Jogo sujo

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01.01.2019 / Terça - Feira

MIAMI, FL

15:27 Pm

Pov. Verônica

É o primeiro dia do ano e eu estou no hospital, decidi trabalhar ao invés de me reunir com minha família na casa dos meus pais. Passei a virada sozinha no apartamento da Lauren, não quis ter que ver todos me olhando com pena ou então se perguntando o quão idiota eu pude ter sido ao ponto de jogar fora tudo o que eu tinha conquistado de mais precioso na minha vida... a minha família.

Minha esposa e minha filha agora estão longe de mim, estão vivendo na companhia de outra pessoa, Julian está ocupando o meu lugar na vida delas, assim como Esteban fez com Vitório, porém ele tem todo o direito.

Eu me olho no espelho e não consigo me reconhecer, juro que não consigo entender como eu pude ter sido tão estúpida e ferrar com a minha vida nessa proporção.

Estar viva agora só tem sentido por conta da existência da minha filha, se não fosse ela eu já teria posto um fim nisso, teria acabado com essa dor latejante que sinto no meu coração e que sei que jamais irá passar.

Confesso que já planejei fazer isso diversas vezes, mas eu já fui egoísta demais, já fui suja e medíocre demais. Não tenho o direito de deixar minha filha crescer pensando que além de uma perfeita traidora, a mãe dela também foi uma covarde que tirou a própria vida.

Não... eu não farei isso, o meu castigo será viver com essa dor que vai me corroer até o último dia da minha existência.

E quanto a Lucy, espero de verdade que ela seja feliz, independentemente de quem ela escolha pra estar ao lado dela.

Acho que... não, na verdade tenho certeza que a cena que presenciei no apartamento dela foi tudo o que eu precisava pra enxergar a realidade.

Eu à perdi, eu perdi minha mulher pra sempre no instante em que fui infiel, só estava me negando a aceitar a realidade.

Não posso esperar que ela me perdoe e que volte pra mim, a minha atitude foi tola demais, eu a deixei ir embora, eu procurei estar vivendo isso, a culpada fui eu.

Provavelmente no lugar dela eu teria feito o mesmo, mas isso é claramente apenas uma hipótese porque a Lucy jamais agiria como eu agi, ela não é fraca e sem caráter como eu fui. E por mais que eu tenha me arrependido completamente do que eu fiz não posso mudar o passado, não posso fazer as coisas voltarem a ser como antes.

Acabou... Lucy agora pode se considerar livre de mim, livre de qualquer interferência minha na vida dela.

O único laço que nos une é a nossa filha, Luna é a único motivo pra eu continuar viva e eu farei o que estiver ao meu alcance para ser boa o suficiente pra ela, para estar presente em momentos importantes... não quero fracassar com ela também, não quero nunca decepcioná-la como fiz com sua mãe.

...

O som do telefone do meu consultório se fez presente me tirando dos meus pensamentos, respirei fundo e apertei o botão para atender em modo viva-voz.

- Sim.

- Verônica, sou eu, Michael. Pode vir até a minha sala agora? Preciso tratar um assunto importante com você.

- Claro, estou indo.

- Okay, te aguardo então. _ Ele diz finalizando a ligação.

Seja lá o que ele quisesse falar comigo espero que seja rápido, não ando com muita paciência pra conversas, tudo o que eu quero é ficar quieta no meu canto.

Me levantei, vesti meu jaleco e caminhei pra fora da minha sala, fui até o elevador e acionei o botão para o último andar.

Quando as portas do elevador finalmente se abriram só consegui pensar em como a vida pode ser filha da puta comigo, de todos os funcionários desse hospital eu encontro o que menos desejo ver na minha frente.

Paixão e Poder - Universos opostos (Camren - G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora