Love Change Us #1 || Reescrito e em Revisão

18. Aquele com a noite em que ele se foi

"As coisas mudam, estamos diferentes
mas minha mente continua pensando coisas inúteis, posso não pensar?
você vai amar essa parte
de mim?"
─ Cuco, Lover is a day

O murmurinho das pessoas conversando e rindo fica cada vez mais alto. E os olhares de julgamento das pessoas queimam como fogo em minha pele, sobem pelo meu peito até preencher minhas bochechas com o tom avermelhado. O som da batida do meu coração fica mais alto e se mistura com o barulho à minha volta. Apertei com força o buque, quando senti aquela angústia agarrar o meu coração e apertá-lo com suas garras afiadas.

Cada passo que eu dava parecia ficar cada vez mais difícil de respirar e eu me sentia tonta, como se tudo estivesse girando e girando, até eu encontrar aquele par de olhos verdes. Amberly O'Connel. Ela me olha de cima a baixo e solta uma risada. Levo minha mão que estava livre até meu cabelo na tentativa de arrumá-lo. Todos estão rindo de mim, me julgando.

Tentei respirar profundamente para acalmar os nervos, mas cada inspiração parecia apenas intensificar a angústia. Eu estava exposta e vulnerável, vi rostos desconhecidos e ouvi risadas distantes que pareciam se voltar contra mim. Christopher não percebe meu desconforto, mas não posso julgá-lo, como ele poderia notar?

Me desvencilhei da mão de Christopher que envolvia minha cintura, não olhei nos olhos dele, apenas soltei o buquê de minhas mãos e saí correndo para fora do refeitório. Ouvi Christopher me chamar, mas eu apenas queria ficar longe daqueles olhares de julgamento. A cada passo que eu dava, eu sentia meu coração se contraindo cada vez mais forte em meu peito, minha respiração estava descompassada, meu peito subia e descia rápido. Então, eu senti a primeira lágrima quente e pesada escorrer pela minha bochecha.

O que é essa sensação? Parece que vou morrer.

As lágrimas preencheram os meus olhos, dificultando para enxergar, tudo virou um borrão bagunçado, se misturando com os armários de cor vermelhada, alinhados um ao lado do outro no corredor, as pessoas que caminhavam por ali. Meus pés me guiaram até o campo de futebol, reconheço quando sinto o cheiro suave de grama molhada e quando os raios de sol tocam a minha pele, sem que notasse, estava sentada debaixo das arquibancadas. Agora que estou sozinha, minha respiração vai voltando ao normal aos poucos, mas meus ombros continuam tensos e aquele aperto no coração ainda estava ali, me lembrando que eu estava presa, amarrada a essa angústia.

─ Clair?

Sua voz soou preocupada e com medo. Ele se sentou bem na minha frente e seus olhos azuis me encaravam com ternura. Meu coração se apertou mais em meu peito e uma sensação de calor intenso tomou conta das minhas bochechas, tingindo-as de vermelho e me deixando mais vulnerável perto de Christopher Walker. Senti vergonha, não queria que ele me visse desse jeito, não de novo. Abaixei a cabeça, querendo me esconder do seu olhar penetrante, sem que eu permitisse, outra lágrima escorreu pela minha bochecha.

Christopher levou sua mão até meu queixo, noto que ele está meio hesitante, como se estivesse com medo de me machucar. Com sua mão, ele levantou meu queixo para que eu pudesse encará-lo novamente. Meus olhos se encontraram com aquele céu azul brilhante, gentil e convidativo. Outra lágrima escorreu pela minha bochecha e tocou suavemente os dedos de Christopher que seguravam meu rosto. Com cuidado, sua mão tocou a minha bochecha, com o polegar ele secou a lágrima que escorria. Ele estava calmo e paciente, sabia exatamente o que dizer e o que fazer.

─ Puxe o ar pelo nariz e solte pela boca. ─ Ele orientou, ainda com os olhos fixos nos meus. ─ Como se estivesse sentindo o aroma das tulipas, inspire e respire.

Fiz o que ele me disse para fazer, me concentrei em respirar da forma correta, me concentrei nos seus olhos azuis, encarar seus olhos era como se todo o mundo desaparecesse, deixando apenas a profundidade e a beleza hipnotizante daqueles olhos azuis para mergulhar. Aos poucos, minha respiração voltou ao normal, senti os músculos do meu corpo relaxarem e devagar, aquela angústia que amarrava meu coração, logo foi se afastando, indo para a coxia do palco esperando sua hora de entrar em cena novamente.