capítulo 9: Assasinato

66 5 0
                                    

Agora são por volta das 02:00 da manhã, e me levanto do dormitório. Estou em uma faculdade onde as regras não são exatamente levadas a sério, até mesmo as menores delas.

Estou com sono, mas incapaz de dormir, que maravilha, não é mesmo?

Caminho pelo corredor do dormitório, atravesso uma ruazinha e avanço para o prédio seguinte.

Aqui, as coisas são dívidas em prédios, e os dormitórios ficam em um prédio específico. De frente para o prédio das aulas e da biblioteca.

passo pela porta da biblioteca, surpreendentemente com uma luz acesa. A essa hora, as luzes não deveriam estar ligadas. Decido me aproximar e acabo esbarrando na porta, que se abre facilmente, não estava trancada ou bloqueada, apenas encostada.

Fico parado por cerca de cinco minutos, com a cabeça baixa, olhando para o carpete marrom. Começo a ouvir cochichos, então levanto a cabeça. "O que é um peido para quem está cagado?", penso. Decido espiar.

Entro devagar, meio arrependido, mas continuo. "Impressionante", penso. "A burrice é impressionante!"

Avanço um pouco mais e escuto a conversa de forma mais nítida. Estou atrás de uma prateleira, então não consigo ver nada, apenas ouço.

- Não é assim, não pode continuar sendo assim. Não é justo comigo, com minha família. - uma voz feminina, nada aveludada, diz fervorosamente. Defendia sua tese, com certeza.

- Senhora Jones, eu sinto muito. Isso não me compete mais, é um assunto de família, não tenho nada a ver com isso. - Parecia a voz do reitor, tenho quase certeza de que é ele.

"Eu já deveria ter saído.", penso, mas não posso. Além da fofoca estar boa, foi o único momento em que não pensei em Joshua, e só percebo isso agora.

- Não, você tem a ver com isso sim! Me abusou quando eu era mais nova, envolveu-se em golpes contra minha família. Agora está velho, com mais de 60 anos, mas já foi jovem, incompetente e um idiota. - Ela realmente tem ódio no coração. Após uma leve pausa, continua. - Perdão, um idiota ainda é, mas já foi pior. A idade lhe fez bem, não em aparência, claro. Mas pelo menos o impediu de fazer mais merda ainda.

- Eu já errei, fui jovem e ingênuo...

- Não meta essa! Me poupe. - A mulher o interrompe.

É, com certeza é o reitor. A voz, os casos semelhantes. Há uns três períodos atrás, ele se envolveu em um escândalo de corrupção e assédio. Mas com dinheiro, tudo vai para debaixo do tapete.

Caramba, acabei derrubando um livro no chão. O barulho não foi estrondoso, mas foi notado.

- Trouxe alguém, velho maldito? Não aprende, né? - A mulher vem em minha direção, consigo sentir.

Saio correndo, sem pensar. Por pouco, acredito que não fui identificado, mas não olho para trás. Atravesso o prédio, chego ao dormitório e deito-me para finalmente dormir e esquecer isso, não é minha responsabilidade. Mas algumas horas depois...

O som estridente do meu celular interrompeu meu sono profundo, arrancando-me do mundo dos sonhos e lançando-me de volta à realidade. A tela do celular indicava 04:34 da madrugada. Quem poderia estar ligando a essa hora?

- Luccas, acorda! - a voz preocupada de Giovanna, minha colega de quarto, cortou o silêncio do quarto.

Com um suspiro, esfreguei os olhos e sentei-me na cama, ainda atordoado pelo sono. Giovanna parecia agitada, sua expressão carregada de preocupação. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela começou a falar rapidamente.

- Luccas, tem algo acontecendo lá embaixo. Policiais, pessoas chorando... Não sei o que está acontecendo, mas parece sério!

Um calafrio percorreu minha espinha enquanto eu tentava processar as palavras de Giovanna. O que poderia estar acontecendo naquela hora da madrugada? Com o coração acelerado, levantei-me da cama e segui Giovanna até a porta do nosso quarto.

O corredor estava agitado, com alunos saindo apressadamente de seus quartos e se dirigindo para o térreo. O som de vozes abafadas e passos apressados ecoava pelas paredes. Conforme descíamos as escadas, a agitação só aumentava.

Ao chegarmos ao térreo, deparei-me com uma cena caótica. Policiais circulavam pelo local, conversando em murmúrios enquanto tentavam controlar a situação. Alunos estavam reunidos em grupos, alguns chorando, outros murmurando entre si em tom preocupado.

Foi então que vi o que havia causado toda aquela comoção: o corpo do reitor, imóvel no chão do saguão, coberto, até o pescoço, por um lençol branco. " Qual o sentido de não cobrir o corpo todo? Queriam que víssemos?" Me questiono.
Um arrepio percorreu minha espinha enquanto eu tentava processar a cena diante de mim.

- O que aconteceu aqui? - perguntei a um dos policiais mais próximos, minha voz trêmula de ansiedade.

Ele me lançou um olhar sério antes de responder.

- Ainda estamos investigando, jovem. Parece que o diretor foi encontrado morto em seu escritório. Suspeitamos de assassinato.

Meu coração afundou no peito enquanto eu absorvia a gravidade da situação. O reitor morto? Assassinato? Minha mente começou a girar enquanto eu tentava entender o que estava acontecendo. E então, meus pensamentos se voltaram para a mulher da biblioteca. Seria ela a chave para desvendar esse mistério sombrio?

Caminhos opostos Onde histórias criam vida. Descubra agora