16. Aquele com o jogo de farsas

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─ Mãe, pelo amor de Deus

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─ Mãe, pelo amor de Deus. Eu não entendo qual a necessidade desse jantar idiota. ─ Reclamei ao cruzar os braços na altura do peito.

─ Não é um jantar idiota, querida. Você sabe que eu e Julie somos amigas desde a infância, e a gente sempre quis que você e Christopher também fossem melhores amigos. Mas, pelo visto, o destino tinha algo muito melhor do que amizade. ─ Ela disse, e seus lábios se curvaram em um sorriso. ─ E bom, primeiro vocês tiveram que se odiar, mas... Agora nós somos praticamente uma única família.

─ Que isso, mãe. Não é como se a gente fosse se casar. ─ Me afundei no sofá da sala e revirei os olhos.

─ Ainda não, né? ─ Ela sorriu e, com o dedo indicador e o polegar, apertou de leve o meu nariz.

Ela se levantou do sofá e meus olhos a seguiram caminhando em direção à cozinha. Quando minha mãe sumiu do meu campo de visão, tombei minha cabeça para trás e um suspiro escapou pelos meus lábios, cansado e pesado. Minha perna balançava freneticamente, e o som ensurdecedor do meu coração batendo entre minhas costelas me deixava ainda mais nervosa, era como se cada batida fosse como o contador de uma bomba relógio prestes a explodir.

Eu esperava tudo, menos um jantar com a minha família e a de Christopher, ainda mais depois de tudo que aconteceu ontem à tarde. Odeio mentir para meus pais, e minha mãe está tão feliz com essa história de namoro. Eu não havia pensado em todas as pessoas que eu estaria enganando ao sugerir o acordo com Christopher. Eu só queria desaparecer e não ter que ir a esse jantar. Quantas coisas podem dar errado? Eu e Chris podemos acabar brigando na frente de todo mundo, ou não agirmos como duas pessoas apaixonadas. Clarysville é uma cidade pequena, ou seja, qualquer coisa é motivo de fofoca.

E qualquer deslize que eu ou Christopher cometermos, pode ser o fim desse teatro. Meu estômago se contorce como se estivesse amarrado em nós, uma sensação de aperto e desconforto que se espalha por todo o meu corpo. Cada volta do estômago parece uma espiral de nervosismo, uma dança incômoda e incessante que não tem fim. Meus olhos seguiram até o assento em que meu avô costumava ficar no sofá, senti um peso e pressão sobre o meu coração, como se estivesse sendo esmagado por uma mão invisível.

─ Vovô, o que eu devo fazer? ─ Murmurei.

Com certeza, meu avô saberia exatamente o que fazer, ele não tinha medo de nada, era corajoso e decidido. Sempre sabia o que fazer, o que falar... Eu precisava dele aqui, precisava dos conselhos dele. Ainda não consigo entender como que tudo aconteceu tão rápido, uma hora ele estava aqui e no outro não estava mais. Eu me sinto perdida sem ele, as coisas não parecem certas.

─ Clair, vamos?

A voz grave e rouca do meu pai irrompeu na sala, me arrancando dos meus devaneios. Levantei do sofá, deslizando minha bolsa sobre meu ombro e guardando o celular dentro dela. Juntos, deixamos a casa e adentramos o carro. Meus pais preenchiam o trajeto com conversas animadas e risadas, uma harmonia que sempre me deixava maravilhada. Será que um dia eu encontrarei um amor assim? Um amor sereno e profundo, como o deles? Meus olhos vagavam pelas ruas de Clarysville, desertas numa noite de domingo.

Love Change Us #1 || Reescrito e em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora