Você não entendia nada no começo, como ela podia ser tão boa em alguns dias, e tão má em outros. Sua mãe sempre foi dócil, amável e carinhosa com você, mas então, ela simplesmente mudava.
Não que você não a amasse, longe disso. Amava tanto, mais tanto, que doía. Sempre que ela esquecia de quem ela era, ou costumava ser, doía. Ou quando ela te tratava mal, e brigava por tudo, te xingando de todos os nomes existentes, doía.
No início, pensava ser sua culpa, algo que fez de errado, algum problema que havia trazido para ela... Mas com o tempo, entendeu que não, que era algo nela, que ela não podia mudar ou controlar. Ele te ajudou à entender.
Daryl, um garoto peculiar da sua classe. Tinha mais ou menos a sua idade, faltava quase sempre na escola e sempre que o via, estava acompanhado do irmão mais velho. Nos primeiros anos, quando eram crianças, você o detestava. Ele sempre implicava com você e suas amigas, roubando as suas bonecas e dedurando algo que faziam para os professores.
Mas então, ele ficou alguns meses sem aparecer na escola. Você ficou curiosa, ele era uma presença notável na sala, sempre fazendo piadas ou arrumando briga...
Os boatos que as crianças disseram foi de que a mãe dele havia morrido, e o pai se tornou mais violento do que nunca. E o olho roxo de Dixon depois de voltar, comprovou as fofocas.
Você notou a diferença nele, nas atitudes, no jeito, até mesmo na voz... E começou a reparar mais, cuidar mais e tentar entendê-lo.
Com o tempo, na pré-adolescência, ele começou a se ausentar mais. Justo quando sua mãe começou à ter essas crises de bipolaridade. Mas sempre que ele aparecia, vocês sentavam juntos para algum trabalho em grupo, ou atividades bobas...
Não conversavam nada demais, é claro. Mas você sempre foi muito cuidadosa para entender o quê se passav na cabeça do mesmo, e assim se tornaram... Amigos?
Conforme foram crescendo, se afastaram. Ele praticamente saiu da escola, e você criou laços com outros amigos. Mas sempre que brigava com sua mãe ou algo ruim assim acontecia, corria para o lado Sul da cidade, onde ele morava. Ia para uma casa abandonada da redondeza, e subia no telhado.
O costume era feito de noite, você acendia um cigarro e ficava alí, pensando e imaginando como as coisas seriam dalí para frente, ou como poderiam ter sido... O quê você fez ou podia ter feito.
Mas então, uma noite, ele apareceu.
— (S/N)?... – a voz um pouco arrastada disse, no chão.
Você o olhou, tirando o cigarro da boca.
— Oi, Daryl.
Ele franziu o cenho, estranhando te ver.
— O que 'cê tá fazendo aqui? Não mora pro Norte?
Você concordou com a cabeça. – Passando o tempo... A vista desse lado da cidade é mais bonita – sorriu de canto de boca, e voltou a fumar.
Daryl entrou na casa, subiu as escadas até chegar no telhado, e se sentou ao seu lado.
— Quer? – ofereceu o cigarro para ele.
O mesmo concordou, e pegou. Tragou.
— Faz tempo que não te vejo. – Daryl quebrou o silêncio, te encarando.
— Você não aparece mais na escola... – deu de ombros.
Ele olhou para baixo, quieto. Te fazendo o encarar, sabia que algo estava errado.
— Merle te envolveu em algo?
O silêncio se fez presente.
Você bufou.
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❝ ɪᴍᴀɢɪɴᴇs 𝗱𝗮𝗿𝘆𝗹 𝗱𝗶𝘅𝗼𝗻 ❝
Random❝ 𝗷𝗶𝗺 𝘁𝗮𝘂𝗴𝗵𝘁 𝗺𝗲 𝘁𝗵𝗮𝘁 𝗹𝗼𝘃𝗶𝗻𝗴 𝗵𝗶𝗺 𝘄𝗮𝘀 𝗻𝗲𝘃𝗲𝗿 𝗲𝗻𝗼𝘂𝗴𝗵 𝘄𝗶𝘁𝗵 𝗵𝗶𝘀 𝘂𝗹𝘁𝗿𝗮𝘃𝗶𝗼𝗹𝗲𝗻𝗰𝗲 ❞ aceito pedidos. histórias autorais.