jay
Minhas bochechas doíam. Por dentro, eu sabia que não conseguiria seguir sonhando. Se ele ao menos tivesse a educação de me tratar com a delicadeza que mereço, eu pensaria no seu caso e abriria os olhos sem ser na marra. Mas meu primo estava em cima da minha cama. A mão esquerda me dava tapas fracos e a destra me chacoalhava como se eu fosse um defunto.
— JAY, ACORDAAAA! — gritou ele pela terceira ou quarta vez em menos de dois minutos.
De raiva, babei em sua mão.
Sunghoon fez som de nojinho e se afastou no mesmo momento, aos berros.
— Seu porco! Também não tento te acordar mais!
— Eu te agradeço!
E voltei a roncar.
Mas Sunghoon permaneceu ali, e, como odeio que me encarem demais, bufei e arrumei a coluna torta enquanto o olhava com uma mistura de cara, você é insuportável e céus, eu preciso regular o meu sono.
— Dá pra dar um tempo? Um minuto? Um segundo?
— Mais? — Arqueou a sobrancelha grossa. Sunghoon olhou para o relógio de pulso. — Vejamos: o ponteiro pequeno aponta para o número seis, e o maior aponta para o dez. O que significa que faltam...
— Dez para as sete da manhã — interrompi enquanto me abaixava para catar os chinelinhos debaixo da cama. Achei-os lá para o meio, e nem sei como foram parar ali. — Eu sei ver as horas, Sunghoon.
— Não parece.
Se eu desse bola, acabaria atrasado, então deixei passar.
Sunghoon é meu primo, mas além de minha família, Heeseung e Jungwon, ninguém sabe do nosso parentesco por motivos entendíveis: estudamos no mesmo colégio, mas a gente nem se fala direito lá porque cada um fica num canto. E sei que primos não são irmãos, então é normal que sejam diferentes fisicamente, mas Sunghoon e eu não temos nem uma semelhança que dê para falar: ''Olhe só, são priminhos, que coisa linda!''.
A beleza dele passa uma vibe ator de um dorama colegial. Provavelmente ele seria o aluno novo bonito e quieto, alto, com um cabelo preto lindo e um sorrisinho fofo que só a protagonista tem a honra de conseguir. E se fizéssemos um dorama juntos, seríamos rivais porque eu seria o garoto mau. Aquele que mostra seu verdadeiro eu apenas para a mocinha. O que no final fica sem ninguém. Porque ela o escolheria, e não a mim. Porque todo mundo em sã consciência faria isso.
Além disso, há outras coisas que colaboram para que ninguém acredite no nosso parentesco:
01- Falo demais. Sunghoon escuta muito.
02- Sou Nescau Radical, ele é leite puro.
03- Ele é Yin, sou o Yang.
04- E, mesmo que passemos dois meses sem falar, acredita que a gente se ama? Só às vezes. Quando ele está de bom humor, é claro.
Sunghoon é filho da irmã do papai, a tia Yun. Ela e a mamãe se dão tão bem que já foram confundidas como irmãs.
Minha tia é baixinha e fofoqueira. Os cabelos castanho-escuros são curtos, e uma franjinha dá o toque final. Ela ama moda e adora se gabar por ter feito um filho tão bonito como Sunghoon. Eu também me gabaria se fosse ela.
Naquela quarta, tia Yun encorajava minha mãe a investir no Sr. Moon. Quando me sentei à mesa para tomar o café, mamãe apoiou a mão no queixo e me olhou serena.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Preparar, apontar... Já! - JAY (ENHYPEN)
FanficJay Park é o garoto mais rápido do segundo ano e ele sabe disso. Acostumado a ganhar as apostas de corridas em que sempre participa, o coreano-americano se vê em perigo com a chegada de Kim Yuri, a primeira pessoa que ousa o desafiar na frente de to...