14 - Cortina de fumaça

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Alguns detalhes da vida podem passar despercebidos por nós, mas é inevitável, pois uma hora ou outra a conta chega, e o preço a pagar é muito maior do que a dívida contraída. Scott Manson refletia sobre os últimos dezoito anos de sua vida, principalmente quando descobriu que sua noiva, Beatrice, estava tendo um caso com o herdeiro prodígio de Gales. A fumaça saía da xícara de café; ele sempre quis saber mais sobre Robert Ramsey ou, para um antigo título da nobreza britânica, Conde Henry Ramsey. A fina cortina de fumaça ajudava a processar o equívoco; era como uma terapia antes de enfrentar o caos.

Robert Ramsey, antigo provedor de títulos nobres, conhecido intimamente na época como Conde Henry, filho de Catherine Ambrose Ramsey e Rhys Lloyd Ramsey, estava diante dele. Seus cabelos loiros, quase platinados, contrastavam com os profundos olhos azuis, impossíveis de passar despercebidos. Ele vestia um terno finamente ajustado, sem gravata, menos formal; era um encontro casual em uma cafeteria no Centro de Manhattan. O Brew Haven Coffee costumava estar cheio aos domingos, mas naquele dia, talvez devido à intensa chuva na cidade, o movimento estava mais tranquilo.

— Sempre me perguntei que tipo de homem poderia atrair minha esposa, eventualmente — disse Scott, levando a borda da xícara aos lábios e dando um gole no café. — Ela tinha uma queda por um cara do time de basquete da escola no ensino médio. O nome dele era Gustav, éramos melhores amigos, sabe? O tempo passou, Beatrice e eu nos aproximamos, nos apaixonamos, mas então ela teve a oportunidade de estudar em Stanford na Escócia e depois na Morgan Elite, onde você fazia parte da realeza.

Robert estava prestando atenção nas palavras, não julgando Scott precipitadamente, afinal, ele também tinha sua parcela de culpa em todo o caos.

— Eu já estava comprometido quando conheci Beatrice. Minha mãe a odiava, é fato, sempre dizendo que Beatrice era uma oportunista que queria entrar para uma família de um sobrenome correto — continuou Robert, suspirando profundamente. — Ela me contou sobre você, que estavam noivos, prestes a se casar. Nos tornamos amigos, fazíamos as atividades da faculdade juntos, até...

— Me traiu — completou Scott com um sorriso. — Ela me contou a mesma história sem sentido depois. Quando terminou de usá-la, a descartou e ela veio correndo para os meus braços, desamparada, com uma criança nas mãos.

— Uma criança? Como assim, com uma criança? — perguntou Robert confuso. — O bebê que ela deu à luz, entregou para Melinda e foi embora.

Scott suspirou fundo novamente antes de continuar.

— Você sabe toda a história. Você estava viajando quando Beatrice deu à luz.

— Cheguei no dia seguinte, mas não a encontrei.

— Na verdade, Beatrice fugiu do hospital com uma criança, mas era uma menina.

— Uma menina? Onde quer chegar com isso, Scott? Está insinuando que meu filho pode não ser meu filho?

Houve uma mudança sutil no tom de voz de Robert.

— Não, Robert, estou te avisando que Beatrice deu à luz gêmeos — revelou Scott.

A confissão foi um choque.

O silêncio se estendeu por um momento, pesado e carregado de significado, enquanto Robert processava a revelação de Scott. Seus olhos azuis profundos refletiam uma mistura de raiva e confusão.

— Você está me dizendo que eu posso ter um filho que não conheço? — perguntou Robert, com a voz ainda carregada de incredulidade.

Scott assentiu com seriedade.

— Sim, Beatrice nunca mencionou isso para você, mas ela teve gêmeos. Eu descobri meses depois, quando Merida, a babá das crianças, decidiu contar-me tudo. Ela achou que eu tinha o direito de saber, especialmente depois de tudo o que aconteceu.

No Limite de Dois Corações - Livro 2 da trilogia Escolhas - Parte 2 - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora