yuri
Mudar de casa quase na metade do ano foi um saco total. Incrível como meus pais me esperaram conseguir fazer amigos na escola nova para chegar à conclusão de que o apartamento onde morávamos há poucos meses não era o ideal para nossa família. Meu irmão nem se incomodou com isso, e olhe que ele tinha amigos legais pra caramba no Kwang! Isso é o que chamo de alguém desapegado.
— Não precisa ficar assim, Yuri — as palavras de mamãe eram reconfortantes, mas só de ver todas aquelas caixas cheinhas de roupas em suas mãos a preguiça batia. — Pense pelo lado bom, querida. Esse bairro é mais tranquilo e a escola é mais perto também. Ouvi dizer que a quadra de esportes é enorme, do jeitinho que você gosta.
Meus lábios curvaram-se em um sorriso fraco, apenas para deixá-la despreocupada com a filha reclamona.
— É... Quem sabe seja maneiro.
— Isso. Maneiro... — repetiu baixinho, saboreando as palavras. Ela sempre presta muita atenção ao que eu falo, porque diz que acha engraçado algumas expressões usadas.
Nosso novo lar era até aconchegante à primeira vista, mas eu não sabia se me habituaria rápido ali. Era um sobrado bonito. Os móveis ornavam com as cores das paredes e os quadros do papai fizeram um ótimo trabalho como decoração.
Um dos hobbies do meu pai é pintar, mas eu não consideraria apenas um hobby quando se é talentoso demais para um mero passatempo. Seus desenhos são encantadores. O que mais gosto é o de uma casinha no meio do campo, com uma moça de chapéu engraçado e amarelão em destaque. Penso em segredo que essa moça é inspirada na mamãe, porque suas bochechas ficam rubras toda vez que elogio a beleza que papai colocou nessa tela. Os dois me fazem suspirar.
— Pai, isso é demais! — gritou meu irmão ao descer deslizando pelo corrimão marrom.
Papai o pegou pela cintura e tentou o girar no ar quando ele chegou ao chão, mas meu irmão é pesado demais para a coluna do papai e os dois ficaram rindo da quase queda que aquela brincadeirinha ocasionou.
— Por isso os homens morrem primeiro que as mulheres — mamãe comentou comigo.
— Totalmente.
Yejun fez quinze em janeiro e tem 1,71 de altura (e isso me deixa enciumada, porque até então eu e meus 1,69 eram imbatíveis), é apenas dois anos mais novo que eu e ainda age como se fosse um garotinho de sete anos porque, convenhamos, mesmo que corrimões nos façam lembrar filmes infantis (onde deslizar sobre eles parece ser a coisa mais delicinha do mundo), é claro que isso é arriscado. E meu pai nem ligou!
— Ser o neném da casa tem seus privilégios. — Sei que Yejun queria me provocar, por isso tentei não dar bola.
Mas não tenho poder contra a minha boca grande.
— Você tem 15 anos, cabeção. Não é mais um bebê.
— Nem você.
Matura, mostrei minha língua a ele, que repetiu o ato. Às vezes costumo ser um tanto infantil, mas apenas quando Yejun está por perto (sempre).
Mais tarde, eu fuçava meu celular na cozinha quando papai deu duas batidinhas na parede e teve minha atenção para si. Ele esticou o pescoço em uma tentativa de enxergar o que eu via.
— O que é isso?
Mostrei o celular.
— Tô dando comida pro meu Pou.
Ele fez uma careta engraçada.
— Pou?
— Sim. — Deixei o aparelho eletrônico em cima da mesa e me levantei aos bocejos. — É um joguinho bem viciante, até. Dá pra deixar o bichinho doente se der pimenta, e é muito engraçado porque ele quase morre!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Preparar, apontar... Já! - JAY (ENHYPEN)
FanficJay Park é o garoto mais rápido do segundo ano e ele sabe disso. Acostumado a ganhar as apostas de corridas em que sempre participa, o coreano-americano se vê em perigo com a chegada de Kim Yuri, a primeira pessoa que ousa o desafiar na frente de to...