Capítulo 10: Suspeito

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Hoje é sábado. Já se passou um tempo desde o assassinato do reitor. Sim, assassinato. Encontraram pólvora no carpete, o que não necessariamente seria de um tiro. A polícia deduz que foi uma armadilha. Espalharam pólvora pelo local para dar a entender que teria sido um tiro, mas a morte ocorreu de dentro para fora e não ao contrário.

Ontem saiu o resultado da autopsia, e nela foi apontado cianeto. Mas o cianeto tem um cheiro, um gosto e uma cor muito específica. Não é como querosene, por exemplo. Querosene pode ser confundido com água, mas apenas na aparência. Mas depois de beber, já era. Agora, cianeto, impossível. A pior coisa que fizeram foi divulgar isso. Nessa faculdade, existem técnicos em TI, então já sabe, né? Vazaram a autopsia do reitor, e algo chamou a atenção. O tempo do ocorrido e a coloração do "cianeto" não batem. Ou o acontecimento deveria ter acabado de ocorrer, ou implantaram aquele cianeto ali, na hora. Isso desencadeou outra investigação. Então agora são duas dentro de uma. Enfim, uma loucura.

Agora, creio que vocês querem saber sobre Joshua, né? Até agora não aconteceu nada. Eu até vi ele, e ele me viu, mas não passou disso. Não ouve troca de olhares intensa, ou algo do tipo.

* Toc toc toc*

Alguém batia na porta, resolvi ir abrir. Ao abrir me surpreendo. São policiais, na favela.

"Oque fariam eles virem à minha casa?" Pensei.

- Sr. Lucas? - Perguntou um policial alto, moreno e atraente.

- Sim. O que houve? - Questionou, incerto.

- O senhor foi intimado a depor, como não respondeu, foi emitido um mandado para buscá-lo imediatamente. - Agora, um policial branco e atraente falava.

É incrível como os homens fardados ficam mais gostosos, não é?

- Ok, vou só trocar de roupa.

Troquei de roupa e saí com eles. Ao descer, olhei para trás e vi Joshua me encarando, com uma leve fúria no olhar. Não quero nem entender o que houve.

Chegando na delegacia, fui levado direto para lá e logo começaram as perguntas.

- O senhor estava lá na noite do crime? - Perguntou o delegado.

Primeiro, eu precisava descobrir o que eles sabiam. Precisava ser cauteloso, evitando qualquer tom de ironia para não correr o risco de desacato à autoridade, conforme previsto no código penal.

- Durante a semana eu moro lá, literalmente. - Respondi de forma indireta, mas não tão óbvia. Acho que consegui.

- Lá tudo é monitorado, tivemos acesso a todas as câmeras, todas, sem exceção. - Agora era provavelmente o assistente quem falava, ao lado do delegado.

O delegado aparentava ter mais de 40 anos, enquanto o provável assistente parecia ter entre 18 e 28. Detalhes específicos, eu sei.

Já dei mais um passo, só falta mais um. Preciso descobrir se eles tiveram acesso à câmera da biblioteca e por quanto tempo. Não faz sentido terem acesso o tempo todo, senão eu não estaria aqui.

- Até você sair. - O delegado, percebendo meu silêncio, decidiu quebrá-lo. - As câmeras estiveram funcionando até você sair da biblioteca. Após isso, o sinal caiu.

- Olha, não fui eu. Eu vi que haviam achado pólvora, então provavelmente acreditam que eu possa não ter matado ele diretamente, mas ajudado. Até aí tudo bem, mas o sinal com certeza deve ter sido cortado antes e religado apenas na hora em que entrei. Aposto nisso. Com isso, poderia dar a impressão de que eu abandonei as câmeras para espalhar pólvora e não me importei se a câmera gravaria ou não, pois depois poderia apagar, mas, cara, eu sou do curso de direito. - Acho que exagerei um pouco, rsrs.

Ficamos em silêncio por uns segundos.

- Para quem não está envolvido, entendeu muita coisa. Não é, senhor Luccas. - O delegado largou os papéis e me olhou, sério. - Bom, por hoje é só. Fique de olho no seu e-mail, receberá atualizações por lá. Tenha uma boa  tarde.

Apenas assenti e voltei para casa, não aguentava mais, sério.

Ao chegar em casa, meu drama não acabou. A vida nunca é fácil, infelizmente. Adivinha quem estava na minha porta. Exatamente, Joshua.

- Quero conversar. - Ele estava sério, com um tom de voz calmo, sombrio e muito atraente. Novamente usando moletom.

- E eu não. - Respondi seco, abrindo a porta e entrando.

- Eu não perguntei, avisei. - Joshua entrou, seguindo-me.

Fiquei incrédulo. Só não o expulso porque, se fizer isso, quem vai para a rua sou eu.

Joshua tirou seu casaco de moletom, sem dizer uma palavra, apenas o tirou. Ele está atraente, mais sombrio e mais irresistível do que nunca. Pegou minha mão e me guiou até minha cama. Estranhei por um momento, mas logo entendi.

- Não sou um objeto sexual à disposição. - Disse, soltando-me dele e sentando na cama.

- Nunca fizemos sexo para você pensar assim. Mas a partir de hoje, pode cogitar essa possibilidade.

Incrível como ele sempre consegue ser um idiota.

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