20. Aquele com abóboras e revelações

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O tempo estava meio nublado, mas isso não impediu a pequena Clarysville de comemorar o festival da colheita

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O tempo estava meio nublado, mas isso não impediu a pequena Clarysville de comemorar o festival da colheita. As ruas adornadas com guirlandas de folhas e abóboras esculpidas dão as boas-vindas aos turistas e moradores, enquanto o aroma de cidra quente e torta de maçã flutua no ar. O zumbido da música ao vivo ecoa pelas ruas, convidando todos a se juntarem à celebração.

Na praça central, há um pequeno palco improvisado. Carter Williams e os garotos da banda estão tocando e animando as pessoas que assistem. A cada dia a fama deles cresce mais e mais, eles sempre se apresentam em qualquer oportunidade. Carter sempre foi muito gentil, sempre me convida para cantar com eles, mas não tenho coragem. Não mais.

Sinto vergonha e até um pouco de inveja, queria ter essa coragem, esse talento. Mas não consigo me desvencilhar de memórias que insistem em me perturbar.

Hoje não tive aula, a cidade inteira encerra as atividades para o festival da colheita. Christopher está caminhando ao meu lado, as costas de sua mão roçam na minha mão conforme caminhamos. Esse simples toque faz parecer como se minha mão fosse queimar, meu coração se contrai em meu peito e meu estômago se revira em minha barriga. Sinto vontade de ficar longe dele e não me sentir dessa forma.

Mas não posso, tenho que continuar encenando meu papel. A cidade toda está aqui, me vendo queimar, me vendo fingir ser a namorada de Christopher Walker. Ele parece tão tranquilo e sereno, nem parece sentir o olhar das pessoas à nossa volta. Talvez ele sinta, eu não conheço Christopher como achava. Meus olhos param nas crianças que riem e correm pelo labirinto de feno, totalmente despreocupadas. Eu lembro que eu sempre me perdia nos labirintos de feno, apenas os garotos e garotas mais velhas tinham facilidade em sair, eu torcia para crescer logo e conseguir sair desse labirinto, agora sonho em voltar, pelo menos lá alguém vinha me ajudar, agora sou só eu, por mim mesma. Ou não serei salva.

Olho ao redor da praça, os vendedores locais exibem suas mercadorias em barracas coloridas. Há uma profusão de produtos frescos da colheita recente: abóboras de todos os tamanhos e cores, maçãs crocantes, milho-doce e uma variedade de vegetais da estação. Meus olhos param em meu pai, ele está usando o uniforme da polícia e caminha pacientemente pelas ruas, com os olhos atentos para qualquer movimentação estranha. Minha mãe não está muito distante, é fácil encontrá-la, é só buscar por uma risada alta e engasgada. Ela está rodeada de crianças, conversa de forma animada e cuidadosa com todos eles, enquanto faz uma pintura no rosto de uma garotinha.

Em um canto, vejo a senhora Aghatta balançando o braço freneticamente em nossa direção, como se nos chamasse para ir até ela. Aghatta é responsável pela escola de ballet da cidade, eu (como toda garota) participei de algumas aulas e fiquei traumatizada. Christopher parece também notar que a velha está nos chamando, seus olhos azuis me encararam com preguiça, como se não quisesse ir até ela.

A senhora Aghatta também é conhecida por ser a maior fofoqueira da cidade. Além de ser um pouco sem noção.

─ Ainda dá para correr? ─ questionou o garoto ao meu lado.

Love Change Us #1 || Reescrito e em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora