Capítulo 14, parte 2.

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Agora não sei que horas são, nem o que pensar, muito menos dizer.

Estamos, eu e Giovanna na delegacia. Não ouvimos a polícia bater na porta, então ela arrombou. A vergonha foi imensa.

Comigo foi pior. "Flagrante"...... eu não fiz nada!

Eram muitos olhares, cochichos, gritos...... "Assassino" ou "Assassinos" foi o que mais ouvimos. Foi muito vergonhoso.

Isso não é justo!

- Algum de vocês tem algo a declarar? - O delegado perguntou, sério e ríspido.

- Vai adiantar? -Perguntei.

Para mim era nítido o erro que cometera. Como eu poderia ter matado o reitor? Mas, para eles, era nítido, nítido os assassinos.... eu e Giovanna.

-Talvez. Se confessarem, sim, possivelmente.

Para mim, aquilo era um jogo muito divertido para o delegado. E para ele era um jogo muito divertido para mim.

- Não vou confessar algo que não fiz. - Agora quem dizia era Giovanna, séria e fria com o olhar.

É, realmente parecia um jogo, era um jogo, entre o assassino e a polícia. Mais especificamente, com o delegado.

- A pólvora do dormitório de vocês bateu 100% com a da cena do crime, consequentemente ou alguém implantou, ou foi um de vocês. - O delegado começou; calmo, feroz, indelicado. Ele queria arrancar algo de nós, uma confissão. - Analisamos cautelosamente às imagens durante toda a investigação e, ao final, restou apenas uma conclusão. Foram ou um de vocês ou os dois. E é por isso que estão aqui. Para dizer se foi um ou os dois. 

-Foi ele. Eu o vi chegando nervoso e desesperado. Umas horas depois a polícia chegou e descobriram o assassinato. - A voz de Giovanna não era mais fria, agora era triste e sofrida.

- O que? Está falando sério, Giovanna? Como pode fazer isso comigo assim? - A indignação marcada em minha voz.

- Te desmascarar? Claro que posso. - Agora era irônica.

Ali eu tive uma certeza. Preciso me defender. Não posso ser injusto, mas preciso ser inteligente.

- Então por que não o fez antes? - Questionei, tentando equilibrar minha voz.

Senti que até o delegado esperava uma resposta dela.

- Eu não tinha certeza, mas agora juntei às peças. 1+1 é 2, delegado.

- Desse jeito não chegaremos em lugar algum. Senhor Luccas, vá para casa e volte amanhã para depor. Senhora Giovanna, fique e preste depoimento.

Me levantei, olhei para Giovanna e senti nojo. Me retirei. Sentia uma vontade imensa de chorar, mas não faria isso na frente de ninguém.

Cheguei no dormitório e ótimo, me barraram. Disseram que eu não poderia frequentar a tão prestigiada instituição. Impressionante.

Com as mãos, uma na frente e outra atrás, voltei para minha casinha alugada na favela. Confesso que não esperava ter que encarar a dura realidade tão cedo.

Cheguei, entrei e quase enfartei. Joshua estava em minha casa, no meu sofá, vendo TV, de cueca box branca. Sério, esse homem é impressionante, dessa vez, no sentido negativo. Ver aquilo me deu uma raiva. Joshua me olhou quando entrei, depois voltou seus olhos para a TV, o fdp nem ligou.

- Não vai me dar uma satisfação? - Eu estou exausto e com raiva demais para me estressar mais ainda.

- Não preciso, aqui é meu. - Desprezo total. Como eu disse, impressionante.

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