10 - Se a vida lhe der tênis, por favor: não corra

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yuri

— O Jungwon tá de boné vermelho de novo — Sunoo comentava enquanto eu me aquecia.

— Isso tem a ver com alguma coisa?

— É como um amuleto da sorte para mandar boas energias ao Jay. Eu os ouvi conversando que na segunda corrida entre vocês, ele perdeu porque Jungwon esqueceu o boné em casa.

Que bizarro.

— Esse negócio funciona mesmo?

Sunoo deu de ombros.

— Talvez, sei lá. Quando ele corria com os outros meninos, parecia funcionar. Agora não tenho tanta certeza assim. Você deve ser bem especial.

Sorri. Talvez não funcionasse quando sua oponente fosse eu..

Então quis que ele soubesse disso.

— Não funciona comigo — murmurei, ao lado dele, pronta para correr. Jay não entendeu. — O boné. Acho fofo que você e seu amigo acreditem que ele dá sorte, mas comigo isso não rola.

— É o que vamos ver — ditou e, por um segundo, um mínimo segundo, perdi a fala.

Concentre-se, garota. Sem distrações.

Jungwon, o garoto das covinhas, com aquele boné de tom avermelhado vibrante, deu a largada com o apito.

Como das outras duas vezes, nossos pés tinham uma perfeita sincronia e estávamos lado a lado. Na terceira volta, eu o passei e percebi que ganharia de novo. Diminuí a velocidade de repente. Não sei por que fiz isso. Talvez queria que ele sentisse o gostinho da vitória de novo, para dá-lo um pouco de felicidade e que ele finalmente pudesse dormir em paz por não ter perdido de novo para mim. Mas foi bom ter feito isso. Porque, na quarta e última volta, a diretora passava pelo pátio e, felizmente, não fui eu quem a derrubei.

— PARK JONGSEONG!

MEU DEUS, ELE DERRUBOU A DIRETORA!

Sunoo e Jake, que assistiam a revanche da revanche, foram correndo ajudá-la a ficar de pé, e escutei as risadas de alguns alunos que estavam por ali quando viram que o popô da diretora ficou sujo com a poeira do chão. A saia justa foi lá em cima e quase vimos mais do que devíamos. Torci para tirar aquela imagem perturbadora da cabeça antes que tivesse pesadelos na hora do ronco.

— Senhora Yoon, mil desculpas! Juro que não vi a senhora pelo caminho! — Jay suplicava, ajoelhado no chão, e fiquei me sentindo mal por estar querendo rir daquela cena.

Ela caiu feito uma jaca madura!

— NÃO ME VIU? — Opa, ela parecia brava. — NÃO ME VIU?! POR ACASO VOCÊ NÃO PRECISA DE ÓCULOS, JONGSEONG?!

— E-eu deixei em casa! — Tadinho, que dó. Ele se levantou e juntou as mãos para implorar. — Por favor, diretora! Eu não posso levar bronca, minha mãe vai ficar decepcionada e vou levar um castigo daqueles!

— Que é o que você merece. — Os olhos dela me davam medo. Ainda mais quando se chocaram com os meus. — Você... — Ai, não. — Você estava junto a ele, correndo, não estava?

— B-bem... — Olá, gagueira maldita, como vai? — S-sim?

O que adiantaria negar? Ela tinha visto mesmo...

— A senhorita irá fazer companhia ao Jongseong no castigo — ditou ela. Abri minha boca a fim de protestar porque não fui eu quem a derrubei e isso era muito injusto, mas ela levou o dedo indicador à boca, pedindo silêncio. — Sem desculpas, mocinha. Você estava junto.

Preparar, apontar... Já! -    JAY (ENHYPEN)Onde histórias criam vida. Descubra agora