Você podia dizer que a época do ano era Outono, as folhas alaranjadas caídas das árvores, se amontoando na grama já não mais tão verde das florestas ao redor dos muros de Alexandria e os dias com aspectos mais frios, ainda que mantivessem sol que emanava calor provavam a sua suposição.
Há dois anos atrás, você duvidaria de qualquer um que te dissesse que estaria onde estava agora, adentrando de fato na floresta perto da comunidade onde morava, ainda mais sem uma necessidade aparente, já que tinha moradia.
Mas havia uma necessidade.
Daryl.
Logo depois da morte de Rick, ele se isolou, decidiu que precisava sair um pouco de casa, que iria procurar por seu parceiro. Ele nunca disse de fato, mas você sabia que ele se culpava pelo quê aconteceu na ponte. Ele não se culpava apenas pela própria morte de Rick, mas sim por não ter estado lá para te segurar, para te apoiar.
Você viu tudo aquele dia, a explosão atingiu seus ouvidos como um baque, mas não importava o quão ensurdecedora a situação parecia, seu coração gritava de dor. Rick era o líder de todas aquelas pessoas, ele se importava com elas e elas se importavam com ele... Acima disso, ele era seu pai. Bem, não seu verdadeiro pai... Mas o único que o apocalipse te deu a opção de ter.
Quando o grupo estava em Atlanta, assim que Rick chegou aconteceu o ataque dos zumbis ao acampamento. Seu pai biológico, o único membro restante de sua família, tinha sido ferido. Você pensou que ninguém no mundo poderia substituí-lo, ou se comparar com ele. Mas tinha alguém que podia.
Você e Rick passaram por todas as situações juntos, por você ser apenas uma adolescente na época, ele te protegia, te cuidava como cuidava de Carl, e mais pra frente como cuidava de Judith, apesar de você ser mais velha do que ambos.
E junto a essa proximidade do xerife, você conheceu alguém. Daryl não tinha sido a pessoa mais amigável com você no começo, pelo contrário, você achava que o caipira te detestava. Ele fazia parecer que sim, pelo menos. Sempre ignorando suas perguntas e comentários, te evitando em caçadas e trabalhos em grupo...
Mais pra frente você descobriu que ele te evitava para não ter que lidar com seus próprios sentimentos sobre você.
Daryl estava sempre ao seu lado, tanto quanto Rick, você diria. O vínculo se fortaleceu na fazenda, após a perda de Sophia. Ele nunca diria, mas ficou frustrado de não ter encontrado a garota, e mais frustrado ainda quando ela tinha sido encontrada como zumbi. Você sabia que ele queria e precisava do espaço dele, mas fazia o possível para se manter perto, pequenas idas ao canto afastado dos demais que ele vivia, pequenos olhares simbólicos e palavras escassas faziam parte da comunicação de vocês.
Um dia na prisão, você percebeu que os sentimentos não eram unilaterais. Ele tinha voltado de uma recruta, aparentemente mal sucedida. Parou na frente de sua cela, estava escuro e você mal conseguia ver as páginas do livro que estava lendo, mas foi claro o suficiente para ver algumas feridas que ele tinha.
Ele tinha ido até você para conversar, para tentar dizer algo, mesmo que palavras fossem insuficientes quando se tratava do Dixon. Ele sabia que você o entenderia, porquê você sempre fez, mais do que ninguém.
Então naquela mesma noite, cuidando das ferias dele, você o contou como se sentia. Disse que se preocupava com ele, que não poderia perdê-lo, que não poderia perder mais ninguém. Daryl sabia que a importância que ele tinha para você era algo muito maior do que irmãos, amigos, muito menos parental.
Ele te beijou naquela noite. Foi síngelo, foi simples. Ele ficou envergonhado, na verdade, passou os três dias seguintes tentando te evitar, se sentindo mal. Achava que você merecia mais do que alguém velho, rude e inconsistente como ele. Demorou um tempo para o convencer do contrário, para fazê-lo entender que ele era exatamente o quê você procurava e precisava.
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❝ ɪᴍᴀɢɪɴᴇs 𝗱𝗮𝗿𝘆𝗹 𝗱𝗶𝘅𝗼𝗻 ❝
De Todo❝ 𝗷𝗶𝗺 𝘁𝗮𝘂𝗴𝗵𝘁 𝗺𝗲 𝘁𝗵𝗮𝘁 𝗹𝗼𝘃𝗶𝗻𝗴 𝗵𝗶𝗺 𝘄𝗮𝘀 𝗻𝗲𝘃𝗲𝗿 𝗲𝗻𝗼𝘂𝗴𝗵 𝘄𝗶𝘁𝗵 𝗵𝗶𝘀 𝘂𝗹𝘁𝗿𝗮𝘃𝗶𝗼𝗹𝗲𝗻𝗰𝗲 ❞ aceito pedidos. histórias autorais.