Capítulo 18: Inocente, parte 2.

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De primeira, não gostaram muito. Até tentaram me enrolar, mas eu estava convicto de que isso daria certo, seria o certo, seria justo!

Depois de tanto insistir, chamaram a delegada. Pois é, não me deixaram sair da cela. Me tratam realmente como um assassino. Não os julgo. Mentira, julgo sim, rsrsrs.

A delegada vai até a cela e conto tudo para ela, do mesmo jeito que contei para vocês. Ela parou, me olhou, analisou e não disse nada. Levantou e se virou, andou até a porta e depois virou novamente, desta vez para mim.

- Não acredito. Para se julgar inocente e julgar outra pessoa culpada, terá de se esforçar mais. - virou e saiu.

Mas o meu plano não é fazer ela acreditar em mim de imediato. Meu plano é plantar a pulga atrás da orelha, e acho que consegui. Agora é só esperar. Você pode perguntar: 'Ué, mas você sabe que ficará detido até que a incriminem, e há até riscos de não a incriminarem.' Sim, gente, eu sei. E também sei que ficarei aqui até dar certo, mas há o risco de não dar certo e a delegada não ficar com uma pulga atrás da orelha, mas isso faz parte de planos, especialmente planos arriscados assim. É um tiro no escuro, e espero que seja certeiro.

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Pode parecer bobagem, mas tinha uma cela só para mim. Mas hoje de manhã chegou outro rapaz. Um rapaz bonito, por sinal. Atraente, para ser honesto. Malhado, moreno, corte de cabelo militar e rosto bonito. Eu realmente quero fazer coisas obscenas com ele.

Como estamos detidos e não realmente presos, estamos em outro compartimento. Então não temos outros presos dividindo a cela conosco. Aliás, só existe uma cela neste andar. A delegacia aqui é gigante.

Ah, acho que meu plano já está funcionando. A essa altura, eu deveria estar preso e não detido. Mas ainda estou detido, então a investigação não terminou.

- O que te trouxe aqui? - O bonitão finalmente disse algo, e confesso que me surpreendi. Estava pensando.

- Suspeita de assassinato, e você?

- Fui acusado de assédio e abuso sexual. Estou detido enquanto a investigação continua. - Sua voz carrega um cansaço enorme.

- E você fez? - Preciso saber com quem vou compartilhar a cela, né.

- O quê? Não! Eu sou bissexual, sei muito bem como respeitar alguém. Além disso, no incidente estava com um amigo meu. - Sua voz mudou.

"Amigo", duvido. Provavelmente estava ficando com algum rapaz. É bom saber que estou dividindo a cela com um bissexual bonitão e atraente. Não poderia ser melhor.

E não julguem o coitado, até porque, as pessoas LGBT, na maioria das vezes, são super respeitadoras, até porque não somos respeitados e não desejamos isso para ninguém. Mas isso funciona até certo ponto, porque se percebemos que alguém está flertando, podemos retribuir. Mas sem abuso, talvez com um pouquinho de flerte, nada demais, rsrs. Mas se a pessoa deixar claro que não está interessada, então é não.
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Não sei o horário exato, só sei que era de manhã, pois o primeiro guarda do primeiro turno apareceu junto dele, então creio que era de manhã. Já faz um tempo que escureceu; vejo isso pela janela do corredor. O lindão não disse mais nada durante o restante do dia, e não perguntei seu nome.

- Desculpe a falta de sutileza, mas não me lembro de ter perguntado seu nome mais cedo. - Digo calmamente. Não quero perguntar diretamente, então tento fazê-lo indiretamente.

- Jacob. Me chamo Jacob. - Seco. Sua voz é como a de alguém que prefere evitar outra pessoa.

- Eu me chamo Luccas. É um prazer te conhecer.

- Acho que seria um prazer se não estivéssemos dividindo uma cela, não acha? - Ele foi rude.

Uau, não esperava isso. Acho que preferia um beijo. Acho putaria me jogar nele, mas eu quero tanto, poxa.

- Eu sei que a circunstância e o momento são zero adequados, mas eu não posso deixar de dizer isso. Desde que entrou aqui, te admirei demais, você é lindo e gostoso. Gostoso demais. Quase me atirei em você. Mas como eu disse, as circunstâncias não são propícias. Além disso, não sei se é comprometido. E pra deixar claro, não acho que tenha cometido o que lhe acusaram.

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