22. Aquele com novos convites, novas lembranças

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Uma semana mais tarde...


─ Eu disse que ela era uma garota legal. ─ sussurrou Joey.

Nós estamos na aula de matemática, faltavam poucos minutos para tocar o sinal do intervalo. A professora escrevia a matéria da prova na lousa e eu me concentrava em copiar e prestar atenção no que Joey falava, ao mesmo tempo. O assunto era Amberly O'Connel, ou melhor, apenas Amber. Desde o festival da colheita, nós ficamos bastante próximas. É mais fácil entender o jeito dela, ela é o que é e tem os seus motivos, não que eles justifiquem os meios, mas eu consigo ter empatia por ela.

Ela vai à minha casa com frequência, não sei se para fugir do ambiente abusivo da sua casa ou se é pela minha companhia. Talvez sejam as duas coisas ou apenas a primeira opção. Ela não falou mais sobre o ocorrido no dia do festival, talvez queira esquecer, me lembro de como ela ficou envergonhada de si mesma, mas, ao mesmo tempo, eu queria que ela conversasse comigo sobre, queria poder ajudar de alguma forma. Mas, até então, só posso respeitá-la.

─ Eu aprendi muito com ela nos últimos dias. ─ murmurei.

─ Será que o garoto que ela disse beijar bem sou eu? ─ indagou e suspirou logo em seguida.

─ Bom, eu não sei quantos caras ela beijou naquela festa, você pode ter sido só mais um. Ou o único. ─ expliquei, encarando aqueles olhos castanhos escuros e depois voltando a focar os olhos no meu caderno, escrevendo a matéria no caderno.

─ Pode descobrir para mim?

Larguei a caneta em cima da mesa e virei meu rosto para olhá-lo.

─ Joey, como vou fazer isso? Não somos amigas, no máximo colegas.

─ Por favor, Clair. ─ pediu. ─ É importante para mim.

Respirei fundo e revirei os olhos.

─ Vou ver o que posso fazer.

Joey deu alguns soquinhos no ar, comemorando a minha resposta. Um sorriso nasceu em meus lábios, segui meu olhar para frente, para voltar a focar na professora à minha frente. Mas meus olhos acabam encontrando aqueles pares de olhos escuros, intensos e profundos como o céu à meia-noite. São como pérolas negras, cativantes e misteriosas. O olhar misterioso pelo qual eu me apaixonei, o olhar misterioso pelo qual eu me entreguei, o olhar misterioso que me partiu em pedaços.

Gravo bem esse olhar em minha mente, quando eu conseguir o que eu quero, nunca mais vai me encarar como se eu pertencesse a ele.

Seus dedos deslizam pelos fios de seus cabelos úmidos e, com a ponta da língua, ele molha seus lábios. Ele não parece se importar com nossa troca de olhares, talvez ele goste disso, sabe o efeito que causa em mim, sabe que eu ainda sou sua. Espero por aquela sensação que sempre vem quando penso em Trevis, espero sentir meu coração bater de um jeito diferente, espero sentir as famosas e odiadas borboletas no estômago, mas nada vem.

Não sinto nada, me sinto apenas vazia.

Mesmo que eu queira que ele se ferre, não consigo esconder a forma como ele faz eu me sentir. Não posso permitir que ele seja o único que não se afetou com isso.

Minha respiração fica trêmula, engoli em seco e então abaixei o olhar, focando agora na minha letra enrolada escrita na folha do caderno. Ainda sinto aqueles olhos escuros penetrando em minha pele, uma mecha do meu cabelo ondulado deslizou até meu rosto, mas não me movo, não tento afastá-la, apenas espero que ela seja o suficiente para me esconder daqueles olhos. O som estridente e familiar do sinal soou pela sala de aula, seguindo do som de cadeiras empurradas para trás, livros e cadernos sendo fechados, o suspiro do fim das aulas da parte da manhã, o murmurinho de adolescentes conversando.

Love Change Us #1 || Reescrito e em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora