Capítulo 16: Prisão

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          Já estou na delegacia, e sim, mudei a fechadura. Não aguento a ideia de ver Joshua todos os dias de cueca box na minha casa, só em dias específicos.

- Vamos começar. - Uma delegada entrou no local e fechou a porta.

O lugar era grande, uma sala. Tinha uma janela enorme preta. Provavelmente tinha alguém atrás ouvindo. Uma mesa, e de um lado a delegada, do outro, eu.

- Mudaram o rumo da investigação? - Questionei.

- Não, mas eu pedi para acompanhar de perto esse caso. E houve um homicídio aqui perto. Precisamos ver se não tem ligação com... você. O delegado foi para lá e eu vim para cá. - Explicou.

É impressionante como delegadas são mais intimidadoras do que delegados. Mulheres têm esse dom;

- Eu não tinha nada a declarar, até ontem. - Digo respirando fundo.

- Então eram cúmplices, e quando ela tirou a culpa dela para jogar em você, decidiu se vingar? - É, essa delegada é muito intimidadora.

- Não, apenas preciso me defender. Não posso ser acusado injustamente e me calar. Não vim aqui para falar dela. Meu modo de defesa é diferente. Vim falar de mim. - Digo sério. Só quero acabar com isso.

- Ok, vamos começar então. O que estava fazendo horas antes na cena do crime?

- Eu estava espiando, sendo fofoqueiro. - A sinceridade e verdade são a única coisa que podem me salvar.

- Me conte do início. Por que estava lá?

- Estava sem sono, então resolvi dar uma volta.

- Por que necessariamente na biblioteca?

- Meu intuito não foi ir à biblioteca, eu queria pegar um ar, andar. Mas não queria andar pelo prédio em que estava, e também não queria andar pela rua. Optei pelo prédio da frente.

- A biblioteca fica no segundo andar, se só queria pegar um ar, por que foi até o segundo andar?

Essa mulher quer mesmo me arrancar uma confissão.

- Nesse prédio não tem nenhum dormitório e tem um hall pequeno no segundo andar. Eu pretendia sentar lá, abrir a janela e ficar em paz e sozinho. Já que não tinha dormitório lá, ninguém me perturbaria.

- Ainda não me respondeu. O que fazia na biblioteca.

- Sim, já lhe respondi. Mas serei mais detalhista. Ao passar pela biblioteca para ir ao hall, notei que a luz estava acesa, fui olhar mais de perto e acabei tropeçando, assim descobrindo que a porta estava aberta. Como já estava praticamente lá dentro, entrei. Até porque nunca havia visto a biblioteca aberta de madrugada, ainda mais com a luz acessa. Ao adentrar, ouvi vozes, cochichos, então cheguei mais perto para ouvir. Fui até a última prateleira e consegui ouvir alguma coisa.

- O que ouviu? - A delegada estava curiosa.

- Ouvi uma voz que parecia ser feminina, e a voz do reitor. Eu não havia percebido pólvora no local. A mulher estava alegando que ele devia algo para ela, que já havia abusado dela, e ele  dizia que era novo errou e reconhecia. Me empolguei com a fofoca e acabei derrubando um livro sem querer, puxando a atenção para mim.  Ao perceber que a mulher viria até mim, sai correndo em disparada para o dormitório. pode ver isso nas filmagens.

- Sim, vimos isso na imagem, mas quando você saiu, as câmeras foram cortadas. Inclusive a do andar do seu dormitório.

Sinceramente, sempre achei ridículo uma faculdade dividir dormitórios. A divisão é feita aleatoriamente, então há uma variedade de cursos. Eles perguntavam se queríamos ficar com menino ou menina, etc...

- Minha parte está feita. Contei tudo o que sabia, creio que terminamos.

- Sim, terminamos. - A delegada se levantou e fez um sinal direcionado ao vidro, e vários policiais entraram na sala, me algemando.

- O quê? Sério? ISSO É INJUSTO! É UM ERRO! - Eu gritava enquanto me carregavam.

Na cela, me disseram que eu era culpado, encontraram algo de pólvora nas minhas coisas. Não entendi direito, estava em choque. Puro choque.

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