Surpresa ruim?

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DIA SEGUINTE ...

Pov. Camila

Praticamente não consegui dormir a noite passada porque não parava de pensar no meu pai.

Não entendo o motivo pra ele ter voltado depois de todos esses anos, pra só agora se arrepender por ter nos abandonado.

Não é fácil pra mim vê-lo novamente, mas depois de conversar muito com a Lauren, tomei a decisão de enfrentar isso.

Eu até pedi pra que ela viesse comigo mas ela achou que eu e Alejandro precisaríamos de privacidade, mas me disse pra ligar caso algo acontecesse.

Na recepção do hotel soube que ele já havia deixado o meu acesso liberado, o rapaz me informou que o quarto que Alejandro está fica no terceiro andar, e eu agradeci antes de seguir até o elevador.

Minutos depois de entrar no mesmo as portas voltaram a se abrir, caminhei até o quarto 102 onde ele está.

Meu corpo todo tremia, e senti meu coração começar a bater descontroladamente assim que parei na frente da porta.

Bati duas vezes e não levou nem três segundos pra mesma ser aberta, obviamente ele já estava esperando.

- Minha vida... Que saudades de você, meu amor. _ Me pegando totalmente de surpresa ele me apertou entre seus braços e beijou diversas vezes o topo da minha cabeça.

Como percebeu que eu não retribuí foi me soltando aos poucos e me encarou sem graça. Seus olhos estavam brilhando pelas lágrimas, fiquei analisando seu rosto por um tempo constatando o que minha mãe havia dito sobre ele não ter a mesma aparência de quando nos deixou.

Exceto seu cabelo, que ele ainda usa o mesmo corte, porém os fios grisalhos desapareceram, a barba bem feita... Seu rosto muito bem cuidado e roupas boas o fazem parecer bem mais jovem. - Estou muito feliz que tenha vindo. _ Diz chamando minha atenção, me fazendo voltar a centrar no motivo pra estar aqui.

- Minha mãe disse que o senhor queria falar comigo.

- Sim... Entra, filha. Pode ficar a vontade. _ Ele diz receptivo, caminho até o espaço reservado com dois sofás e me sentei no que fica de frente pra televisão.

Assim como o hotel em si, o quarto é bastante sofisticado, deixando claro sua atual situação financeira.

Ele logo se sentou também, ficando ao meu lado. - Você cresceu tanto minha menininha... Agora você já é uma mulher. _ Tocou minha mão e instintivamente me afastei desconfortável com a aproximação dele. Alejandro mostrou um sorriso fraco, sem graça. - Me desculpe... Eu tenho te visto pelo celular, mas nada se compara com a realidade. Você está ainda mais linda.

- Eu apenas cresci. _ Respondo seca, sem emoção. - É o que acontece enquanto os anos passam. Você não ficaria tão surpreso se ao invés de abandonar a sua família tivesse sido homem pra ficar e encarar os problemas. _ Completo no mesmo tom e ele abaixa a cabeça por alguns segundos, assentindo antes de voltar a me encarar.

- Você tem razão. Não tenho como me defender, eu fui um completo covarde.

- É, você foi. _ Solto naturalmente.

- Sei que está decepcionada comigo e que é difícil estar na minha frente assim, mas pode pelo menos tentar me ouvir? _ Ele pergunta parecendo angustiado, apenas respiro fundo assentindo uma única vez.

Mesmo não confiando no arrependimento repentino dele estava ansiosa pra ouvir sua versão, quais explicações ele daria, se vai inventar uma história ou apenas reconhecer os seus erros. - Antes de qualquer coisa eu tenho consciência de que nada do que eu possa dizer justifica ter deixado vocês, mas naquele momento me pareceu ser o certo e eu só fiz, sem pensar no que eu perderia. A verdade é que eu não suportava mais a situação em que vivíamos, filha. O dinheiro que eu ganhava mal dava pra sustentar a gente e arcar com as despesas de casa... Quando soube que sua mãe estava grávida foi o estupim, eu fiquei apavorado. A gente não tinha nenhuma condição de criar um bebê e eu tão pouco queria um. Tudo iria piorar, e se já era difícil nos manter, imagina com mais uma pessoa. Então eu optei pela atitude mais egoísta que poderia ter na vida pedindo pra Sinuh abortar, caso contrário eu iria embora. É claro que eu sabia que ela não iria fazer um ato desses porque vai contra os princípios dela. No fundo eu só queria um motivo pra poder sair de casa sem me sentir culpado. Por pior que tenha sido, o que o que fiz não me causava esse sentimento.

Paixão e Poder - Universos opostos (Camren - G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora