18 - Reconhecer

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jay

Fazer amizade com gente esquisita é algo que se tornou comum nos meus dezessete anos de vida, mas às vezes me pergunto se Heeseung, Jungwon e Jake (carne nova no pedaço, mas tão maluco quanto os outros) não têm nada mais interessante para fazer no recreio do que discutir por que não existe sorvete de laranja.

— Isso me deixa louco — Jungwon dizia sem parar. — Tantos sabores e nenhum da bendita laranja!

— Já li sobre isso uma vez. — Jake sorriu gigante e cheio de orgulho, porque adora explicar coisas que a maioria das pessoas não sabe.

— Você e sua diversidade de leitura. — Ri soprado. — Não cansa, não?

— Conhecimento é tudo. — Se usasse óculos, tenho certeza que o ajeitaria após completar a frase. Como não usa, sorriu de novo e retornou àquele assunto com voz de gente bem informada: — O sumo da laranja amarga com o passar do tempo, por isso os produtos derivados da fruta não são bem aceitos pelo mercado.

Ficamos de pé e o presenteamos com uma salva de palmas. Jake curvou-se e fingiu estar comovido com os tapinhas nas costas e elogios misturados com risadas.

— Obrigado, obrigado.

★★★

Jongieee... — mamãe cantarolava ao descer as escadas até a cozinha, onde eu me encontrava recostado à geladeira, tomando leite puro. Ela deu uma voltinha, e entendi que queria minha opinião sobre o vestido verde e florido que comprou com tia Yun aquele dia. — O que achou?

Enxaguei o copo vazio e o deixei no escorredor de louças. Sequei as mãos.

— É bonito. — Notei que não gostou da simples resposta, e completei antes do possível resmungo: — A senhora ficou linda com ele, sério. Combinou muito.

Satisfeita, ela abriu um sorriso.

— Obrigada, querido.

— De nada. Ficou bonito mesmo. Vai usá-lo em uma ocasião especial?

Mamãe colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, e de repente o rosto se avermelhou.

— A-Ah, acho que não... quero dizer, não tenho nada marcado, mas quem sabe uma hora não surja algo à altura desse vestido, não é?

— Bom, se a senhora diz...

Assim que dei um passo para sair da cozinha, mamãe segurou meus punhos e vi em seus olhos certo receio. Ela abaixou a cabeça e mordeu os lábios para conter um suspiro. Tinha algo ali. Eu sei que tinha.

Ela ergueu o rosto e me encarou.

— Quem estou querendo enganar? Você é meu filho, me conhece melhor que ninguém.

— O que aconteceu?

Nos sentamos à mesa, e mamãe apertou minha mão à dela; não soltaria tão logo.

— Quando fui sair com sua tia Yun, o Sr. Moon estava em frente à casa, você sabe, regando aquelas plantinhas que ele tanto cuida e... bom, a gente conversou por um minuto e...

— Eu vi — revelei. Ela franziu a testa, e dei um sorrisinho envergonhado por ter sido bisbilhoteiro. — Fiquei espiando pela janela. Desculpa, mãe. Mas não deu pra ouvir nada, juro. Só vi vocês dois conversando, e tia Yun buzinando com o carro. Sobre o que falavam?

— Esse é ponto, Jongie. Ele me chamou pra jantar e... eu aceitei...

Empaleci.

— A senhora aceitou? Tipo, aceitou mesmo?

Preparar, apontar... Já! -    JAY (ENHYPEN)Onde histórias criam vida. Descubra agora