The Milkman | That's not my neighbor

Frango

Eu estava encharcado com o café que derramei acidentalmente quando me engasguei. Ainda perplexo com as palavras que ouvi, eu olhei para este doppelganger, tentando ver se ele realmente estava falando sério.

Eu ainda tossia, por causa do acidente anterior com o café, mas eu ainda prestava atenção nele e os olhos desse ser ainda me encaravam com seriedade. Eu estava sem palavras, essa aberração está mesmo falando sério?

O doppelganger de Francis se aproximou mais do vidro, eu percebi que ele franziu as sobrancelhas me olhando com uma expressão complicada.

— Que bagunça... Você está bem? Me deixe entrar para te ajudar, quero cuidar de você. — ele encostou a mão no vidro que nos separava, seus olhos me olhando com preocupação.

Preocupação? Cuidar? Essas aberrações estão cada vez melhores em imitar comportamentos humanos para nos enganar, mas esse monstro errou na atuação, Francis nunca agiria assim, não comigo.

Eu estava cada vez mais irritado com a atitude preocupada dessa aberração, para mim isso era o mesmo que zombar de mim, ser tratado assim por essa criatura bizarra... quando o próprio Francis nem ao menos me enxerga.

Eu cerrei meus punhos, perdendo completamente a paciência.

— Por que você simplesmente não para de fingir, hein? Eu já estou de saco cheio de você, agindo como se você se importasse, quando você é só a porra de uma aberração que quer entrar e devorar todo mundo!

O doppelganger ficou em silêncio por alguns segundos, ele não me respondeu, mas abriu um sorriso insinuante que fez meu coração palpitar por um instante, eu quase esqueci estava com raiva dessa aberração.

— Então porque você não ligou para os seus amiguinhos do D.D.D. ainda, uh? — ele me olhou com uma expressão divertida, isso me assustou e fascinou ao mesmo tempo, não era uma expressão que eu poderia ver o verdadeiro Francis fazer.

Ele me deixou sem argumentos para retaliar, porque ele estava certo, porquê caralhos eu ainda não liguei pro departamento?

Ele me olhou e soltou uma risadinha, seu sorriso em linha reta, enquanto seus olhos fundos me encaravam.

— Viu? Você não ligou ainda porque gosta de mim, mesmo que eu não seja o verdadeiro e o que te irrita de verdade é eu não ser o verdadeiro.

E mais uma vez, essa maldita aberração me deixou sem palavras para refutar, isso nunca me aconteceu antes e o pior é que eu não estava apenas sem palavras, mas constrangido também.

Eu realmente não liguei até agora para o Departamento de Detecção Doppelganger porque eu gostei de como essa criatura me tratou. Eu gostaria de fingir que esse é o Francis verdadeiro, mas me irrita que não consigo imaginar o atual Francis agindo assim comigo, posso ser um pouco fissurado, mas não sou idiota.

Eu cruzei meus braços, me sentindo bastante mau humorado, enquanto sentia meus braços encostarem no meu uniforme frio e molhado com café.

— Você tá me deixando cada vez mais puto, aberração. — o encarei com minha melhor expressão de desgosto.

Ele sorriu para mim, mais uma vez. Era estranho o ver sorrir de forma tão provocativa.

— Aberração? É um apelido carinhoso que você criou para mim, querido? Vou te dar um apelido carinhoso também, "franguinho"~

Esse filho da puta! Eu juro que socaria a cara dele se não fosse por essa merda de vidro! Eu não conseguia acreditar que ele realmente disse essa merda!

— Você me chamou de frango?!

— É... chamei — ele sorriu de forma cínica. — e você me chamou de aberração.