Fins educativos

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— Então você deve ser um franguinho com demência, pois está conversando com essa aberração aqui — ele riu baixo com sua voz rouca. — Se quer saber minhas verdadeiras intenções, por que não saí e passa a noite comigo?

Parece que ele mudou a abordagem, ao invés de pedir para entrar, ele está pedindo para que eu saia. Ele pensa que sou Ifood?

Eu ri, apoiando meu cotovelo na mesa e minha mão em meu queixo, encarando ele nos olhos.

— Pra você me comer no final da noite?

— Definitivamente... Eu te comeria de forma lenta, para apreciar cada parte sua, ouvindo sua voz ressoando... — Ele sorriu lascivo, seus olhos não deixando os meus.

Esse maldito gosta de me provocar, desde quando doppelgangers são tão bons em flertar? A evolução deles me assusta, esse daí sabe até mesmo usar duplo sentido!

Esses flertes sempre me deixam sem respostas para retrucar e isso me irrita, queria meter um tijolo nele agora! Olhei para ele e fiquei mais perturbado, ele estava sorrindo mais, sabendo o efeito que causava em mim.

Impulsionado pela provocação indireta do falso leiteiro, respondi a primeira coisa que me veio a mente.

— Você acha que conseguiria? Seria mais fácil o oposto.

— Ah... Está insinuando que me comeria, é isso? Eu iria apreciar ver você tentar e falhar.

— Por que eu falharia? — cruzei os braços, meus lábios se curvando. — Você me implora tanto para entrar e sair, que eu não tenho dúvidas que você se ofereceria para mim como um ratinho carente.

O sorriso dele sumiu e mesmo que fosse perturbador, eu gostei dessa visão. Agora foi minha vez de sorrir provocadoramente.

Ele me olhou por um longo tempo, parecendo irritado. Então ergueu o punho, batendo no vidro, enquanto mostrava um sorriso irritado.

— Porra! Se eu estivesse aí, eu iria mostrar pra você quem é o ratinho carente!

— É uma pena, estamos separados pelo vidro~

— Abre essa merda agora! Sou legal com o meu jantar e é assim que sou pago?!

Eu estava me sentindo estonteante, é maravilhoso ser a pessoa que irrita e não a pessoa que é irritada. Eu soltei uma risada, olhando para ele.

Ele parecia como um pirralho mimado inconformado por não ter o que quer.

— Até que você é fofo... — falei inconscientemente.

Neste exato momento, ele parou imediatamente sua "birra" e me encarou com um pouco de surpresa, mas sorrindo.

— O que você disse agora? Repita pra mim, quero ouvir de novo.

— Você é um imbecil.

— Ei, não tente disfarçar, você é caidinho por mim, só não quer admitir ainda.

Revirei os olhos, achando o ego inflado dessa aberração um saco, mas ele não parou por aí e o que disse em seguida quase me deixou mudo.

— Que tal abrir a porta pra mim agora, hum? Então me chame de imbecil novamente, mas com o rosto entre minhas pernas.

Se eu estivesse bebendo café agora, eu definitivamente teria me engasgado.

Olhei pra ele em choque, não esperando que ele dissesse algo assim. Eu sabia que esse idiota era sem vergonha, mas subestimei o quão sem vergonha ele poderia ser!

— Você...!

— O que foi, querido? — ele sorriu de forma inocente, como se não tivesse dito a coisa mais obscena que um doppelganger poderia dizer.

The Milkman | That's not my neighbor Onde histórias criam vida. Descubra agora