33. Aquele com somos amigos agora

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"Eu sei que somos mais que amigos
'louca'
Voce me faz pensar que sou
louca"
Isabel LaRosa, more than friends
⊰᯽⊱

─ Ah, não vai dar, Christopher! ─ exclamei, me jogando no sofá macio da casa dele, me afundei entre as almofadas, cruzando os braços.

─ Qual é, Clair... ─ ele revirou os olhos, sua voz ecoando levemente pelas paredes da sala decorada com quadros e fotografias antigas. ─ Vamos tentar de novo. Tava quase saindo.

─ Eu pisei no seu pé umas mil vezes na hora da dança, daqui a pouco seu pé já vai estar com calos! ─ suspirei, sentindo a frustração crescendo dentro de mim como uma tempestade prestes a eclodir.

Nós estamos ensaiando uma valsa para o baile de fim de ano. A dança não é difícil, mas eu não tenho coordenação nos pés, por isso eu sempre acabo errando e pisando no pé do Chris. Tradicionalmente, são sorteados o rei e a rainha do baile. Como de costume, Christopher é um dos principais nomes para o rei do baile, seguido apenas de Luke Smith. O rei do baile deve dançar uma valsa com sua amada, se tiver uma; caso contrário, é com a rainha do baile. Na teoria, Christopher está comigo, e eu sou a amada dele.

Walker se sentou ao meu lado, o sofá afundando levemente sob seu peso, e me olhou, seus olhos azuis brilhando com determinação.

─ Eu vou colocar outra música. Não vamos dançar ela, é só para você se soltar. ─ explicou, seu tom de voz calmo contrastando com a energia nervosa que eu sentia. ─ É uma daquelas músicas antigas, eu sei que você gosta dessas paradas.

Ele tirou o celular do bolso da calça jeans e eu observei seus dedos deslizarem pela tela até encontrar a música escolhida no YouTube. As primeiras notas de "Put Your Head on My Shoulder", de Paul Anka, ecoaram pela sala de estar, enchendo o ambiente com uma melodia suave e nostálgica que parecia acariciar nossos ouvidos. Tentei conter o sorriso que teimava em aparecer nos meus lábios; essa é uma das minhas músicas favoritas.

Apertei os lábios um no outro, observando Christopher se levantar do sofá e estender a mão para mim. Encarei sua mão e depois fitei seus olhos, sentindo uma leve eletricidade no ar, como se o ambiente estivesse carregado de uma energia invisível. Eu não tinha outra opção a não ser aceitar a tentativa de outra dança. Suspirei novamente, me rendendo ao seu olhar, e peguei sua mão. Ele me puxou para cima com um movimento firme, mas gentil, que me fez sentir uma segurança inesperada.

─ Como você conhece essa música? ─ Perguntei, olhando para ele, minha voz quase um sussurro. .

─ Acho que essa foi a primeira música que você aprendeu a cantar, quando a gente era criança. ─ contou, seus olhos se perdendo por um momento nas lembranças. ─ Você só sabia cantar essa droga, não parava nunca. Do meu quarto, eu conseguia ouvir você cantar. Era insuportável.

─ Você é muito observador, tenho que admitir. ─ confessei, já não conseguindo segurar o sorriso que insistia em preencher o meu rosto.

A voz de Paul Anka no celular e o som suave dos nossos passos sobre o piso de madeira preenchiam o ambiente, misturando-se com o aroma levemente adocicado das flores que decoravam a sala. Fitei os olhos de Christopher por alguns segundos, sentindo o calor subir pelo meu rosto, as náuseas e a eletricidade que insistiam em ficar por perto. Meus olhos se arregalaram de leve quando escutei a voz rouca de Christopher se misturar com a de Paul Anka, enquanto ele tentava cantar um trecho da música.

─ Put your head on my shoulder, hold me in your arms, baby.

(Coloque sua cabeça em meu ombro, envolva-me em seus braços, amor).

Entrelacei meus braços em seu pescoço e deitei minha cabeça em seu peito, sentindo o cheiro amadeirado de seu perfume. Christopher envolveu seus braços em minha cintura, assim como dizia a letra da música.

Love Change Us #1 || Reescrito e em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora