completamente diferentes. Além do fato de eu ser sua funcionária, claro. — cruzo os braços.

— Você ser minha funcionária não importa, Hanna. — fala com raiva.

— Claro que importa, o que as pessoas vão pensar de mim? — ele sorri.

— Não somos tão diferentes, ruivinha. Veja só você se importando com o que as pessoas vão pensar sobre nós. — aponta para mim.

Fico confusa.

— E o que isso tem haver? — pergunto.

— Você tem defeitos, assim como eu, assim como todo mundo, Hanna. Eu estou disposto a concertar os meus, mesmo que não seja todos. Você está? — olha nos meus olhos.

Desvio o olhar e penso.

— Liam... — me interrompe.

— Eu te conto o porquê não que me toquem. — lhe encaro surpresa.

Achei que estivesse mentindo, mas, foi sincero. Ele realmente quer contar.

— Vamos sentar. — diz e sai do closet.

Lhe acompanho até um pequeno sofá que fica no canto do quarto. Espero que comece a falar.

— Meu pai morreu antes de eu nascer. — apoia os braços nas pernas, ficando inclinado para frente. — Minha mãe teve que me criar sozinha, então ela descontou a morte do meu pai em mim. — diz olhando para a cama em nossa frente.

O que ele quer dizer com isso?

— Ela me maltratou durante toda a minha infância e adolescência. Eu não percebi que isso não era amor, só notei quando saí de casa com vinte anos. Eu apanhei de todas as formas possíveis, com todos os objetos possíveis, Hanna. Ela me queimava, me cortava, e me batia. E eu não fiz nada porque achava normal, achei que ela estava me educando... — para de falar de repente.

Nem percebi que estava chorando. Isso é terrível. Continuo em silêncio.

— Eu saí de casa, mas, não me afastei totalmente. E agora ela me ligou dizendo que está doente e que preciso ir vê-la. — muda de posição se encostando no sofá, gira a cabeça e me olha. — Não chore. — enxuga minhas lágrimas.

— Liam, eu... eu sinto muito, por tudo isso que você passou, agora tudo faz mais sentido.

Ele sorri, mas, o sorriso não alcança os olhos.

— Posso falar uma coisa? — me aproximo.

Ele confirma que sim com a cabeça.

— Eu sei que é sua mãe de sangue, só que... ela não merece ter contato com você, ela não foi uma mãe de verdade por fazer essas coisas. Por que você continuou sendo próximo dela? — me viro de lado, ficado de frente para ele.

Ele me olha por alguns segundos em silêncio e diz:

— Ela está sozinha, só tem a mim. Meu pai morreu. — respira fundo.

— Nossa, você é cego ou o que? Só porque ela tem o mesmo sangue que você, e te colocou no mundo, não significa que seja sua mãe de verdade. Olha só como ela te deixou mentalmente. — falo irritada.

Ele levanta a cabeça se virando de frente para mim.

— Hanna, não se meta nisso. É coisa do passado. — diz sério.

— Não, não é. Você não deixa ninguém te tocar por causa dos seus traumas. Isso tem que acabar, Liam. — toco na sua mão.

Ele abaixa o olhar para nossas mãos e vejo que está relutando contra meu toque. Me afasto.

— Quero ir embora. Agora. — me levanto e volto para o closet.

Ele não vem mais atrás de mim, apenas me observa enquanto arrumo a mala.

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