Capítulo 09

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O primeiro dia da semana havia sido presenteado com uma falta. Ruby, seu namorado e Emma tinham pegado estrava para passarem um fim de semana inteiro num evento de motocicletas em uma cidade do interior, na extensão do Rio Willamette. Acamparam e dividiram uma barraca na área rural, no mesmo campo que outras quinze pessoas do seu clube ficaram.

— Foi bem divertido, um dia você vai com a gente. - A menina fala com tanta certeza, que por alguns segundos Regina quase acreditou. Mas logo virou a página de seu livro lendo o que lhe explicaria a seguir sobre a matéria. Swan tem tido dificuldades sobre essa teoria de Jacques Rousseau. Regina estava abordando o tema "Se quem corrompe o homem é a sociedade, quem corrompe a sociedade?" e isso dava nós no cérebro da garota.

O sol já não estava a pico como meia hora atrás, no início da conversa. O céu já não era bicolor entre azul e branco, agora naquele deque da sala dos professores o laranja tomava conta da linha do horizonte junto ao lilás e o rosa. Na ideia de ter a conversa desviada de si, pergunta algo que a deixou com uma pulga atras da orelha.

— Não é perigoso, subir na moto daquele jeito? Ficar de pé com alguém pilotando? - Questiona segurando o livro aberto na página certa. - Era para ser crime, não?

— Estávamos em uma área separada, apenas para esse tipo de treino. Wheeling é um esporte e eu gostaria muito de praticar, sabe? Aproveitar essas experiências e conhecer o mundo. - Encara os traços sérios e preocupados de Regina. Mal soube contar as vezes que o coração da morena veio à boca durante a conversa. - Mas nada te impede de cuidar de mim, conhecer o mundo comigo. Para que eu não cometa nenhum crime, sabe?

— Já estava demorando. - Ri em negação, antes de tentar dar continuidade ao assunto da matéria.

— Estou falando sério! Não gosto nada da ideia de outras pessoas sendo cuidadas por você no meu lugar.

— Ainda bem que você não tem que gostar ou deixar de gostar de quem eu cuido, não é mesmo? - Tenta cortar. Depois daquelas flores, as coisas têm desandado bastante. Já era difícil demais explicar sobre corrupção sem tocar no assunto que estava acontecendo entre elas, sem se sentir uma completa hipócrita. Sobretudo com os dedos da moça subindo em seu braço, em uma carícia quase ingênua, se seus olhos não fossem tão óbvios sobre o que desejava. - Emma, por favor.

O que faz Emma parar, além da recusa verbal, são os olhos marejados. Isso não entrava em sua mente. Se Regina queria tanto quanto ela, para que essa resistência? Qual o sentido de estarem lado a lado e não se beijarem, criarem laços e se amarem no chão de madeira? Nada entra em sua cabeça.

— Me desculpe, não quis te deixar desconfortável.

— Você não deixou! - A voz sai frustrada enquanto junta deu material, não adiantaria tentar estudar agora. - Só que... As coisas não são tão fáceis assim. 

Tom MenorOnde histórias criam vida. Descubra agora