25 - Compreensões

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yuri

Os reforços matemáticos com Jake renderam bons resultados. Numa avaliação, tirei uma nota tão boa que fui parabenizada pela professora.

— Tá vendo isso aqui? — Eu segurava aquela prova abençoada na frente do meu salvador australiano. Apontei para o grande 34 estampado no cantinho da folha. — É um notão! Tipo, meu Deus, eu só errei umazinha! Realmente sou eu a dona dessa prova?!

Jake deu um sorriso.

— Eu disse que você ia conseguir. Agora já dá pra admitir que matemática não é lá um bicho de sete cabeças, não é?

— De sete, talvez não. Mas continua sendo meio chatinho, Jaey... Jake. — Ainda tinha o costume de chamá-lo pelo outro nome. Ele riu. — O jeito é praticar. — Deixei o resultado do meu empenho dentro do caderno e o fechei, enquanto Jake murmurava "é isso aí".

Era recreio, mas quis ficar na sala para terminar um dever que não tinha feito e precisava entregar na próxima aula. Jake me fez companhia porque Sunoo havia faltado.

— Hein — puxou assunto —, ficou sabendo que depois das apresentações vai rolar uma comemoração no salão de festas do colégio?

Parei de encucar se a folha amassaria ou não onde a deixei, e o encarei.

— Acho que o Sunoo comentou isso comigo, mas não prestei muita atenção. É sério?

— Parece que sim. Bom, é o que eu andei ouvindo na sala dos professores.

Balancei a cabeça em negação, rindo fraco.

— Que bisbilhoteiro você, hein?

Jake ergueu os ombros, acanhado.

— Não é bem bisbilhotar... Você sabe que vivem me mandando buscar café, provas e tudo quanto é coisa lá. Aí eu... só ouvi. E olha: pelo que fiquei sabendo, vai ser só entre a gente. Só com os segundos anos e o primeiro ano C...

Uma festa só com gente conhecida me cheirava bem. Mas havia algo de insinuante no tom de voz de Jake que me deixou intrigada. Ele queria dizer algo, mas parecia um tanto... tímido? Eu não sabia distinguir o que era.

— Yuri... — começou, quase num gaguejo. Fiquei imóvel na cadeira ao vê-lo se levantar e botar as mãos nos bolsos. — Sabe, nesses dias em que a gente ficou estudando juntos, eu meio que fui me ligando de umas coisas e... eu acho que gosto de você.

Abri a boca. Fechei. Abri de novo. E não soube o que dizer.

— Jake...

— Na verdade, acho que já tem um tempo. — Parecia ter tomado coragem agora. Continuou falando enquanto eu sentia o coração apertar, porque não era recíproco. — É que você é, sei lá, tão você! Não sabe como foi doído guardar isso por tanto tempo... Sabe, eu fiquei com medo de contar e, sei lá, você nunca mais querer falar comigo. Mas você é tão incrível que eu...

— Jake — falei outra vez, e seus olhos se concentraram em mim. Mordi o lábio e encarei meus pés. — Eu sinto muito. — Voltei a encará-lo. — Fico feliz por alguém tão bom como você gostar de mim, mas eu não consigo retribuir. Desculpa.

Tornei a encarar os tênis surrados, temendo o que viria a seguir. E o que surgiu foi o silêncio. Jake ficou quieto. Simplesmente. Depois ergueu a cabeça, coçou a nuca e disse:

— Tá bom.

Tomei força e o encarei também, a testa franzida.

Tá bom? — repeti. — Não está chateado?

Preparar, apontar... Já! -    JAY (ENHYPEN)Onde histórias criam vida. Descubra agora